Salvador não tem previsão para reabertura de shoppings; prefeitura de Feira autoriza

Salvador e Feira estão em primeiro e terceiro lugar, respectivamente, em maior número de casos de covid-19 na Bahia

Publicado em 23 de junho de 2020 às 05:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arquivo CORREIO

Quem está com saudade de olhar umas vitrines ou bater perna nos shoppings de Salvador terá que segurar a ansiedade. Diante do cenário crítico provocado pela pandemia do novo coronavírus, não há previsão alguma de quando os centros comerciais voltarão a abrir as portas em Salvador. De acordo com a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), só na capital baiana já são 23.639 infectados e 919 mortos pela covid-19.

Na semana passada, o prefeito ACM Neto (DEM) prorrogou até 30 de junho as medidas de combate à pandemia, que determinaram o fechamento de shoppings, comércio de rua e outras atividades.

O coordenador regional da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce-BA), Edson Piaggio, confirmou que, mesmo sem data prevista de reabertura em Salvador, os shoppings já estão preparando um protocolo de segurança que está sendo debatido com a equipe técnica da prefeitura.

Segundo ele, o protocolo é endossado pelo Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo. “A Abrasce se reuniu com eles para saber qual a maneira segura de reabrir, quais medidas devem ser adotadas. A decisão de quando o shopping vai reabrir é do prefeito, mas nós temos que estar preparados para quando ele determinar a data de abertura. Claro, o prefeito levará em consideração o aspecto e capacidade do sistema de saúde da cidade para decidir quando reabrirá. A nós, cabe estarmos preparados para quando isso for anunciado”, disse o coordenador.O protocolo tem, até agora, 23 itens de segurança, entre eles: abertura em horários que não sobrecarreguem o transporte público; testes em todos os funcionários do centro comercial, inclusive terceirizados; medição de temperatura de todos os clientes com impedimento de entrada de pessoas com temperatura elevada; estabelecer lotação máxima para todas as lojas; manter distanciamento entre os clientes, com demarcação no piso; disponibilizar álcool gel na entrada dos shoppings e na entrada de todas as lojas; não realizar promoções ou eventos que provoquem aglomerações.

Segundo Piaggio, o país tem 448 grandes shoppings centers. Em Salvador, existem pelo menos 11 grandes centros comerciais, que geram 30 mil empregos diretos, conforme dados da Abrasce. No anúncio da prorrogação dos decretos de restrições, o prefeito ACM Neto justificou que as medidas visam ampliar o isolamento social e aliviar a pressão sobre o sistema de saúde.

Os bares, restaurantes e outros estabelecimentos vão ter que esperar um pouco mais para voltarem a funcionar normalmente. Em entrevista na manhã deste sábado (13), quando Salvador completa três meses de restrições por conta da pandemia do novo coronavírus, o prefeito de Salvador, ACM Neto, explicou que já tem um protocolo preparado para o retorno desses setores, mas a liberação vai depender da redução dos casos de coronavírus na capital baiana. No último dia 13 de junho, conforme informação do prefeito, Salvador estava com 81% de ocupação dos leitos de UTI."Nós temos um protocolo bem definido em relação ao funcionamento de shopping, bares e comercio de rua, mas sem data pré-estabelecida. Não há nada previsto. Essa decisão só será tomada com base em muita segurança. Outras cidades brasileiras abriram o comercio e precisaram voltar atrás. A nossa perspectiva é de reduzir essa taxa de ocupação, mas enquanto estiver em 81% a taxa de UTI, não tem como voltar, não sou irresponsável. Ninguém mais do que eu deseja o retorno, mas só acontecerá quando houver segurança", explicou ACM Neto.Reabertura em Feira de Santana: MP-BA pediu explicação Em Feira de Santana, o shopping Boulevard Feira, com 122 lojas, reabriu na última quinta-feira, 18 de junho. O centro comercial também preparou um protocolo que teve como base uma consultoria com o Sírio-Libanês.

No mesmo dia da reabertura do shopping de Feira, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) solicitou explicações do prefeito Colbert Martins (MDB) para que a administração municipal de Feira de Santana apresentasse informações técnicas que justificassem a flexibilização da restrição de funcionamento do comércio local. 

O MP-BA pediu que a prefeitura apresente a taxa semanal de aumento de casos nos últimos 30 dias, além da taxa semanal de óbitos por covid-19 no mesmo período, entre outros dados, como índice de isolamento social na cidade. De acordo com a gestão, as informações já foram encaminhadas ao órgão.

Feira de Santana soma, ao todo, 1416 casos confirmados, dos quais 740 ainda estão ativos e 37 morreram, segundo dados do boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) desta segunda. Salvador acumula 23.639 casos, dos quais 9.982 ainda estão com o vírus ativo e 919 pessoas morreram.

Ainda de acordo com o boletim, Feira ficou entre os 50 municípios baianos com crescimento maior do que 6% nas últimas 24h. A cidade é a terceira com mais casos no estado, atrás de Salvador e Itabuna. Em Feira, o isolamento social está mais baixo do que em Salvador, sendo 46% contra quase 53% na capital, conforme dados do app In Loco.

Em resposta nesta segunda-feira (22), o MP-BA recomentou que a prefeitura promova medidas sanitárias para evitar situações que permitam a proliferação da covid-19 durante as datas comemorativas de São João e São Pedro na cidade. A recomendação foi encaminhada pelo promotor de Justiça Audo da Silva Rodrigues à Secretaria Municipal de Saúde. Segundo o promotor, os últimos boletins epidemiológicos têm mostrado “avanço de casos e de óbitos por Covid-19 em Feira de Santana”.

Também nesta segunda-feira (22), o prefeito de Feira de Santana prorrogou até dia 29 de junho a autorização para reabertura de parte do comércio de rua de forma escalonada. Segundo o gestor, todas as decisões têm sido tomadas com base na ciência e em dados. Para ele, a cidade teve uma retomada consciente do funcionamento do comércio.

Agora, os estabelecimentos comerciais com até 200 m² poderão abrir entre às 9h e 16h, mas em dias específicos a depender do setor. Nas segundas, quartas e sextas-feiras, estão autorizadas a funcionar, por exemplo: óticas, locadoras, concessionárias, lojas de conveniência, floristas e outros. Nas terças, quintas e sábados, funcionam: material de construção, barbeira, salão de beleza e outros.

Aos domingos, haverá a suspensão de todas as atividades, com exceção de serviços essenciais, como farmácia e supermercado, que não tem restrição para o funcionamento. No caso dos shoppings, poderão abrir de segunda a sexta até o dia 29 de junho, mas entre 12h e 19h. Permanecerão fechadas, entretanto, as praças de alimentação. O Centro de Abastecimento ficará aberto entre 4h e 14h, já as galerias, MAP e Galpão Arte das 9h às 16h.

Moradora da cidade, a estudante de Relações Internacionais Brenda Borges acha ‘irresponsável’ o ato.“As pessoas são irresponsável de qualquer jeito, mas a decisão do prefeito é ainda mais irresponsável porque não ajuda as pessoas a ficarem em casa. Os leitos de Feira estão muito ocupados, não tem sentido. Nos últimos dias, perdi uma pessoa da família para a covid-19. Eu esperava que ele forçasse as pessoas a ficarem em casa, mas ele está forçando a trabalhar, a pegar transporte. É válida a questão econômica, mas nessas condições não dá, é uma decisão incorreta”, defende.