Sem Centro de Convenções, turismo perde R$ 200 milhões por ano

Salvador caiu da terceira para a 10ª colocação no ranking de cidades brasileiras que sediam eventos internacionais

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  • Bruno Wendel

Publicado em 22 de agosto de 2017 às 10:56

- Atualizado há um ano

Desde que o Centro de Convenções da Bahia (CCB) teve suas atividades interrompidas, Salvador caiu da terceira para a décima colocação no ranking de cidades brasileiras que sediam eventos internacionais credenciados pela Icca (International Council for Commercial Arbitration). Foi o que revelou o secretário municipal de Cultura e Turismo (Secult), Claudio Tinoco. 

“Em 2011 foram 29 eventos internacionais de grande porte sediados aqui. Já no ano passado, esse número caiu para cinco. Ficávamos atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro, mas já fomos ultrapassados por cidades como Florianópolis, Fortaleza e Foz do Iguaçu”, disse o secretário em entrevista ao CORREIO. 

Um dia após ladrões serem flagrados - e liberados - pela polícia, em posse de aparelhos de ar-condicionado do local, o CORREIO presenciou uma série de saques, na manhã desta segunda-feira (21) e ainda mostrou como é fácil entrar no equipamento - que desabou parcialmente em setembro do ano passado. 

O presidente do Conselho Baiano de Turismo, Roberto Duran, conta que o turismo de congressos é o que dá sustentação ao setor. “Esse é o turismo que movimenta a cadeia produtiva de março a dezembro. O turismo de lazer é responsável pelo período de pico, mas são apenas três meses. Os congressos é que de fato seguram todo o segmento”, disse. 

De acordo com Duran, imediamente após o fechamento do CCB, Salvador perdeu nove grandes congressos que já estavam agendados. Desde então, cerca de R$ 200 milhões por ano têm deixado de ser arrecadados. “Como a construção de um novo Centro de Convenções não será nos próximos três anos, o impacto negativo total deverá ser de R$ 1,5 bilhão”, estimou Duran.

Ainda segundo ele, nos últimos dois anos, 20 hotéis e cerca de 3 mil bares e restaurantes fecharam as portas na capital, o que provocou o fechamento de cerca de 30 mil postos de trabalho. Para Duran, a crise que vive o setor seria menor caso o CCB estivesse funcionando.  CORREIO flagra furtos do que restou do Centro de Convenções; saqueadores usam carrinho e até picape  (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Uma das vantagens do turista de negócios para o setor, segundo Tinoco, é que ele, geralmente, passa mais tempo na cidade além do evento e consome mais que o turista de lazer porque, geralmente, possui melhor poder aquisitivo e muitos têm gastos como hospedagem e passagens aéreas pagas por corporações. Além disso, os congressos ajudam a fidelizar os turistas. “Quando o participante vem pro congresso, ele conhece a cidade e muitos deles terminam voltando”, disse. 

Acesso fácil Qualquer um pode entrar no Centro de Convenções, basta querer. O CORREIO teve acesso a um dos caminhos usado por pessoas para retirar materiais. A equipe ultrapassou uma fresta das barreiras e teve acesso a um dos estacionamentos. No local, encontrou um carro depenado. A única coisa que restou foi a carcaça e os pneus.

Mais à frente, um salão. A entrada tem vidros quebrados, sujeira e resto de fiações à mostra para todos os lados – indícios de que os ladrões de cobre passaram por ali também.

Procurado pelo CORREIO nesta segunda-feira (21), o governador Rui Costa afirmou que não sabia dos saques. "Não temos conhecimentos sobre os roubos, mas vamos procurar saber sobre essa situação. Aquele centro ele vai ser desmontado e nós estamos publicando nos próximos dias um edital e formalizamos para convidar e haver uma manifestação formal do empresários para a construção de um novo centro que não será mais naquele local e sim no Parque de Exposições”, declarou.