Salvador 472 anos: artistas visuais criam obras inspiradas na cidade

Juliana Pina e Fagner Bispo se inspiraram no povo e no sagrado

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  • Do Estúdio

Publicado em 24 de março de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

Nossa contagem regressiva para os 472 anos de Salvador segue com a terceira matéria da série “Janelas e Portas Abertas”, que o CORREIO criou para homenagear a primeira capital do Brasil, e que culmina, dia 29, com a edição especial de aniversário da cidade. A convite do jornal, os artistas visuais Juliana Pina e Fagner Bispo criaram obras que retratam o tema através de suas interpretações. Ambos buscaram inspirações nas pessoas que habitam Salvador e no sagrado.

JULIANA PINA Reconhecida por seu trabalho com colagem analógica, feita com fragmentos de fotos que ela mesmo tira e que também coleta em revistas e bancos de imagens gratuitas, Juliana escolheu para a obra em homenagem à Salvador uma figura de alguém “que está preparado e protegido pra enfrentar qualquer coisa, sobretudo com o peito aberto, respeitando e ajudando o outro”, explica. Obra de Juliana Pina, feita com a técnica de colagem analógica (Foto: Reprodução) “É assim que eu gostaria que estivéssemos todos... seguros e protegidos. Não vejo a hora de poder re-conhecer a cidade, de olhar para as pessoas na rua e ter certeza de que nosso povo e nosso território, sem dúvidas, é um dos mais potentes e ricos em capital humano criativo”, afirma a artista.

Para realizar a obra, Juliana, 25 anos, que se define como “artista, criativa e curiosa em eterna transformação”, usou como foto principal um registro feito pela e fotógrafa baiana Juh Almeida, que usou como modelo o designer soteropolitano Rafael Oliveira. “Ambos estão morando hoje em São Paulo e levando um pouco da arte baiana pra lá”, conta. 

Juliana é fascinada pelo processo de construção de narrativas através da colagem analógica, principalmente pelas milhares de possibilidades e jogos de encaixes. “Pra mim é sempre uma brincadeira que levo bem a sério! É uma técnica que trabalha não só as habilidades manuais e estéticas, mas também questões mais profundas e subjetivas, como o desapego, o olhar atento sobre os caminhos possíveis, as escolhas, os símbolos”, define.  

“Me encanta muito os encontros que consigo fazer deslocando imagens de seus contextos originais e criando outros. É um processo delicioso de aprofundar”, explica a artista, que para o trabalho do CORREIO buscou uma Salvador que a protege, orienta e fortifica.“Acredito que essa sensação de lugar sagrado é fácil de encontrar não só na cidade como um espaço físico, mas também na cultura, nos símbolos e rituais, nas pessoas, nas comidas, nas danças, no falar, nos modos da gente se relacionar. Cada uma dessas coisas tem um quê de sagrado, na minha perspectiva”

Juliana PinaAlém da colagem analógica, a produção de Juliana Pina se destaca também no muralismo e na ilustração. “Gosto de aprender fazendo, leonina criativa com ascendente em peixes distraídos”, diz sobre si a artista formada pelo Bacharelado Interdisciplinar de Artes (UFBA). Ela está concluindo a formação em Empreendedorismo (Escola Cafeína) enquanto busca “criar caminhos com a tesoura, abrir espaços com as cores e brincar de me furtar através das formas e dos encontros”. 

FAGNER BISPO “Nessa cidade todo mundo é d'Oxum / Homem, menino, menina, mulher / Toda essa gente irradia magia / Presente na água doce / Presente na água salgada / E toda cidade brilha”. Os primeiros versos de “É d'Oxum”, um dos clássicos da música baiana criado por Gerônimo, serviram de inspiração para o artista plástico Fagner Bispo criar sua homenagem à Salvador. Telas de Fagner Bispo em acrílica sobre tela e colagem (Foto: arquivo pessoal) Todos os personagens da obra são negros, usam amarelo e estão sobre um fundo azul e com aplicações de paetês sobre os olhos. “O azul simboliza o céu de Salvador, que tem uma luz diferente de qualquer outro lugar, e, também, o mar que para nós é como uma religião”, explica Fagner, que continua: “Somos a cidade com maior população negra no mundo fora da África, por isso trouxe personagens pretos. O amarelo faz uma referência à cor de Oxum, assim como os paetês, que remetem ao adereço usado pela orixá, representando nossa herança africana e, também, porque temos um brilho diferente”, brinca.“Não quis retratar pontos turísticos, lugares, porque eu acredito que são as pessoas que fazem Salvador. Elas estão sempre de portas e janelas abertas para tudo: receber os outros, celebrar a vida. Fiz uma homenagem ao povo”

Fagner BispoPara conceber as obras, Fagner Bispo, 38 anos, usou a técnica de acrílica sobre tela, a mais recorrente em seus trabalhos como artista plástico. Formando pela Escola de Belas Artes da Ufba, ele já participou de exposições coletivas e realizou duas mostras individuais. Sua atuação artística se divide com a de criador e produtor de moda.

Seu principal trabalho na área é o Afro Fashion Day, evento realizado todos os anos, desde 2015, pelo jornal CORREIO, no qual atua na edição dos looks, definindo o conceito de moda e beleza que vai para a passarela. No ano passado, por conta da pandemia, o desfile foi transformado em um fashion filme, que contou mais uma vez com a participação de Fagner.

O Aniversário de Salvador é uma realização do jornal Correio com o patrocínio da Wilson Sons, Jotagê e CF Refrigeração e o apoio da Sotero, Salvador Shopping, Salvador Norte Shopping, JVF e AJL.  

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