'Saímos por questão de sobrevivência', diz ocupante do Odorico; PM serrou grades

Após saída de estudantes, viaturas fazem segurança do Odorico Tavares

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  • Eduardo Dias

Publicado em 22 de janeiro de 2020 às 08:53

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Acervo Pessoal

Após os cerca de 30 estudantes e ex-estudantes que ocupavam o Colégio Estadual Odorico Tavares, no Corredor da Vitória, deixarem o prédio na madrugada desta quarta-feira (22), depois de 10 horas de ocupação, a Polícia Militar segue realizando a segurança na entrada do local. Duas viaturas estão de prontidão na portaria principal da escola desde as primeiras horas da manhã desta quarta. 

Os ocupantes tinham entrado no prédio na tarde de terça-feira (21), protestando contra o fechamento da Odorico, anunciado pelo Governo do Estado em dezembro do ano passado, alegando que a demanda de estudantes na unidade não era suficiente para manter a estrutura.  

Alunos, simpatizantes e professores defendem que existe uma demanda, porém, a Secretaria de Educação do Estado tem, segundo eles, 'adotado uma política de esvaziamento da escola'. O grupo acusa o governo de agir pelo interesse do setor imobiliário.

De acordo com a vice-presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Débora Nepomuceno, 20 anos, que estava no local, a saída dos estudantes só foi possível depois que a Polícia Militar entrou no prédio pela portaria do Canela, com  três viaturas e com policiais em formação para invadirem o prédio. O Odorico tem uma segunda portaria no Corredor da Vitória. 

"Depois que a imprensa foi embora, eles entraram pela parte do Canela com três viaturas. Depois disso, ouvimos barulhos muito alto de serras. Eram eles serrando o portão para entrar. Nós saímos por uma questão de integridade física. Eles se perfilaram, fazendo formação para invadir e assim fizeram. Não houve truculência, foi tudo conversado, mas decidimos sair por conta de segurança mesmo. Eles receberam informações de que havia menores de idade e recuaram no uso da força. Depois que saímos, nos reunimos no Campo Grande e parabenizamos todos pela luta. A nossa luta continua. Vamos nos reunir para futuras decisões, vamos nos reunir e tentar dialogar com a secretaria de educação", contou.

"Os estudantes deixaram o colégio de forma pacífica, por volta de 1h30. Não houve uso de força policial", disse o governo do estado através da Secretaria de Comunicação Social. Questionado pelo CORREIO sobre o uso das serras, o governo ficou de emitir posicionamento. 

Ouça o relato da estudante:

Apoio "Várias escolas estão fechando. Acredito que o governo deveria manter as matriculas. Não se pode formar novos cidadãos sem uma educação digna. O colégio precisa voltar a funcionar. Não se pode impedir que as pessoas estudem. Sou do tempo que esse colégio tinha mais de 5 mil vagas todo ano, agora esta desse jeito, sucateado", afirmou o taxista Carlos Alberto Santos, 72 anos, que trablaha em frente ao colégio há 40 anos.   Moradora da Vitória, a professora estadual, Ana Lúcia Santos, contou ao CORREIO que durante a madrugada ouviu muitos gritos antes da saída dos estudantes ocupantes do colégio. Ela defende que tudo seja resolvido a base do diálogos torce para que a situação seja resolvida o quanto antes.  

"De casa dava para ouvir tudo. Uma coisa triste essa situação. Muita policia por aqui, o que não é comum. Os estudantes gritavam muito, não sei como ocorreu essa saída deles. Fiquei preocupada, afinal, eu sou professora e temo pelos alunos. Espero que estejam todos bem. Tomara que essa situação se resolva logo. Se for para fechar de vez, que contra outro do mesmo porte para receber os estudantes", disse.