Ser antirracista é cada vez mais urgente

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  • Andreia Santana

Publicado em 31 de maio de 2020 às 09:30

- Atualizado há um ano

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Adriel, um garoto de 12 anos, morador de Salvador, sofreu racismo em seu perfil sobre livros e cultura nerd e geek no Instagram. João Pedro, adolescente de 14, que vivia no morro do Salgueiro, no Rio de Janeiro, morreu com um tiro nas costas, na altura das costelas, segundo laudo da perícia técnica divulgado essa semana. George Floyd, homem adulto, norte-americano de Minneapolis, foi morto na porta de um supermercado por um policial que se ajoelhou sobre o seu pescoço até sufocá-lo.

Em comum, os três têm a pele negra e o fato dos crimes que sofreram ser motivado por um único e gravíssimo delito, o racismo, que provoca tanto a morte violenta – George e João Pedro foram assassinados em abordagens policiais truculentas -, quanto a social, pois o que é a ofensa na página de um garoto que escreve resenhas na internet, se não uma tentativa de aniquilamento social?

Essa foi uma semana tristemente marcada pelas muitas faces do racismo. Além da morte de George Floyd, do laudo mostrando que João Pedro, que brincava em casa quando foi alvejado, sequer teria como se defender da ‘bala perdida’ da polícia, que sempre encontra corpos negros, e das ofensas sofridas por Ariel por ele ser  negro e  gostar de livros - seu agressor achou absurdo -, o Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (NOIS) emitiu nota técnica mostrando a disparidade entre as mortes de negros e brancos por covid-19.

Nos dados  do Ministério da Saúde analisados pelo NOIS, dez mil pacientes foram identificados como brancos e quase 9 mil como pretos ou pardos segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dentre os pretos e pardos, 55% morreram de covid-19, contra 38% dos brancos.

Os números falam por si, os atos de violência falam por si, a população negra no Brasil e em boa parte do mundo sofre genocídio motivado unicamente por  racismo. Por isso, nunca se fez tão urgente ser antirracista. Nunca foi tão necessário defender a causa do antirracismo como bandeira prioritária, porque o racismo mata.

Há muito que as estatísticas mostram que não basta apenas bater no peito e afirmar que não se é racista, é preciso expor o racismo na sociedade, nas estruturas das instituições, no poder público, no mercado de trabalho, na fala e na atitude das celebridades, no sistema de saúde...

O racismo mata e as questões de vida e morte são urgentes. Ser antirracista é ordem do dia.

Outros destaques da semana Alguns moradores de Pernambués circulavam sem máscara essa semana (Foto: Nara Gentil/Arquivo CORREIO) Pernambués com 85 casos de covid-19 entre os restritos

Depois de ser o recordista de casos de covid-19 no mês de maio, Pernambués entrou na lista dos bairros com medidas restritivas decretadas pela prefeitura de Salvador essa semana. Em apenas sete dias, foram 53 casos confirmados no bairro. E em todo o mês de maio, 85 infectados. O CORREIO visitou Pernambués essa semana e viu que, por lá, os moradores agem como se não existisse pandemia. Mesmo usando máscaras de proteção, as pessoas se aglomeravam nas ruas, para desespero dos vizinhos mais precavidos que reclamavam que no bairro ‘parece que não existe quarentena’.

Jovens mais expostos

Os casos de covid-19 na Bahia vêm crescendo nas faixas etárias dos 20 aos 29 anos e dos 30 aos 39, segundo os boletins sobre a doença emitidos pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), até o mês de maio. 

O CORREIO analisou os dados e percebeu que 3.082 diagnósticos positivos para a infecção provocada pelo novo coronavírus - o que corresponde a 20.45% dos casos em todo o estado -  ocorreram em pessoas entre 30 e 39 anos, a faixa etária dos considerados economicamente ativos.

Entre os testados na faixa dos 20 aos 29 anos, 1.392 tiveram resultado positivo até o mês de maio. 

Para especialistas, os mais jovens estão mais vulneráveis ao vírus porque se expõem mais, ao não seguirem as recomendações de isolamento social, uso de máscara de proteção e higienização frequente das mãos e das  superfícies. Embora tenham o grau mais leve da infecção, esse público acaba sendo vetor da covid-19 para outras pessoas, como os idosos, que ainda registram taxas de mortalidade maiores. Ramarim funcionou por 5 anos na Bahia (Foto: Divulgação) Fábricas fechadas

A fábrica de calçados Azaleia, em Itapetinga, demitiu 600 funcionários essa semana, por conta dos impactos econômicos da pandemia de coronavírus. O corte de custos com o transporte dos trabalhadores foi o motivo alegado pela empresa para as demissões. A unidade tem 640 funcionários, sendo que 600 vivem em cidades vizinhas e apenas 40 moram em Itapetinga. Outra fábrica de calçados, a Ramarim, localizada em Santo Antônio de Jesus, também anunciou a demissão de mais de 300 funcionários e o encerramento de suas atividades no estado. Também nessa situação, a causa seria a crise provocada pelo coronavírus. A Ramarim estava instalada na cidade há cinco anos.

Volta à rotina com regras

O governo francês anunciou essa semana que permitirá a reabertura de cafés, restaurantes e museus a partir do dia 2 de junho, mas com restrições e rigorosas medidas de precaução para evitar a contaminação pelo novo coronavírus. Entre as regras, haverá limite máximo de 10 pessoas por mesa nos restaurantes e uma distância mínima de um metro entre os grupos terá de ser respeitada. Na capital Paris, cidade mais atingida pela pandemia, somente restaurantes e bares com terraço poderão voltar a funcionar, mas os clientes só poderão sentar-se nas áreas externas, respeitando também o distanciamento social. Os museus franceses estão fechados já mais de 60 dias e na reabertura, o uso da máscara será obrigatório. Luana Piovani participou de live (Foto: Reprodução/Instagram) Frase:“Já tive tantas vezes culpa de não ter vontade de transar com a pessoa. Fazendo terapia, você vai vendo que o comportamento é quase matemático: é a lei da oferta e da procura. Se tem muita oferta, você perde o interesse”, Luana PiovaniA atriz falou sobre sua vida sexual em uma live para o canal feminino Universa, do Uol, essa semana. No bate-papo, ela revelou que perdeu o interesse sexual durante o casamento com Pedro Scooby, terminado em 2019, e que também já transou muitas vezes sem estar com vontade, 'só por educação'. Para quem atua com vítimas de agressões sexuais, a frase da artista soou bem estranha, até porque sexo não tem de ser por educação ou por obrigação, senão vira abuso.

As cinco mais comentadas da semana:1 - Criança abandonada - Uma youtuber gerou revolta nas redes sociais após postar um vídeo onde revela que enviou para outra família um menino autista de quatro anos que ela havia adotado há dois anos e meio. Os leitores do CORREIO fizeram coro às críticas e lamentaram pela criança:  “Muito triste!! Se percebe que eles nunca amaram a criança!! Adotar é um gesto de amor!! É um filho como se fosse biológico. Na minha opinião, só queriam seguidores. Filho, independentemente de ser biológico ou não, não se descarta! Não se abandona!! Muita crueldade...”, opinou Josemary Nunes

2 - Remédio da discórdia - Os leitores do CORREIO ficaram bastante chateados com a pressão dos planos de saúde para que os médicos prescrevam cloroquina para os pacientes com sintomas leves de covid-19 tomarem em casa. Norma Suely Lima até pensou em conspiração: “Imagina a situação! Estudos dizem que o medicamento (cloroquina) mata mais rápido, planos de saúde pressionam médicos para usar a cloroquina...O que eu entendo é que querem diminuir a população mundial... É uma situação complicada meu Deus! Entra com providência e dá sabedoria a esses profissionais...”

3 - Sem férias? - O anúncio de que o ano letivo de 2020 avançará para 2021, feito na quinta-feira, 28, pelo governador Rui Costa, levou os leitores a pedirem foi o ‘cancelamento’ desse malfadado ano de pandemia. Cristina Menezes até rezou: “Para mim o ano de 2020 já foi cancelado. O São João já aconteceu, 2 de Julho já aconteceu, 8 de dezembro que é Conceição já aconteceu, então o Natal e o Ano Novo pode ser que aconteçam na semana que vem. Que 2020 acabe logo, Jesus!”.

4 - É o amor... - O anúncio do 18º casamento de Gretchen com o saxofonista paraense Esdras de Souza, deu o que falar nas redes sociais do CORREIO. A leitora Adriana Rodrigues aproveitou para defender que “ninguém casa para separar. Ela, com tantos maridos, tentou ser feliz, porém sem sucesso. Eu a admiro por estar ainda na procura, por continuar tentando. Vá em frente e seja feliz”, incentivou.

5 - Mais vulneráveis - A nota técnica do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (NOIS), com base nos dados do Ministério da Saúde, mostrando que pessoas negras e analfabetas são as que mais morrem por covid-19 no Brasil preocupou a audiência do CORREIO, que vê nas desigualdades sociais e no racismo as causas do problema. “São as que estão mais expostas, porque estão precisando sair para ganhar o pão! Por isso que além das medidas de isolamento, devem vir às medidas assistenciais, de ajuda!”, opinou Adenilde Alves