Salvador tem dezembro mais chuvoso dos últimos 32 anos

Capital fechou ano de 2021 sem mortes em áreas de risco

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  • Da Redação

Publicado em 1 de janeiro de 2022 às 19:19

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arquivo CORREIO

O mês de dezembro de 2021 bateu recordes nos acumulados de chuvas em Salvador quando comparado a períodos anteriores. Entre os dias 1º e 31, a estação pluviométrica de Ondina, usada como referência, registrou acumulados de chuvas de 371,6mm, superando seis vezes a Normal Climatológica do período, que é de 58,1 mm, sendo o mais chuvoso dos últimos 32 anos, segundo dados do Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil (Cemadec). Apesar disso, a capital encerrou o ano sem registrar vítimas fatais nas comunidades que vivem em áreas de risco graças às ações preventivas e de respostas realizadas pela Defesa Civil de Salvador (Codesal).

As Normais Climatológicas são médias de parâmetros meteorológicos computadas em um período de 30 anos consecutivos, obedecendo a critérios recomendados pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM). No caso de Salvador, este padrão é determinado por medições realizadas nos últimos 30 anos pelo pluviômetro de Ondina, então o único existente na cidade.

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Em se tratando de precipitações, 2021 ocupou o posto de terceiro ano mais chuvoso dos últimos 11 anos com 2.147,4mm de acumulados de chuvas, sendo superado por 2011 (2.169,4mm) e 2020 (2.297,1mm). Em função disso, entre 01 janeiro a 31 de dezembro de 2021, a Codesal realizou 10.105 vistorias, sendo as mais demandadas orientação técnica (2750), ameaça de desabamento (2187), ameaça de deslizamento (2113) e deslizamento de terra (672).

A participação articulada de todos os integrantes do Sistema Municipal de Proteção e Defesa Civil (SMPDC) responde pela prontidão na resposta às ocorrências de emergências em áreas de risco de deslizamento de terra e alagamentos

“Foi um ano desafiador, mas também exitoso nas operações da Defesa Civil de Salvador. Tivemos muitas demandas de vistorias, mas com o trabalho continuado e articulado com os demais órgãos e secretarias do SMPDC conseguimos o sucesso de nossa missão que é o de salvar vidas”, afirmou o diretor-geral da Codesal, Sosthenes Macêdo.

Ele acrescentou que “o prefeito Bruno Reis e a vice Ana Paula Matos não mediram esforços para prover os recursos necessários para levar segurança às comunidades que mais precisam”, desejando que “o ano que se inicia seja um ano ainda mais abençoado”.

Operação Chuva

A Operação Chuva 2021, realizada anualmente entre março a junho, período tradicionalmente o mais chuvoso em Salvador, se encerrou sem registro de ocorrências graves, atestando a eficácia das ações preventivas e emergenciais adotadas pela Prefeitura de Salvador para eliminar e minimizar os efeitos causados pelas precipitações na cidade.

Como política prioritária das administrações de ACM Neto e continuadas pelo prefeito Bruno Reis, nos últimos oito anos já foram destinados mais de R$220 milhões para proteção de áreas de risco, além dos aportes em tecnologia voltados à modernização da Codesal, que hoje conta com o moderno Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil (Cemadec), além pluviômetros, estações hidrológicas e sistemas de alerta e alarme.

O acumulado de chuvas em Salvador entre março a junho foi de 614,4mm, 37,17% inferior à normal climatológica do período que é de 977,9mm, segundo dados aferidos pela estação pluviométrica de Ondina, operada pelo Inmet, e pelo o Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil (Cemadec). Em 2020, a mesma estação registrou 1.540,5 mm, cerca de 58% acima da normal climatológica.

Entretanto, abril foi marcado por períodos de intensas chuvas que ultrapassaram em quase o dobro a normal climatológica para o mês (295,7mm), índice registrado na estação Base Naval de Aratu (533,2mm).

Ao longo do ano, a Defesa Civil de Salvador realizou ações de prevenção nas áreas de risco da capital baiana, como a realização de vistorias técnicas para avaliar o risco geológico ou construtivo, de forma a prevenir, proteger e preservar o bem-estar dos cidadãos. O processo se inicia por meio de solicitação pelo telefone 199.

Atendimento às comunidades

O setor de Atendimento à Comunidade em Áreas de Risco (Sacar) prestou assistência à população atingida por fenômenos adversos, realizando os encaminhamentos de demandas relativas às situações resultantes de alagamentos, deslizamentos de terra e desabamentos.

Ao longo do ano, foram feitos 2.400 cadastros de atendimento, que são encaminhados para a Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) para a análise dos pedidos de benefícios eventuais, a exemplo de auxílio-moradia ou auxílio-emergência.

Programas educativos

Buscando capacitar comunidades onde há maior risco, a Codesal tem promovido programas educativos, como o de formação de Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil (Nupdecs) e o Nupdec Mirim, que contemplam capacitação em defesa civil e percepção de risco para demandas emergenciais, de modo que os moradores saibam lidar com eventuais perigos decorrentes de fatores climatológicos. Devido às restrições impostas pela pandemia, foram realizadas 10 Nupdecs ao longo de 2021. 

Os investimentos em projetos preventivos, tecnológicos e as frequentes atividades educativas realizadas nas comunidades e escolas têm contribuído para a redução de ocorrências graves.

Geomantas

Entre as ações preventivas, está a aplicação de geomantas para evitar deslizamentos de terra em áreas de risco. A cidade já conta com 212 proteções desse tipo, sendo que outras estão em execução. A tecnologia é um eficaz sistema permeável, utilizada no revestimento de encostas e proteção do solo contra intempéries em áreas sujeitas à erosão e consequentes deslizamentos.  Monitoramento de risco

O acompanhamento de risco climático, realizado pelo Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil (Cemadec), está entre as inovações tecnológicas que vêm sendo empregadas nas políticas de redução de desastres. Há 71 pluviômetros automáticos em diferentes regiões da capital, 11 Sistemas de Alerta e Alarme em 10 áreas de risco, além de duas estações meteorológicas instaladas no Parque da Cidade e Monte Serrat, quatro estações hidrológicas no Retiro (Rio Camarajipe), Caminho das Árvores (Rio Camarajipe), Boca do Rio (Rio das Pedras/ Pituaçu) e Piatã (Rio Jaguaribe).

Somando-se aos esforços desenvolvidos, técnicos da Codesal, em parceria com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) instalara 15 Plataformas de Coleta de Dados Geotécnicos (PCD Geotécnica), compostas por pluviômetros e sensor de umidade em diferentes áreas da cidade. Com isso, amplia-se a precisão na emissão de alertas de risco de deslizamentos e antecipação das ações de prevenção dos impactos socioambientais.

Como parte da etapa de Alerta da Operação Chuva 2021, foi realizado o cadastro gratuito de qualquer cidadão que deseja receber informações e avisos meteorológicos. A ação terá continuidade, bastando que o interessado envie SMS para o número 40199, informando apenas o CEP.

Evacuação de áreas

Em abril, o mais chuvoso da Operação Chuva 2021, foram acionadas nove sirenes do Sistema de Alerta e Alarme em oito localidades. Em 09/04, foram acionadas sirenes em cinco localidades: Castelo Branco/Moscou, Alto da Terezinha/Mamede, Sete de Abril/Bosque Real, Calabetão e Bom Juá.  Já no dia 10/04, foram acionadas sirenes em três localidades: Lobato/Voluntários da Pátria, Capelinha/Vila Picasso e São Caetano/Baixa do Cacau.

As sirenes integram o Sistema de Alerta e Alarme da Codesal, que é acionado quando o acumulado de chuvas atinge 150mm em 72h, com o objetivo de alertar os moradores e evacuar famílias em função do risco de deslizamento de terra devido às fortes chuvas.

Naquele período, 155 pessoas foram evacuadas de suas casas e conduzidas a abrigos instalados em nove escolas municipais das regiões atingidas. 

Em dezembro, duas comunidades situadas em áreas de risco - Bosque Real (Sete de Abril) e Moscou (Castelo Branco) tiveram as sirenes acionadas pela Codesal, devido às chuvas terem ultrapassado o patamar de 150mm de acumulados en 72h, seguindo o protocolo de segurança considerado de alerta máximo.

As famílias nessas áreas foram evacuadas para o abrigamento com o auxílio de equipes da Defesa Civil de Salvador, da Secretaria de Promoção Social, Esporte e Combate à Pobreza (Sempre) e da Educação (Smed). No local, receberam assistência necessária até que a situação fosse considerada segura para que pudessem retornar para suas casas.

Como serviço essencial da Prefeitura de Salvador, a Defesa Civil, que tem como prioridade preservar vidas, mantém plantão 24 horas e atende as demandas da população pelo telefone gratuito 199.