Sargento da PM é sequestrado por homens armados em Salvador

Ele foi algemado e colocado na mala de um carro no sábado (2)

  • Foto do(a) author(a) Bruno Wendel
  • Bruno Wendel

Publicado em 4 de outubro de 2021 às 12:45

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

Depois de 31 anos na Polícia Militar, o sargento reformado Dorgivaldo Félix dos Santos, 54 anos, erguia um sonho. Ele construía um restaurante, a poucos metros de casa, no bairro de Fazenda Cassange, quando foi surpreendido por quatro homens encapuzados que o sequestraram na tarde de sábado (2). Ele foi algemado e colocado na mala de um carro e, desde então, não foi visto mais. 

Segundo a família do PM, Dorgivaldo estava na companhia de dois amigos, um pedreiro e um ajudante de pedreiro, mas só ele foi levado. “Chegaram quatro homens dizendo: ‘Perdeu, perdeu. Quem é o policial?’. Ele não se identificou, não sei o porquê. Aí, o outro homem armado disse: ‘Todo mundo no chão, deita no chão’. Foi quando identificaram ele e o pegaram”, contou o filho caçula do policial, Rivaldo Félix, 18.

Em nota, a Polícia Civil informou que quatro homens armados levaram a vítima no porta-malas de um veículo da marca Nissan. Foram coletados depoimentos de testemunhas, e outras ações investigativas já estão sendo realizadas. Os detalhes do caso não podem ser informados, para não interferir no andamento das apurações.

De acordo com a família, o sequestro aconteceu por volta das 16h30, na Rua Pica-Pau. “Meu pai estava batendo uma laje, construindo o comércio dele, estava fazendo um restaurante na via principal, junto com quatro pessoas, quando eles chegaram”, contou Rivaldo.   

Os bandidos estavam com metralhadoras e escopetas. Inicialmente, eles chegaram a algemar uma das pessoas que trabalhavam na obra – nesse momento, o PM aposentado e as outras pessoas já estavam deitadas no chão. “Mas aí um deles [bandidos], que parecia conhecer meu pai, disse: ‘Nele não, no outro’ e algemaram o meu pai e depois botaram ele no porta-malas do carro”, contou o filho do PM.  

Rivaldo disse que, até o momento, os bandidos não fizeram nenhuma exigência à família. “Ninguém entrou em contato desde o sábado. Antes, a gente ligava para o celular dele e fazia só tocar ou eles recusavam as chamadas. Agora, o aparelho do meu pai só anda desligado, como se tivessem tirado o chip”, disse o filho, abalado com o desaparecimento. 

A família disse que, além do paradeiro do PM, quer saber o motivo para o sequestro. “Meu pai não tinha inimigos. Lá, todo mundo gostava dele. A gente não sabe o porquê de eles terem feito isso. Só levaram ele. Ninguém tem ideia do que pode ter acontecido”, declarou o rapaz. 

Ainda de acordo com parentes, câmeras de segurança poderão ajudar na investigação. “Eu e meus irmãos fomos atrás das câmeras, mas o Draco (Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado) já esteve lá e coletou as imagens”, relatou Rivaldo.

Apesar de toda a circunstância, ele acredita que o pai está vivo. “Tenho a esperança de encontrá-lo. Não podemos perder a esperança. Não sabemos o que pode ter acontecido. Passa muita coisa em nossa cabeça. Ele pode estar sendo torturado”, declarou. Dorgivaldo trabalhou por 31 anos na PM e há quatro anos estava na reserva. Quando sargento, ele atuou em várias unidades, sendo a última a 9ª Companhia Independente (CIPM/ Pirajá). Mas há um ano ele começou a construir o sonho do restaurante.  "Ele vinha juntando dinheiro para erguer esse sonho, mas infelizmente aconteceu isso. A intenção dele é vender comida de todo tipo. Ele estava construindo para pegar o público que trabalha numa pedreira”, contou o filho. 

Protesto Em busca de repostas, parentes do PM  protestaram na BR-324, na região próxima à Estrada de Campinas, por volta das 10h desta segunda-feira (4). Eles ocuparam uma das vias e queimaram pneus. Os manifestantes usaram também cartazes para chamar a atenção das autoridades para o sequestro do sargento. 

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) esteve no local para controlar o tráfego, e a pista foi liberada por volta das 10h30.