Salvador 472 anos: de todos os cantos, encantos e axé

Confira lista de lugares que não são cartões-postais mas são a cara da cidade

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  • Do Estúdio

Publicado em 20 de março de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

Faltam nove dias para a primeira capital do Brasil completar 472 anos. Nessa segunda matéria da série especial sobre a cidade que o CORREIO está preparando, perguntamos a quatro apaixonados pela metrópole qual é a Salvador do seu agrado. A letra de “Chame Gente” fala da Vitória, Lapinha e Caminho de Areia, na voz de Vinicius, gente no mundo todo quer saber como é passar a tarde em Itapuã sentindo o sol arder na pele e se perguntarmos a cada moradora ou morador da cidade, cada qual vai ter seu cartão postal de preferência, aquele canto que ama e que sempre leva alguém que gosta para conhecer.

Angeluci Figueiredo Nascida em Amargosa, Angeluci Figueiredo veio adolescente para Salvador continuar os estudos e se encantou. Aprendeu a andar pela cidade e a incorporar à sua rotina passeios por locais que não estão nos roteiros tradicionais. “Gosto do que não é convencional e de ir para regiões diferentes apreciar cada contorno. Salvador é um lugar de silhuetas, misteriosa, que muda de atmosfera a cada rua”, define a chef de cozinha e fotógrafa que alterna seus dias entre a cidade, onde mora, e a Ilha dos Frades, onde comanda o Restaurante Preta e a pousada Pretoca. Igreja da Lapinha (Foto: Angeluci Figueiredo) Mas se engana quem achou os destinos escolhidos por ela são à beira-mar. “Meus lugares preferidos são as igrejas da Lapinha e a de Escada. A primeira [conhecida por realizar a Festa de Reis, todo 6 de janeiro] parece uma mesquita. Você passa horas apreciando cada símbolo pintado em suas paredes e no teto”, diz Angeluci sobre a construção em estilo mourisco datada de 1771. Com seus redondos e paredes com arabescos, tem inscrições em árabe que dizem “Esta é a casa de Deus, esta é a porta do céu”. Capela de Nossa Senhora da Conceição de Escada (Foto: Angeluci Figueiredo) A capela de Nossa Senhora da Conceição de Escada, que fica no bairro de Escada e foi erguida provavelmente em 1536, não tem a riqueza dos desenhos da Igreja da Lapinha, mas tem uma vista única e impactante da Baía de Todos os Santos. Foi erguida numa colina no que era antigamente a aldeia indígena de Itacaranha. A construção é tombada como patrimônio histórico. “As pessoas têm preconceito com o subúrbio e deixam de aproveitar lugares especiais como esse”, ressalta Angeluci. Equipe Zambi (Foto: reprodução Instagram) Para bebericar sozinha ou com os amigos, a chef gosta de ir ao Zambi Bar, na Barra, conhecido pela coquetelaria autoral com DNA Baiano e sua comida de boteco, servidos em um enorme balcão. Tudo isso ideia do mixologista e bartender Junior Queiroz. “Ele faz coisas maravilhosas, especialmente drinques com ingredientes como noz moscada, pimenta. Gosto da caipirinha de coentro, minha preferida”, conta Angeluci.“Gosto do que não é convencional e de ir para regiões diferentes apreciar cada contorno. Salvador é um lugar de silhuetas, misteriosa, que muda de atmosfera a cada rua”_ Angeluci Figueiredo Angeluci Figueiredo Menelaw Sete O artista plástico Menelaw Sete escolheu dois lugares que fizeram parte de sua infância e que até hoje então no seu dia a dia. “São preciosidades. A cara de Salvador”, define. Um deles é a praia de Itacaranha, onde tem casa e mantém um dos seus ateliês. “O nome de origem indígena quer dizer ‘pedra caranha’. Caranha é um tipo de peixe muito importante para os índios Tupinambás, que habitavam a região. Eles escolhiam sua moradia pela riqueza natural do lugar”, explica. “Ainda hoje, após tantos séculos, podemos perceber essa riqueza em Itacaranha, presente de maneira tão relevante em sua praia. Acho a atmosfera de lá muito parecida com a do Sul da França. É um lugar único”, define.  Praia de Itacaranha (Foto: Menelaw Sete) A outra escolha de Menelaw Sete fica bem no meio do caminho entre seu outro ateliê, no Pelourinho, e sua casa, na Vitória: “O Largo Dois de Julho já traz em seu nome muito do que representa como bairro. É um lugar de liberdade, cosmopolita, receptivo e alegre como a cidade de Salvador”, define o artista. “Costumo dizer que é um oásis no Centro da capital baiana. É histórico, é boêmio, é poético.  Ele se adapta e se influência por outras culturas”. Padaria Bola Verde (Foto: reprodução Instagram) Menalaw destaca a gente do lugar como outro atrativo. “Em seu cotidiano, artistas, professores universitários, jornalistas, trabalhadores informais, famílias que moram há décadas na região: todos transitam, interagem e dialogam com harmonia”, acrescenta o criativo, frequentador assíduo das padarias, restaurantes, lanchonetes e mercadinho “com seus funcionários sempre gentis”. “A padaria Bola Verde é um grande exemplo, diariamente eu tomo café da manhã lá e, muitas vezes, encontro com amigos artistas”. Mesmo tendo conhecido o mundo, Menelaw Sete continua valorizando suas raízes (Foto: divulgação) Diego Viana e Paula Louzada A dupla de arquitetos divide a Floc.o Arquitetura Noética, o projeto Prédios de Salvador  e a paixão de sair por aí buscando novos lugares com arquitetura interessante. Um deles é o Mirante do Largo da Vitória, “um dos pontos da cidade que aprendemos a admirar de tanto passar por ele com os passeios guiados do Prédios de Salvador, antes d a pandemia”, explica Diego. “Você consegue observar a Baía de Todos os Santos e está estrategicamente próximo de diversos museus da cidade. Ao lado dele está um dos nossos edifícios favoritos, o Monsenhor Marques, de 1974, projetado pelo arquiteto japonês Yoshiakira Katsuki no estilo metabolista, com suas colunas em formato inusitado e cubinhos sobrepostos”, revela Paula. O Edifício Monsenhor Marques (Foto: Divulgação) Outra escolha deles é o Colabore, “um projeto muito especial, que fiz ainda no meu antigo escritório de arquitetura, a Urban. Um edifício público inserido no Parque da Cidade, onde pude propor a ressignificação 16 containers marítimos”, conta Diego Viana. Colabore (Foto: Divulgação) “Acredito que esse ato arquitetônico é uma oportunidade de transformar o que já existe em vez de produzir lixo proveniente de desperdícios de uma construção tradicional. Com esse projeto pude me especializar na construção modular”, reforça. A dupla foi selecionada com essa obra e uma casa para estar na 1ª edição do Guia IAB para a Agenda 2030, seguindo os princípios de modulação e sustentabilidade do novo escritório deles. O cookie de chocolate da ahorita (Foto: reprodução Instagram)  Para fechar o roteiro, elegeram um lugar que une afetividade e sabor. “A gente já conhecia a Maria eme bê e o Davi Caramelo antes de existir a ahorita em uma época que a Maria fazia fornadas semanais entregues em domicílio de pães e biscoitos. Quando vimos que eles tinham lançado a ahorita, fomos atrás e não decepciona. Parece que você entrou em um jardim secreto no meio do Rio Vermelho e não tem mais barulho de carro ou poluição, só pães e biscoitos, coisinhas deliciosas, uma calmaria sem fim e um local muito aconchegante. Pegue um cookie de chocolate, você não vai se arrepender. Ou melhor, pegue dois”, dá a dica Paula Louzada. Paula Louzada e Diego Viana (Foto: divulgação) O Aniversário de Salvador é uma realização do jornal CORREIO com o patrocínio da Wilson Sons e o apoio da Sotero, Salvador Shopping, Salvador Norte Shopping e JVF.

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