Seis mil pessoas em situação de rua serão imunizadas após atuação da Defensoria

Pessoas em situação de rua ocupam a 16ª colocação entre grupos prioritários definidos pelo Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19

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  • Da Redação

Publicado em 23 de junho de 2021 às 18:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Adriana Horvath/Divulgação

Salvador receberá cerca de 90 mil doses da Janssen e, destas, cerca de seis mil pessoas em situação de rua devem ser imunizadas. Apesar de o anúncio ter sido realizado pelo prefeito da capital baiana, Bruno Reis, no dia 11 de junho, a vacinação ainda não começou e a Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE-BA) se mobiliza para assegurar o direito à imunização deste público, bem como diversos órgãos e instituições, entre eles o Movimento Nacional da População de Rua, o Fórum Nacional de Catadores e Catadoras em Situação de Rua e o Ministério Público da Bahia.

“A população em situação de rua já começou a ser vacinada por critérios como idade ou comorbidades, que, na verdade, são adotados para toda a população do município. Porém, enquanto grupo prioritário, ainda não. Desde o ano passado que a Defensoria Pública oficiou a Secretaria Municipal de Saúde para que se começasse, o mais cedo possível, a vacinação dessas pessoas”, explicou a defensora pública Fabiana Miranda, que atua à frente do Núcleo Pop Rua.

Fabiana Miranda também destacou que a aplicação vacina da Janssen é ideal devido à alta mobilidade, ou deslocamento, desse público. Caso fosse adotado um outro imunizante, que demandasse a aplicação da segunda dose, poderia ser mais difícil encontrar as pessoas para que recebessem o reforço. “Mas, o importante é garantir a vacinação”, complementou a defensora pública.

Pessoas em situação de rua ocupam a 16ª colocação entre grupos prioritários definidos pelo Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19. Em maio de 2021, a DPE-BA se reuniu com a coordenação do Centro de Operações de Emergência em Saúde (Coe), ocasião em que foi definido o início da vacinação deste público, bem como o envio de listas em que constassem o nome das pessoas atendidas pelos programas específicos para a respectiva população.

Somente a Defensoria da Bahia encaminhou uma lista com cerca de três mil nomes de pessoas que já foram assistidas pelo Núcleo Pop Rua. Além disso, diversos ofícios foram encaminhados, desde o ano passado, à Secretaria Municipal de Saúde pela DPE-BA solicitando a prioridade na vacinação.

A Defensoria Pública também participou de uma mobilização na região dos Mares, em Salvador, para promover a escuta da população em situação de rua a respeito da pandemia e da vacinação. Estiveram presentes o Movimento Nacional da População de Rua e o Fórum Nacional de Catadores e Catadoras em Situação de Rua.

Assistente social do Núcleo Pop Rua da Defensoria, Sandra Carvalho explicou que o público revelou na ocasião a preocupação com o atraso na vacinação, em especial aqueles que vivem em situação de acolhimento. Sandra também ressaltou que Salvador dispõe de 17 unidades de acolhimento para pessoas em situação de rua, as quais acolhem, em média, 50 pessoas cada uma.

“Uma pessoa em situação de rua tem o maior risco de adoecimento, quando comparadas com a população em geral, mas ainda não foi vacinada. É importante destacar que este público integra os grupos prioritários e precisa obter a vacinação”, explicou Sandra.

Sueli Oliveira, da Coordenação Nacional do Movimento de População de Rua destacou que a situação é grave, bem como que “os municípios de Feira de Santana, Camaçari, Juazeiro, Ilhéus, Barreiras e Teixeira de Freitas já estão vacinando, mas em Salvador a imunização ainda não começou”.