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Gil Santos
Publicado em 29 de junho de 2021 às 05:40
- Atualizado há 2 anos
A partir dessa semana os moradores das três Ilhas de Salvador vão poder respirar um pouco mais aliviados. É que, por lá, a pandemia promete acabar mais cedo. A prefeitura decidiu antecipar a imunização de todas as pessoas com 18 anos ou mais de Bom Jesus dos Passos, dos Frades e de Maré. Já no continente, a população em situação de rua começa a receber as doses da Janssen, produzida pela Johnson & Johnson, a partir desta terça-feira (29).>
Adriano Barbosa, o Branco, como é mais conhecido na Ilha de Maré, comemorou a decisão. Ele trabalha com turismo há dez anos e contou que o risco de contaminação da pandemia afugentou os visitantes. “Agora, que vai estar todo mundo imunizado, as pessoas vão ter menos medo e fazer os passeios e visitar as ilhas”, contou.>
Para Maria José, 55 anos, a vacinação é fundamental por conta das aglomerações que estão acontecendo aos fins de semana. Ela e o marido já receberam a primeira dose, mas estão receosos por conta da falta de consciência de outros moradores. “Começa sexta-feira [as festas] e vai até a segunda. E não somente os jovens [participam], como também senhores e senhoras, todos tomando todas e dançando juntos”, contou.>
O prefeito Bruno Reis fez os anúncios durante uma entrevista coletiva virtual para apresentar a retomada do programa Ouvindo Nosso Bairro, nesta segunda (28). Durante o evento, ele disse que resolveu antecipar a vacinação dos moradores das Ilhas por uma questão logística. Juntas, as três localidades têm cerca de 12 mil habitantes, mas mais da metade já foi imunizada por integrar comunidade quilombola.>
"Falta um universo de 3 mil pessoas nas Ilhas para serem vacinadas. E por que vacinar logo as Ilhas? Pela questão operacional, de ter que mandar equipes para lá para fazer vacinação. E por que a Janssen? Dose única. Vamos lá uma única vez, concluímos a vacinação e seguimos aqui no continente", explicou.>
A vacinação de toda a população das ilhas pode ser motivo de parceria para um estudo entre a prefeitura e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O prefeito voltou a falar da possibilidade de realizar um evento-teste no final do mês de julho, caso os números da pandemia estejam controlados, e disse que está cogitando fazer isso em uma das ilhas. A intensão do Município é fazer um teste depois que se passarem os 20 dias de imunização da população.>
“Para depois fazer um monitoramento com a Fiocruz para ver a efetividade das vacinas, inclusive se elas nos dão condições de fazer eventos com segurança”, disse.>
População de rua No continente começa hoje a vacinação da população em situação de rua. A prefeitura estima que 7 mil pessoas vivem nessas condições e elas serão imunizadas com as doses da Janssen. Diferente do público comum, as equipes é que vão até os moradores para aplicar o imunizante.>
O prefeito disse que aguardou a chegada da Janssen para vacinar as pessoas que vivem em situação de rua porque, nesses casos, aplicar segunda dose exigiria uma logística mais complexa. Bruno, que tem 44 anos, voltou a defender a vacinação como forma de proteção contra o novo coronavírus, e contou que provavelmente vai se imunizar nesta terça-feira. A prefeitura está aguardando uma nova remessa com mais doses do Ministério da Saúde.>
“Vou tomar, se chegar, a pior vacina que estiver disponível. Não sei quais terão disponibilidade, mas vou tomar a que, às vezes, as pessoas resistem, para dá o exemplo. Aguardei a minha vez. Esperei chegar. E vou tomar qualquer vacina que estiver disponível para justamente mostrar que o importante não é escolher a vacina, é se vacinar", garantiu.>
Todas as vacinas disponíveis foram aprovadas pela Organização Mundial da Saúde e a escolha por um imunizante no momento da vacinação atrasa o processo. Os moradores das Ilhas disseram concordar com o prefeito e garantiram que vão fazer fila nos postos de vacinação na quinta-feira, independentemente do nome da vacina.>
Mais da metade Segundo a prefeitura, 53% da população alvo da vacinação, ou seja, pessoas com 18 anos ou mais, foram imunizadas em Salvador. O percentual ficou acima do esperado, já que a meta do Município era proteger 50% dos moradores até 30 de junho, e pode aumentar caso um novo carregamento com novas doses seja entregue nesta terça-feira (29). Atualmente, a vacinação está nos 44 anos.>
Os números da pandemia sofreram uma queda na comparação com as semanas anteriores. A taxa de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) que estava em 76% no dia 21 de junho, caiu para 70% nesta segunda-feira (28), e o de leitos clínicos passou de 68% para 57%.>
Na rede privada também houve redução na ocupação dos leitos. Seis dos principais hospitais da cidade registraram queda e cinco estão com a taxa na casa dos 60%, foram os casos do Hospital Santa Izabel (62%), Hospital Aliança (62%), Hospital Jorge Valente (64%), Hospital São Rafael (65%), Hospital Português (68%), e Hospital Cárdio Pulmonar (70%). A maior demanda dessas unidades é por leitos não covid e, no início desta segunda, não havia pacientes aguardando por intubação.>
As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) amanheceram com dez pacientes aguardando regulação, dois deles precisando de uma UTI, sendo um adulto e uma criança, e oito esperando por um leito clínico, sendo dois adultos e quatro crianças. Nas 24 horas anteriores 36 pessoas foram transferidas dessas unidades.>
Apesar dos números em queda, o prefeito Bruno Reis frisou que a população precisa continuar adotando as medidas de proteção. Ele lembrou que os efeitos das aglomerações do São João ainda serão sentidos nos próximos dias e prorrogou os decretos que estão em vigor, como o que proíbe a abertura das praias aos fins de semana. Ele disse que fará uma nova avaliação em sete dias.>