Segundo transplante de pele é realizado no HGE

Homem que passou por procedimento teve 50% do corpo queimado

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  • Da Redação

Publicado em 17 de maio de 2019 às 13:14

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: divulgação/Sesab

Um homem de 63 anos, morador do município de Seabra, na Chapada Diamantina, foi o segundo paciente a ser submetido a  um transplante de pele no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Geral do Estado (HGE). Vítima de queimadura por álcool, o paciente teve 50% do corpo queimado e recebeu 1.120m2 de pele, utilizados em enxerto nas duas pernas.

A pele utilizada na cirurgia veio do Banco de Pele Dr. Roberto Corrêa Chem, da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, acondicionada a uma temperatura de 4 graus, num vôo de cinco horas de duração. Segundo o cirurgião plástico Marcus Barroso, coordenador do CTQ do Hospital Geral do Estado, o paciente já havia sido submetido a uma cirurgia, utilizando enxerto da própria pele (transplante autólogo), mas houve rejeição.

Internado desde o dia 2 de abril no HGE, o paciente reage bem à cirurgia, e a previsão é que em uma semana a pele esteja integrada ao organismo. Para a recuperação total de paciente submetido ao procedimento, a expectativa é de um prazo médio de um mês.

Na Bahia, a cirurgia de transplante de pele havia sido realizada anteriormente no Hospital Professor Edgar Santos (Hospital das Cínicas) e no HGE, unidade da rede estadual de saúde que é referência no tratamento de queimados. “O Centro de Tratamento de Queimados do HGE é um dos mais bem equipados do país e um dos únicos a dispor de centro cirúrgico e UTI exclusivos”, pontuou Barroso. A unidade possui 32 leitos, sendo 10 pediátricos e quatro de terapia intensiva.

O primeiro transplante de pele feito no CTQ do Hospital Geral do Estado aconteceu em março desse ano. Uma jovem, então com 16 anos, teve as duas pernas e um braço queimados em um acidente de carro, próximo a Umburanas, município onde reside. Transferida para o HGE, passou por vários procedimentos, até ser submetida ao transplante, no dia 21 de março. A pele doada veio do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).

Depois de dois meses e cinco dias internada no HGE, ela voltou para casa há 20 dias e esta semana, durante revisão periódica na unidade, falou sobre o processo de recuperação e a gratidão que sente por toda a equipe do hospital, desde os médicos até o pessoal de apoio. “O transplante foi muito importante para mim. Desde a cirurgia, passei a não sentir mais dor e voltei a ter uma vida normal”, conta a paciente, que comemorou seu 17o aniversário ainda internada, mas com direito a bolo e muito carinho de toda a equipe.

O cirurgião plástico Marcus Barroso diz que Raquel pode ser considerada uma paciente “histórica”.  “Ela foi a primeira a fazer o transplante de pele no HGE, evolui muito bem depois da cirurgia, tem a mobilidade normalizada nos membros atingidos pela queimadura e não apresenta nenhuma sequela funcional”, acrescenta.

Banco de pele Conforme explica Marcus Barroso, os pacientes vítimas de queimadura passam inicialmente por um processo chamado balneoterapia, que propicia a limpeza e descontaminação da área afetada. Caso seja necessário transplante de pele, o que em geral ocorre em grandes queimados e queimaduras de 3o grau, o procedimento é feito quando o quadro de saúde do paciente é estabilizado. O médico conta q ue o tratamento de queimados requer uma equipe multidisciplinar e também deve ser um tratamento humanizado.

Com relação ao transplante de pele, Barroso enfatiza que Raquel “é a maior prova do sucesso desse procedimento”, e que pela sua importância, esse tipo de cirurgia deveria se tornar rotina. Para isso, é necessário, segundo o cirurgião, que as pessoas se conscientizem da importância e autorizem a doação de órgãos, inclusive a pele. Ele lembra ainda que no Norte/Nordeste não tem um Banco de Pele e que seria muito importante que esse serviço fosse implantado na Bahia.