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Jorge Gauthier
Publicado em 16 de novembro de 2014 às 14:26
- Atualizado há 2 anos
No lugar de 40 carros estacionados entram 400 pessoas curtindo o clima urbano em áreas de convivência no asfalto. A maior metrópole do Brasil, São Paulo, está passando por um movimento de transformação através de projeto chamado parklets. Foi a primeira cidade da América Latina a instalar o projeto que teve início em São Francisco com objetivo de criar mini praças, de 10 x 2,2 metros, no lugar de duas vagas de estacionamento.Prefeitura de São Paulo instalou 10 parklets na capital paulista (Fotos: Divulgação)“Hoje já são 10 e até o final do ano teremos mais 20 Parklets em São Paulo. A receptividade tem sido muito boa. As pessoas estão usando esse espaço que era restrito para os carros”, disse Lincoln Paiva, consultor internacional de mobilidade urbana e desenvolvimento sustentável. “Os carros tiraram os espaços das pessoas. Quando se compra um carro não significa que você ganhou uma vaga de estacionamento na rua”, argumenta Lincon.>
Pesquisa realizada pela George Washington University, apresentada por Lincoln Paiva em sua palestra, indica que as melhores cidades para viver nos EUA são aquelas que tem maior índice de WalkUp – os chamados pontos caminháveis.>
Desenvolvimento>
Pesquisadores identificaram e estudaram 558 pontos nos EUA, sendo 66 em Nova York. Esses pontos são os locais de onde é possível fazer o deslocamento sem a necessidade de usar transporte público. Nessa área, de acordo com o levantamento, concentra 48% de tudo o que é produzido naquela região. “O urbanismo caminhável trabalha em sinergia com o desenvolvimento”, alerta o consultor. >
Mudando a cara das cidadesTrem é o transporte público mais usado em Freiburg, na Alemanha*Três mil km de transporte público. Em Freiburg, na Alemanha, 70% da população vive perto de estações de trem, que são o meio de transporte público mais usado para longas distâncias. Lá, não tem metrô. Mas bondes e ônibus com faixas exclusivas. Bilhete único permite utilizar trens e bondes por cerca de 3 mil quilômetros da cidade. “É muito comum que as pessoas sigam de bicicleta até uma estação e peguem o trem para ir trabalhar no centro da cidade”, afirma Steffen Ries>
*Ecobairro no lugar de região industrial. O bairro de Hammarby Sjöstad, em Estocolmo, era considerado uma área industrial degradada. A prefeitura decidiu recuperar a região e construiu às margens do lago Hammarby Sjö, modelo referência em sustentabilidade para o mundo. O ecobairro conta com uma rede de transporte público e gestão sustentável dos resíduos sólidos. Houve redução no consumo de água e energia. As águas do lago são próprias para banho e perfeitas para um mergulho. >
*Bicicletas por todos os lados. As ciclovias de Freiburg foram até alargadas para as bicicletas, de acordo com o especialista Steffen Ries. “Isso torna o trânsito mais lento para carros e faz com que as pessoas pensem em outras alternativas, como ir de bicicleta ou a pé. Outras ruas são exclusivas para bicicletas”, diz o alemão. A meta de Freiburg é aumentar ainda mais o espaço das bikes pelas ruas e diminuir o dos carros. O bairro de Vauban, com cinco mil habitantes, é uma referência nesse transporte>
*Túneis e pontes exclusivas para ciclistas. Na cidade em que há mais bicicletas do que carros, foi preciso investir na infraestrutura para esse modal, de acordo com o especialista alemão Steffen Ries. Para que a bike se torne o principal meio de transporte da região, novos investimentos estão sendo feitos. Novos túneis e pontes exclusivas para bicicletas serão construídos. “Em algumas pontes, passam 10 mil bicicletas todos os dias”, revela Steffen Ries, da Innovation Academy in Freiburg.>
*Áreas mais produtivas. Pesquisa realizada pela George Washington University revela que as melhores cidades para viver nos EUA são aquelas que têm maior índice de WalkUp. Especialistas identificaram e estudaram 558 chamados pontos caminháveis nos EUA – sendo 66 em Nova York. Esses pontos marcam as distâncias que são possíveis de serem percorridos sem o uso de transporte. As áreas caminháveis, segundo a pesquisa, são mais produtivas.Em Afuá, na ilha do Marajó (Pará), com proibição de carros, cidadãos circulam a pé ou bicicleta*Recuperação do solo e energia sustentável. Além de Hammarby Sjöstad, em Estocolmo, outra região industrial da Suécia virou ecobairro: Western Harbour, em Malmö. No Distrito Sustentável do Porto Oeste ou Bo01 projetaram modelo de desenvolvimento urbano-ambiental para a transformação do lugar. O primeiro passo foi recuperar o solo contaminado. Cerca de 600 moradias foram construídas, além da instalação de geradores eólicos e painéis para energia solar.>
*Mais conectados com sua cidade. Em Afuá, na ilha do Marajó, no Pará, foi proibido por lei ter carro e moto. Os moradores circulam a pé ou de bicicleta e ocupam todos os espaços: brincam até no aeroporto da cidade. Apesar de viverem em uma ilha, a seis horas de barco de Macapá, eles têm uma visão mais ampla de cidade, na avaliação de Lincoln Paiva. “Eles consideram como seu espaço o mundo. Nas grandes cidades, elegemos como nosso espaço apenas a nossa casa. Quem vive isolado?”, questiona.[[saiba_mais]]>