Samuel Rodrigues, um dos principais artistas ferramenteiros da Bahia, morre aos 60 anos

Conhecido como 'O ferreiro do céu', Samuel morreu em Salvador, vítima de um câncer cerebral. Amizade com Pierre Verger lhe rendeu o nome do atelier que mantinha

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  • Da Redação

Publicado em 23 de abril de 2021 às 18:24

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/Dadá Jaques

Artista ferramenteiro do Candomblé da Bahia, Samuel Rodrigues, de 60 anos, morreu, na última quinta-feira (22), em Salvador. O artista foi vítima de câncer cerebral. Ele morreu no Centro de Saúde do bairro Sete de Abril. Samuel lutava contra a doença há três meses. O enterro aconteceu nesta sexta (23) no Cemitério Bosque da Paz.   Samuel, o Samuca como era conhecido pelos próximos, tinha também o apelido de “O ferreiro do céu”, que era o nome de seu ateliê, no bairro da Fazenda Grande do Retiro, em Salvador.   Um dos seus primeiros incentivadores foi o fotógrafo e etnólogo francês radicado na Bahia, Pierre Verger, que sugeriu o nome do ateliê de Samuel: “Alagbede Orun, o Ferreiro do Céu”, uma homenagem ao orixá Ogum, que utiliza armas de ferro. Verger pediu a Samuel que mesmo quando mudasse o endereço do ateliê, nunca trocasse o nome. Promessa cumprida pelo artista baiano.   Samuel Rodrigues nasceu em Salvador, no mesmo bairro onde ficava seu ateliê e onde morava, a Fazenda Grande do Retiro. Herdou a profissão com o pai, na oficina improvisada na garagem de casa. Brincando, já construía esculturas com os restos dos metais do local. Aos 14 anos, participou do Grupo Experimental de Arte da Fazenda Grande (GEAFG), que tinha sede na igreja do bairro.  'O ferreiro do céu', Samuca é considerado um dos principais artistas ferramenteiros do Candomblé, na Bahia (foto: Divulgação/Dadá Jaques) Aos 18 anos, participou do curso de artes do Colégio Severino Vieira, onde montou o grupo Terra Terror, de arte, dança folclórica e teatro. A aproximação de Samuel com a cultura e com a religião dos orixás foi instantânea e ele começou a desenvolver peças sacras ligadas aos encantados da natureza da religião tradicional africana.   As peças de Samuel Rodrigues, são sucesso não só nos principais terreiros do Brasil, mas também no exterior. Entre tantas obras, Samuel desenvolveu máscaras de ferro dedicadas ao panteão de orixás.