Seleção de craques do Bahia livre

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  • Paulo Leandro

Publicado em 9 de dezembro de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Às vésperas de nova eleição no Bahia, pareceu-nos oportuno lembrar, em temporalidade afetiva, como foi árduo construir a democracia representativa no clube, antes parasitado, como lê-se em Nunca Mais!, livro-síntese de autoria do jornalista Nestor Mendes Júnior.

A proposta de preservar aspectos da história, como é o caso da reinvenção de uma agremiação do tamanho do Bahia, tem amparo na Antiguidade, associada à memória: a ideia de verdade vem do grego a-létheia – não-esquecimento, em português.

Não se ensinam virtudes, daí ter pedido a meu gêmeo de caráter, Flávio Novaes, uma boa ajuda para lembrar dos heróis desta mitologia, pois a história não anda sozinha, se não existirem os sujeitos dispostos a fazê-la movimentar-se, como ocorreu no Bahia.

Novaes, hoje mestrando no Porto, Portugal, separou nomes representativos de todos os milhões de revolucionários, iniciando, por ordem alfabética, com Antônio Miranda, um dos fundadores do Movimento de Renovação do Bahia (MRB), em 1989.

O MRB foi a semente capaz de transformar-se na árvore frondosa, cujos frutos resultaram na reconstrução do Bahia, depois de assembleia na Fonte Nova, decidindo-se por eleições diretas, livres e democráticas, com a liderança de gente como Fernando Schmidt.

Neste segundo Dois de Julho dos baianos, pela ordem, o nome lembrado por irmão Novaes foi o de Antônio Pithon, capacitado dirigente e corajoso gladiador, tendo deixado de herança o Fazendão, hoje atualizado na Cidade Tricolor.

O terceiro super-herói tricolor fundou o Movimento Bahia Livre, ao lutar com seu bom humor invencível, assumindo o apelido de Pinto: Edmilson Gouvêa, por onde anda? Junto ao MBL, surgiram grupos organizados como o emblemático e raçudo Revolução Tricolor.

O professor Edmundo Pedreira Franco está entre os 7 do Bahia, perpetuado por sua resistência a emboscadas e o firme propósito de fazer o clube alcançar o tamanho da torcida em vez de servir de escada rolante para uns poucos.

Os irmãos Jorge e Alberto Maia, sócios em uma pequena gráfica, também mobilizaram recursos para desenvolver o Movimento Devolva meu Bahia, herdeiro do MRB, capaz de organizar carreatas e passeatas com até 50 mil tricolores nas ruas de Salvador.

Não poderia ficar de fora, pela referência de dedicação e capacidade, Virgílio Elisio da Costa Neto, de comportamento pouco simpático aos produtores de conteúdo acostumados a mimos e agrados, mas sempre firme na disposição para o trabalho sério e competente.

O resultado de toda esta luta insana foi a ascensão de um jornalista, Marcelo Sant’Ana, à presidência, na recuperação do Bahia, voltando à hegemonia absoluta no futebol baiano, com a conquista de títulos e a permanência na Série A, entre outros feitos de excelência.

Independentemente de quem vença as eleições de sábado, o Bahia já é campeão de valores caros à democracia, em um momento importante, no qual a saudade do autoritarismo volta a assombrar um país onde ainda aprende-se o bê-a-bahia da cidadania.

São 10 chapas ao Conselho Deliberativo e um duelo para a presidência, tudo à luz de regulamentos capazes de elevar o Bahia à condição de exemplo a dezenas de países filiados à Organização das Nações Unidas, reféns de regimes totalitários.

Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade