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Da Redação
Publicado em 17 de maio de 2019 às 05:00
- Atualizado há um ano
Cada uma vê de um jeito essa relação que tem uma linha tênue entre contrato de trabalho e laço pessoal. Vamos pensar juntas, então: afinal, sala de aula também é lugar de maternar? Mariana Laly (professora de Ciências)
"Não somos mães. Somos professoras. O que isto representa, além do ofício de lecionar um dado conteúdo? Representa o 'cuidar do outro' presente no "olho no olho" durante uma aula, no reconhecer pelo nome um a um, no parar para ouvir algumas queixas e alegrias, no limite necessário (e requerido!) aos adolescentes, na brincadeira que confere leveza ao ofício, na defesa fervorosa de alguns - por vezes "indefensáveis" - nos conselhos de classe... Esse cuidar, alguns diriam, assemelha-se ao cuidar materno. Eu aproximaria ao de uma irmã mais velha, uma tia, talvez." Claudia Pessoa (professora de Língua Portuguesa)
"Ser professora no mundo pós-moderno já é, por si só, um grande desafio. As demandas geradas para o professor são muitas vezes hercúleas e para a mãe também. Logo, pensar a professora mãe é um desafio inimaginável. Somente quem exerce os dois papéis é capaz de compreender a rotina exaustiva vivenciada por todas nós. Inúmeras escolas para complementação de carga horária, finais de semana envolvidos em correções ou projetos escolares, reuniões diversas e o papel de mãe que não descola em nenhum momento do ser professora. Se o papel de mãe que muitas vezes exige que tenhamos tentáculos diversos, o de professora não é diferente. Atividades, avaliações, intervenções em sala, compartilhar das expectativas dos estudantes, os medos, os anseios, desejos e dar conta de tudo isso em um tempo que precisamos administrar com unhas e dentes". Genira de Araújo Góes (arte educadora)
"Durante a minha trajetória profissional, sempre fui combativa a respeito da questão: professora mãe/tia. Professor é profissão, a nossa formação nos dá o direito de mediar o conhecimento científico do aluno. Não nos diz respeito incorporar a função de mãe/tia. Estes, são laços afetivos. Desconstruir este equívoco é um desafio no dia a dia na sala de aula. Creio que esta ideologia - muitas vezes perversa - na nossa profissão tem o objetivo de nos oprimir através dos nossos salários e péssimas condições de trabalho, na tentativa de desvalorizar e desvirtuar a profissão". Marta Dias (arquiteta e educadora)
"Professora não é mãe. É, para a criança, o intermédio entre a família e o mundo, o que não quer dizer que não possa maternar. A interação, para que cumpra seu propósito, necessita de escuta, companheirismo, cumplicidade, confiança, acolhimento, estímulos, brincadeiras e limites claros, o que termina por colocá-la em posição de referência, promovendo segurança e criando fortes laços afetivos. É uma relação que envolve muito amor. O aprendizado, seja ele de ordem emocional ou de conteúdo, se constrói através do afeto e do respeito. E, assim como na relação entre a criança é a mãe, isso não pode faltar"