Salvador ganhará escolas de tempo integral com foco em tecnologia

Projeto terá como parceiro o Google, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo

  • Foto do(a) author(a) Thais Borges
  • Thais Borges

Publicado em 20 de maio de 2016 às 05:35

- Atualizado há um ano

A prefeitura de Salvador anuncia na próxima segunda-feira os detalhes de um projeto inovador, na área de educação, que terá como parceiro o Google, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. O projeto, que será contemplado dentro do futuro  modelo de educação integral da rede municipal de ensino, será implementado, inicialmente, em duas unidades  — uma no Subúrbio e outra na Boca do Rio, em espaços ainda a ser divulgados. “Nosso programa de educação integral vai ser lançado na próxima segunda-feira e, em seguida, eu e o secretário Guilherme (Bellintani, da Educação), vamos para os Estados Unidos fechar uma parceria que vai ser a primeira plataforma unificada de educação integral do Brasil”, revelou o prefeito ACM Neto. Alunos do Cmei Tereza Helena Mata Pires, na Boa Vista do Lobato. Unidade reconstruída foi entregue ontem(Foto: Marina Silva/CORREIO)O anúncio foi feito ontem, durante a solenidade de inauguração simbólica de 50 novas escolas municipais em Salvador. Segundo o CORREIO apurou, o prefeito e o secretário da Educação viajam para conhecer a sede do Google, no Vale do Silício, na Califórnia, onde vão conhecer o Google Edu — braço da empresa na área de Educação. A visita vai durar uma semana. ModeloDe acordo com o secretário Guilherme Bellintani, o modelo também se inspira na premissa das escolas parque de Anísio Teixeira. Só que, em vez da escola parque, haverá uma escola central – chamada Escolab (“escola laboratório”). “Os alunos que estudam nas escolas do entorno vão para a escola central no outro nível. Dentro da Escolab, o aluno tem uma pedagogia completamente diferente do que ele tinha no seu turno de origem, mas totalmente integrada a essa”, comentou Bellintani.Assim, por exemplo, se o aluno estiver aprendendo operações como adição e subtração no turno “normal”, quando chegar à Escolab, pode fazer jogos matemáticos relacionados ao conteúdo da manhã. Outras possibilidades incluem o uso de uma impressora 3D para tornar realidade projetos dos próprios alunos. InvestimentoSegundo a prefeitura, o investimento previsto para a primeira etapa  do projeto será de cerca de R$ 1,6 milhão por ano, bancado pelos cofres municipais, e envolverá cerca de dois mil alunos do ensino fundamental. “O Google é um parceiro desse programa. Ele já aplica esse programa em várias escolas e a gente está trazendo isso para cá, adequando a nossa realidade. É um projeto com a chancela do Google, mas com a profunda análise da nossa equipe”, afirmou Bellitani.LaboratórioO CORREIO apurou que a parceria é com o SmartLab — um projeto que é parceiro do Google e é ligado ao grupo educacional Santillana. Procurados, os representantes do projeto, que foi lançado em março, não se manifestaram quanto à existência de uma parceria com a prefeitura de Salvador. Contudo, um dos idealizadores do SmartLab, Robson Lisboa, explicou que o Smartlab trata-se de uma plataforma que integra várias outras plataformas de conteúdo.“A gente juntou Matemática, Português, Ciência, Inglês, Cidadania Digital, Robótica, Programação, Empreendedorismo e fez um modelo à la Netflix. A nossa plataforma tem uma transformação do espaço físico e digital da escola. Por isso, a gente contratou um arquiteto que transforma a escola”, explicou. Ainda segundo Lisboa, ao profissional foi dada uma missão: pegar a lógica inovadora do escritório do Google dentro da escola de uma forma acessível para a escola. “O objetivo é tornar a escola irresistível para o aluno amar estar na escola”, contou o representante. O SmartLab já está em outras cidades brasileiras, a exemplo de São Paulo, Florianópolis e Brasília.

Prefeitura entrega novas escolas reformadas ou reconstruídasO prefeito ACM Neto entregou ontem mais uma escola construída do zero: trata-se do Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Tereza Helena Mata Pires, em Boa Vista do Lobato. Além dela, representantes das outras 49 instituições receberam as placas de inauguração.

Segundo o prefeito, no próximo dia 30, serão inaugurados, simultaneamente, outros 11 Cmeis. “É um recorde histórico. De uma vez só inauguramos 50 escolas e estamos completando 168 unidades reformadas ou construídas pela prefeitura celebrando numa dessas, que estava caindo aos pedaços e que agora nada deixa a desejar. Esse é o padrão que a gente quer imprimir para as escolas de Salvador”, disse.Vice-prefeita, prefeito e secretário com alunos do ensino fundamental(Foto: Marina Silva/CORREIO)No caso do Cmei Tereza Helena Mata Pires, que ficou fechado por quase quatro anos, o investimento foi de R$ 2,4 milhões. A professora Rhovena Brandão, do Grupo 4, nem chegou a conhecer o prédio antigo  — que foi demolido depois de ser condenado pela Defesa Civil (Codesal) devido a um problema no solo. Trabalhando há três anos na unidade, ela lembra bem da escola em que passaram o “intervalo”: uma casa alugada, improvisada, no Alto do Cabrito.

“Era uma casa com quartos. Eu era privilegiada, porque tinha a sala e alguns ambientes que usava para que os alunos pudessem dormir, por exemplo”, contou ela, que é professora de 24 alunos, incluindo Maiara, 4. “Eu gostava da outra escola, mas era menor. Essa é boa porque tem parque”, elogiou a pequena.

Segundo a diretora, Cátia Pina, o novo Cmei dobrou de capacidade  — agora, atende a 128 crianças, de até 5 anos. “Antes, só tinha três salas. Agora, são seis e tem biblioteca, brinquedoteca, refeitório, banheiros para portadores de necessidades especiais”. Para Cátia, agora só falta a climatização das salas e uma cobertura para o parque, para dias de muito sol ou de chuva.

Mãe das gêmeas Noemi e Liandra, 2 anos, ambas no Grupo 2, Lisandra da Cruz, 23, diz que fica tranquila quando as duas estão ali. “É uma estrutura boa. Elas já acordam dizendo ‘mãe, vamos pra creche’. Aqui, elas estão em boas mãos e eu confio totalmente”.