Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

Salvador resiliente: conheça as iniciativas da cidade para se adaptar às dificuldades

Evento aconteceu no Espaço Colabore, no Parque da Cidade, nesta quinta-feira (25)

  • Foto do(a) author(a) Thais Borges
  • Thais Borges

Publicado em 25 de julho de 2019 às 16:12

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Evandro Veiga/CORREIO

Em dois anos, Salvador cresceu dez posições entre as cidades que mais têm startups no Brasil: de 2017 para 2019, saiu do 18º lugar para o 8º, com 198 empresas do tipo. Além disso, mais de sete mil pessoas já foram impactadas, de alguma forma, por eventos de inovação na cidade. O próprio Hub Salvador, no Comércio, já alcançou 80% de sua capacidade de operação e capacitação. 

Mas, agora, os passos devem ser ainda maiores. No caminho para se tornar cada vez mais resiliente – ou seja, capaz de se adaptar e continuar se desenvolvendo mesmo após eventos catastróficos –, Salvador mira projetos que vão desde o lançamento de editais de inovação social até a informatização dos prontuários de saúde. 

Foi nesse contexto que a cidade recebeu o terceiro Seminário Salvador Inovadora, que, dessa vez, teve o tema Inovação para uma Cidade Resiliente. O evento, promovido pela prefeitura, aconteceu no Espaço Colabore, no Parque da Cidade, nesta quinta-feira (25). “Nossa gestão vem investindo cada vez mais em inovação, tecnologia e empreendedorismo, tentando conciliar tudo isso criando ambientes novos de trabalho, produtividade e desenvolvimento das ideias e da criatividade da nossa população”, afirmou o prefeito ACM Neto, pouco antes do início do seminário. Para o prefeito, o evento contribui com esse objetivo. “Sem dúvida, essa é mais uma atividade que colabora para fazer com que Salvador se torne um ambiente competitivo na área de tecnologia”, completou. 

O objetivo do seminário era justamente impulsionar uma agenda de inovação social, tecnológica e econômica. O evento faz parte do eixo Cidade Sustentável do programa Salvador 360 e contou com workshops, painéis, oficinas, experiências e uma competição de startups. A terceira edição do seminário aconteceu no espaço Colabore, no Parque da Cidade (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Desenvolvimento Segundo o titular da Secretaria Municipal de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência (Secis), André Fraga, a inovação, na administração municipal, vem por três instrumentos de planejamento: o planejamento estratégico; o Salvador 360, que busca ativar a economia da cidade; e a Salvador Resiliente. Hoje, já existem 20 empresas sendo aceleradas em editais municipais com o Senai Cimatec, além de soluções pensadas também em parceria com o Sebrae. “Isso é extremamente inovador. Nenhuma cidade do Brasil faz esse modelo de edital como a gente, que oferece recursos financeiros para as empresas serem aceleradas”, disse André Fraga. A aceleração é um processo de investimento e apoio para o desenvolvimento rápido de startups. 

Para o secretário, o próprio espaço Colabore tem uma perspectiva de incentivar e estimular inovações para combater a desigualdade ao mesmo tempo que se conectam com algum objetivo sustentável. “A gente tem 20 startups sendo aceleradas, o capital de inovação e outras iniciativas sendo colocadas para se desenvolver. Sempre que a gente faz um edital, a gente demanda que as pessoas se conectem com esse objetivo”. 

Até o fim de agosto, a Secis deve lançar editais para empreendedores em parceria com o Parque Social. Com duração de até seis meses, os editais devem contemplar negócios sustentáveis que possam também atender aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Organizações das Nações Unidas (ONU), que são metas globais que devem ser atingidas até 2030. 

A presidente de honra do Parque Social, Rosário Magalhães, destacou a importância da colaboração da instituição para a cidade.“Salvador vem investindo de forma massiva em ações de impacto na vida da população e nós que atuamos com empreendedorismo social achamos que é o caminho mais justo, mais eficiente e mais inovador, justamente para promover a igualdade social”, pontuou a presidente de honra do Parque Social, Rosário Magalhães. Economia Para o prefeito ACM Neto, o maior drama social de Salvador ainda é sua base econômica frágil. Por muito tempo, acredita, a matriz econômica da cidade não se diversificou. “Por isso, queremos fomentar as iniciativas econômicas da Salvador 360, a exemplo do (espaço) Colabore”, afirmou. 

Ele destacou que, em pouco tempo, a prefeitura já conseguiu resultados concretos com as ações implementadas. Uma delas é o Cittamobi, aplicativo que mostra como o transporte público está em tempo real. Na avaliação dele, o software é ‘pioneiro’ no país. “Ele é utilizado por pouco mais de um milhão de pessoas. Desde 2015, começamos a sua implementação para facilitar a interação do cidadão com o transporte público”. 

Até o fim do ano, de acordo com o prefeito, toda a rede de saúde do estado terá prontuários eletrônicos.  A estimativa da prefeitura é, com isso, aumentar em até 40% o número de atendimentos nas unidades municipais de saúde. “Todo o histórico vai estar sob o acompanhamento do prontuário eletrônico e vamos ter uma visão completa sobre a vida daquele paciente, com muito mais capacidade para decidir a forma correta de tratá-lo”. 

No ano que vem, além do Hub de tecnologia, a previsão é de que já esteja funcionando o polo de economia criativa. Até o fim do ano, também deve ser lançado o sistema de licenciamento informatizado – hoje, todo o licenciamento municipal de baixa e média complexidade já ocorre à distância, sendo que boa parte das demandas são atendidas em até 48 horas. 

“Não vai precisar de papel, não vai tratar com ninguém da prefeitura, nem se dirigir a nenhum órgão público. Tudo será manipulado à distância”, afirmou o prefeito. Segundo ele, essa iniciativa deve fazer com que a cidade se torne mais competitiva e atraia investidores.

Para o superintendente do Sebrae na Bahia, Jorge Khoury, o esforço da prefeitura e de entidades como o Sebrae pode ajudar o desenvolvimento sustentável da cidade.“Logicamente que as grandes empresas e interlocutores têm mais facilidade de acesso a essas informações. Mas cabe a nós, as instituições e o poder público, estarmos juntos para que esse nível de conhecimento chegue a todos, que todos possam ter o mesmo grau de direito ao espaço”, destacou Koury. Desigualdade social Um dos destaques da programação foi o painel Cidade Resiliente: Inovação para Combate à Desigualdade, que contou com a empreendedora e comunicadora Monique Evelle, a gestora ambiental Telma Rocha e a especialista em investimentos Patrícia Nader.

Em sua apresentação, Monique trouxe aspectos da situação dos empreendedores negros. O rendimento médio dos empreendedores negros, por exemplo, é de R$ 1039. Os negros também são os que mais têm créditos negados em bancos, por exemplo - chega a ser três vezes mais do que entre os brancos.  "A gente sabe quem vai passar nos editais. A gente sabe quem sabe inscrever editais. Quem está ocupando esses lugares?", questionou.  Monique participou do primeiro painel, sobre a inovação para o combate da desigualdade (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Monique citou, inclusive, iniciativas de empreendedores negros e da periferia que podem ser destacadas pelo plano de resiliência municipal. Para o pilar da cultura, que tem o objetivo de fortalecer a diversidade cultural soteropolitana, por exemplo, sugeriu iniciativas como a Batekoo. 

Criada em 2014, como uma festa em Salvador, a Batekoo é considerada por muitos, hoje, a maior plataforma de cultura urbana de jovens negros LGBTQ+. Em outro ponto, em que o plano fala sobre impactar 200 mil crianças, adolescentes e adultos através da leitura, ela sugeriu o projeto Livres Livros, de Raíssa Martins, que propõe troca e doação de livros. "Tem gente para tudo em Salvador", afirmou. "Vão mandar vocês fazerem fórmula mágica. Canva, mapa de empatia, um monte de ferramentas. Mas inovação é fazer funcionar".Já Patrícia Nader trouxe conceitos como o investimento de impacto. "A desigualdade de que 1% da população detém a mesma riqueza que os 99% restantes é gritante", disse.  Patrícia falou sobre investimento de impacto (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Foi nesse contexto que, em 2009, surgiu o termo investimento social. "Não é filantropia, mas empresas que têm função de impacto social e ambiental. É a gente achar o meio do caminho"

Oficinas Entre as oficinas, também havia uma programação exclusivamente para mulher, com um workshop com as primeiras noções de programação. “Essa iniciativa é do coletivo Meninas Digitais e das Rails Girls. A ideia é que elas possam conhecer e saber se elas gostam da área. A computação é uma área transversal”, afirmou a coordenadora do Meninas Digitais, Juliana Oliveira. 

Fundado há três anos, o grupo tem o objetivo de promover a inserção de mulheres na área de tecnologia, além de dar visibilidade aos problemas relacionados ao gênero e à área de Tecnologia da Informação.

A engenheira de produção Samara Cardoso, 36, foi uma das participantes. “Decidi fazer pelo futuro mesmo, porque se a gente não dominar a tecnologia, acaba sendo dominada por ela. Acho essa iniciativa bacana, porque a mulher não tem muita oportunidade nem espaço nesse mercado da tecnologia”, diz.