Saulo canta com jovens portadores de deficiência no Festival Acessarte

Projeto foi realizado nesta terça-feira (03), Dia Internacional da Pessoa com Deficiência

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  • Gabriel Amorim

Publicado em 3 de dezembro de 2019 às 22:50

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Betto Jr/CORREIO

Acessibilidade e arte se uniram, não só para formar o nome do Festival Acessarte, que coloriu um palco montado na Arena Fonte Nova, nesta terça-feira (03). Música, dança e exposições serviram, também, para transformar em estrelas crianças e jovens portadores de deficiência. Para acompanhá-los, um convidado especial: o cantor Saulo Fernandes.

O artista é o idealizador do festival, promovido pela Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza (Sempre), através da Unidade de Políticas Públicas para Pessoa com Deficiência (UPCD). A data escolhida para reunir as apresentações tem razão de ser. Três de dezembro é o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência.

Acostumado a concentrar todas as atenções em suas apresentações, Saulo sonhou com a tarde onde ocupou um lugar diferente. “A minha função é participar. Como parte da banda base que vai acompanhar os cantores. O holofote talvez não estivesse nesse lugar, que é um lugar de luz. Estamos pegando esse holofote e mostrando eles, vamos falar deles agora. Uma turma muito musical, muito sensível. Estamos falando de diversidade e amor”, disse o cantor, antes de começar a bateria de apresentações.

Durante a tarde, o artista acompanhou 12 apresentações que tinham como estrelas principais crianças, adolescentes e jovens adultos, assistidos por diversas organizações. As instituições foram convidadas para ajudar a transformar o sonho em realidade. “É um momento de aprendizado, aprendi muito, sobre sensibilidade, verdade. Me emocionei. Eu sonhei com esse dia. É uma tarde de sonho”, lembra o cantor.

Realização

Quem ajudou a tirar do papel a ideia do artista, abraçando o projeto do festival, foi a equipe da UPCD. “O evento surgiu dessa vontade do Saulo, que sempre quis fazer uma apresentação para que pessoas com deficiência pudessem curtir um show dele com todos os recursos de acessibilidade. Ele nos procurou para que a gente o ajudasse. Prontamente topamos, até por já estarmos iniciando esse trabalho de inclusão”, relatou Wagner Andrade, diretor do órgão.

Para que essa primeira edição do festival acontecesse da melhor maneira, a equipe da diretoria contou com uma consultoria bastante especializada. Vinte e três organizações da sociedade civil que trabalham no atendimento de pessoas com as mais diversas deficiências construíram a festa.

em conjunto. “As instituições que aderiram ao projeto indicaram, inclusive, os artistas. Foi um show construído por eles. Tentamos atender ao máximo todas as demandas e orientações, para que esse momento fosse um consenso e atendesse ao máximo toda a diversidade que existe nas pessoas com deficiência”, relata Andrade.

Entre as medidas de inclusão, o Acessarte contou com intérprete de libras, audiodescrição para deficientes visuais, além da preocupação com a acessibilidade da própria Arena Fonte Nova. Depois de diversos encontros e reuniões para acertar os detalhes, as instituições e seus assistidos se misturavam para ocupar, ao mesmo tempo, palco e platéia. Manuela Alves, 11 anos, foi uma das crianças que subiu ao palco com Saulo, representando o Insitituto dos Cegos (Foto: Betto Jr/CORREIO) “Participamos desde o começo. É muito bacana ver a prefeitura, Saulo, pedindo as opiniões das instituições, porque são as instituições que tem a informação das dificuldades do dia a dia da pessoa com deficiência. A gente pode falar, opinar, para que o show hoje estivesse pleno, realmente acessível. Esse evento é um chamamento, pra ver e ouvir essas pessoas, e dar visibilidade a uma causa que é da sociedade”, conta Consuelo Alban, assessora de marketing e captação do Instituto dos Cegos, umas das organizações convidadas.

Aprovado O esforço conjunto foi reconhecido por quem foi curtir o evento. Durante toda tarde não era difícil encontrar gente sorrindo e dançando com as apresentações. “É um evento ímpar. Como mãe, é isso que eu desejo para minha filha, que ela esteja em condições iguais a qualquer outra pessoa. A gente se diverte juntas, brinca juntas e ela está vendo as mesmas imagens porque está sendo descrita de forma limpa para ela”, conta a aeroportuária Luciana Alves, 43 anos.

Luciana é mãe de Manuela Alves, 11 anos, uma das crianças que se apresentaram ao lado de Saulo. A menina nasceu cega e é assistida pelo Instituto dos Cegos desde pequena. No palco, a garota teve um momento para não esquecer. “É o que ela gosta de fazer e a gente fica feliz dela poder realizar o sonho dela porque ela gosta de cantar”, diz a mãe. “É uma mistura. Tava nervosa mas muito feliz. Foi uma emoção enorme, porque eu adoro muito música, adoro cantar então foi muito emocionante, como a música sempre é pra mim”, contou Manuela logo depois de subir ao palco. Kátia Oliveira foi curtir o festival com a filha Bianca e aprovou a iniciativa (Foto: Betto Jr/CORREIO) Mesmo os que não se apresentaram também aprovaram a ideia. A contadora Kátia Oliveira, 47 anos, foi levar a filha Bianca, 22, que nasceu com hidrocefalia e é autista. A mãe acabou participando de um evento completamente diferente de experiências anteriores “A gente dificuldade de ir nos eventos, que são pouco acessíveis. Aqui temos um show adaptado pra eles, área reservada para cadeirantes, com adaptações, por exemplo, para os autistas que têm dificuldades com som muito alto, com aplausos. Vejo a minha filha se divertir, sorrir, curtir”, relata.

*Com orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier