Salvador Unida: professor dá aulas pelo Youtube para quem se prepara para o Enem

Após proibição de funcionamento das escolas, ele reativou canal abandonado para ajudar vestibulandos

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  • Hilza Cordeiro

Publicado em 21 de março de 2020 às 09:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: (Foto: Reprodução/YouTube)

Ao saber do anúncio de suspensão das aulas escolares por 30 dias no estado, devido ao surto de coronavírus, o professor de biologia André Carmo, o Deco, 30, viu que não dava para deixar os seus alunos pré-vestibulandos na mão. “Quando percebemos que a gente ia ter que enfrentar a quarentena, pensamos que teríamos um problema”, conta ele. Afinal, ficar um mês ou mais sem ir aos cursinhos e colégios pode provocar prejuízos no aprendizado de quem está se preparando para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Mas num instante a solução já tava dada. 

Há um ano, o professor criou o canal Deco Dicas, de videoaulas no Youtube, mas deixou o projeto de lado. Nesta quinta-feira (19), a plataforma foi reativada para dar aulas gratuitas e ao vivo para os estudantes isolados em casa. Gravados na própria casa, os conteúdos contam ainda com material de apoio em PDF disponibilizado via Google Drive e chat aberto para envio de perguntas. Daqui para o fim da reclusão prevista, a meta é fazer com que os alunos respondam mil questões da matéria. 

Para Deco, as aulas online são uma solução acessível e preparatória para a realidade do ensino no futuro. Ele considera que o momento é horrível, mas tende levar os educadores a ter uma nova experiência profissional. “Daqui a 10 anos, talvez antes, todas as escolas trabalharão com plataforma digital. A gente vai aprender através de uma situação muito triste, mas é uma oportunidade de professores e alunos pesquisarem as plataformas e começarem a se familiarizar com elas”, acredita.

Professor de colégios como o Anchieta, São Paulo, Portinari, Nossa Senhora da Luz e do cursinho Grandes Mestres, ele conta que a iniciativa foi independente das instituições e também já vem sendo feita por colegas seus. Somados os dois dias de aulas publicadas no Youtube, cerca de 500 alunos participaram. “O que eu tenho visto é que surgiram pessoas que não são meus alunos e isso é que é mais interessante. Estão vindo de outros lugares”, conta ele, que supõe que o fluxo tenha crescido através do compartilhamento do link entre os jovens. (Foto: Reproduçã/Enviada pelo professor) As lives têm sido feitas das 10h às 11h, horário em que normalmente o pessoal estaria estudando e começam com aula teórica seguida de resolução de atividades. Em geral, são enunciados de verdadeiro ou falso e Deco vai respondendo no quadro junto com a galera, tudo mesclado com humor, para quebrar o clima. No segundo vídeo, ao ver que 55 pessoas estavam online, ele brinca que está quase um “Jubilut”, em referência ao também professor de biologia Paulo Jubilut, que ficou famoso por suas videoaulas no Youtube, onde conta com mais de 1,8 milhões de inscritos.

“Quando nós fazemos isso pelos alunos, eles criam por nós professores uma gratidão porque há por trás da aprovação um sonho. Os meninos estão com medo de esse ser interrompido, adiado. Eles esperam quatro ou cinco anos para passar em Medicina, em uma infinidade de cursos nas universidades públicas e quem intermedia esses sonhos são os professores”, emociona-se. 

Deco também é mentor do Aulão Social, iniciativa gratuita que há quatro edições reúne professores de todas as áreas do conhecimento cobradas no Enem. 

Coronavírus

Em breve, Deco postará um vídeo de 15 minutos explicando vírus através do coronavírus. No conteúdo, ele pretende esclarecer por quais motivos se deve usar produtos como álcool em gel e sabonete para matar o novo inimigo mundial. Também haverá explicações sobre como diferenciar surto, epidemia e pandemia. “A situação é muito grave e a população ainda não entendeu. A população só vai começar a entender quando começar a perder seus entes queridos. Porque, no geral, nós temos dificuldade de mensurar o que não é visto e o vírus é um ser microscópico”, comenta.

Desde terça-feira em confinamento, Deco fez a feira de supermercado via aplicativo de compras e pediu para que os produtos fossem entregues em casa. O frete custou R$ 30. “Quando fui receber, fui de luva e mantive um distanciamento de 1,5 dos entregadores. Os caras olharam para mim com cara de susto, meio que pensando esse daí é doido, mas é tudo necessário”, brinca. 

 

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