Sertão baiano é rico em inovação e negócios

Evento em Caetité deu visibilidade aos ecossistemas e empreendimentos locais 

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 29 de novembro de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

O saudoso Luiz Gonzaga dizia que a vida no sertão só era ruim quando faltava chuva no chão. Se há falta de água, o mesmo não acontece com iniciativas de negócios, desde os setores mais tradicionais, como o comércio, serviços e a agricultura, até na implantação de ecossistemas de inovação. Isso foi o que mostrou o 1º Encontro Sertão do Saber, iniciativa da Bamin e realizado na última semana em Caetité, distante 645 km da capital. 

De acordo com o especialista em Design Thinking, empreendedorismo, criatividade e inovação Dan Maior, o cenário no interior da Bahia é surpreendente e promissor. "Surpreendente porque muita gente não tem conhecimento da enorme quantidade de propostas que existem e dão certo nas diversas cidades. Em muitos casos, são iniciativas mais surpreendentes do que as que estamos acostumados a ver em grandes centros e isso torna o cenário altamente promissor, porque, com o devido investimento, elas alcançam horizontes inimagináveis", esclarece, destacando que alguns desses projetos têm sido apresentados em feiras e eventos de inovação no Brasil e também pelo mundo.

Sem esconder o entusiasmo pelo cenário, Dan Maior diz que as oportunidades estão em todo lugar e lembra que empreender é, essencialmente, fazer acontecer; é identificar um problema que determinado grupo de pessoas enfrenta e criar uma maneira eficaz de resolvê-lo. 

Oportunidades

"Às vezes será algo totalmente novo, mas isso não é imprescindível – muitas oportunidades estão justamente em fazer algo de forma mais rápida, mais barata ou melhor do que já se faz. E problemas e espaço para melhoria existem em absolutamente todo lugar", garante.

O economista, especialista em Gestão de Negócios, Empreendedorismo e Marketing Digital José Soares, que ministrou uma palestra sobre “Educação Empreendedora” durante o Sertão do Saber, ressalta que, para além dos negócios dos setores mais tradicionais, que são muito fortes em todo o Estado, é possível observar o surgimento de vários ecossistemas de inovação estimulados por diversos atores, como grupos empresariais, o Sistema S, governo estadual e municipal, além das universidades que buscam o desenvolvimento de novas soluções para os problemas e desafios.  José Soares destacou a importância dos negócios de impacto sócio ambientais e o interesse de investidores nas propostas desenvolvidas no interior (Foto: Divulgação) "Os empreendedores do interior estão buscando conhecer mais o movimento dos negócios de impacto socioambiental, que são aqueles que visam gerar impacto social e ambiental associados antes do lucro. Este tipo de negócio tem fins lucrativos, mas o lucro não é o principal fator. Há, inclusive, muito recurso de investidores de olho neste tipo de negócio", completa. 

Soares destaca dois programas realizados pelo Sebrae e seus parceiros, realizados de forma gratuita, que são turmas de Aceleração de Negócios de Startups (que envolve capacitações e mentorias individuais) em diversas vertentes, tais como biotecnologia, comércio e serviços, economia criativa e o Programa Inovativa Brasil(www.inovativabrasil.com.br.). "O melhor de tudo é que estes programas ocorrem no formato online e possibilitam a participação de empreendedores de todo o Estado". 

Startups

Dan Maior destaca que as startups caíram no gosto popular, inclusive no interior baiano, mas que essas iniciativas (não necessariamente uma empresa) buscam um modelo de negócios sustentáveis e, de preferência, escaláveis e repetíveis. " Esses projetos podem ser disruptivos também, mas, particularmente, não considero imprescindível em todos os casos", esclarece. 

O especialista em design thinking lembra que o conhecimento virou commodity e que está disponível para todo mundo, a qualquer tempo, de qualquer lugar. “Basta dar uma pesquisada no Google, por exemplo, e você vai encontrar fontes, ideias e referências quase infinitas. O que esses empreendedores precisam saber – ou melhor, reforçar para si mesmos – é que eles têm um potencial enorme, e que o mais importante é fazer”, explica. 

Para reforçar sua afirmativa, ele ressalta que durante a realização do encontro, muitos empreendedores fizeram um MVP sem nunca ter ouvido falar em Produto Mínimo Viável! Dan Maior destacou que os desafios para os empreendedores no interior da Bahia estão ligados aos recursos, infraestrutura e pessoas, mas que existem desafios mais sutis e igualmente importantes, que estão relacionados à concepção do próprio negócio ou ideia.   

QUIZ DO EMPREENDEDOR

Dan Maior sugere que antes de iniciar qualquer negócio, é fundamental responder:

1. Estamos resolvendo um problema real e relevante para as pessoas? 

2. O que nosso público-alvo realmente quer ou precisa? 

3. Nossa ideia é sustentável no longo prazo, ou está baseada em um mero modismo? 

4. Quais as diferentes formas que o negócio pode gerar receitas? Ter clareza sobre essas e outras questões é um desafio muito do que as pessoas costumam perceber – e isso pode interferir fortemente no sucesso de uma ideia.