Setor florestal segurou a onda em 2020 e está pronto para voltar a crescer

Preços dos produtos no mercado internacional alimentam expectativa de outro bom ano no setor

Publicado em 21 de maio de 2021 às 07:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

Apesar de todas as dificuldades, as empresas de base florestal na Bahia alcançaram em 2020 uma área de 700 mil hectares em produção e outros 500 mil hectares de área preservada, conta Wilson Andrade, diretor executivo da Associação Baiana das Indústrias de Base Florestal (Abaf). Tudo isso, com a garantia da segurança para todas as equipes envolvidas na operação, como pessoal de produção e logística, explicou. 

A indústria de base florestal é responsável por quase 5 mil produtos disponíveis no mercado. O Brasil tem 10 milhões de hectares plantados por empresas, que preservam outros 7 milhões de hectares, destaca. “Não vejo outro segmento econômico no Brasil com tantas possibilidades quanto este”, destacou ontem durante a participação no programa Política & Economia, apresentado pelo jornalista Donaldson Gomes. 

Para o empresário, as perspectivas no mercado internacional para o mercado de commodities são boas com a recuperação da economia em diversos países. “Você o minério de ferro saindo de US$ 70 por tonelada para US$ 200, a soja com 30% de aumento no preço, a celulose está subindo e o câmbio está ajudando, favorece o negócio”, avalia. 

Apesar do cenário, ele se diz um otimista em relação à retomada da economia. “Temos uma grande perda de vidas, que impactam muito as famílias, e a perda de muitas empresas – esses fechamentos de CNPJ também são uma coisa muito grave. Nós todos temos que buscar contribuir para trazer mais tecnologia, mais cliente, mas processamento em nossas cadeias produtivas para ajudar quem tem mais dificuldade. Isso é fundamental para termos uma recuperação mais uniforme”, avalia. 

Na Bahia, a atividade responde por 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB) e gera mais de 200 mil empregos diretos, indiretos e pelo efeito-renda, diz. Além disso, a atividade disputa com a soja e a indústria petroquímica o posto de carro-chefe das exportações do estado. Com uma vantagem, ressalta Andrade: “Quem concorre conosco importa muito também e no setor de base florestal, tudo o que é exportado é saldo líquido para a balança de pagamentos”. Isso porque o setor não tem a necessidade de importar um grande volume de insumos, diz. 

Outro aspecto que reforça o papel econômico da atividade é a geração de empregos em quatro regiões do estado, a maioria no interior, acrescenta. “Um emprego no interior vale o dobro porque a Bahia tem uma grande concentração do seu desenvolvimento entre Salvador e Feira de Santana. Nós precisamos fazer essa desconcentração para que todos possam tirar proveito do potencial agrícola, mineral, energético e outros que a Bahia tem”, enumera. 

O setor florestal pode ajudar o Brasil a deixar para traz a década passada, marcada pela estagnação da economia. “Nós tivemos uma década com crescimento zero, o Brasil não pode se dar a este luxo”, avalia. “Precisamos de mais investimentos e nossa poupança é baixa, então precisamos de parceiros de investimentos”. 

O dirigente destaca o potencial para crescimento gerado pela melhoria nas condições logísticas do estado. “Temos a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), temos uma grande mobilização pela recuperação da FCA (Ferrovia Centro-Atlântica)”, diz. “Podemos planejar nesses corredores logísticos polos agroindustriais gigantes e aí pode ser com chineses, americanos, israelenses, tanto faz. O importante é que o dinheiro venha e que estes investidores obedeçam as nossas leis, sistemas e paguem impostos”. 

A partir da maneira, a indústria florestal interage com diversos segmentos econômicos, como a construção civil, mineração, diz. “Para se produzir madeira, é necessário ter calor. A mineração, que está crescendo tanto na Bahia, precisa de calor para processar o minério. E a fonte mais competitiva e ambientalmente favorável atualmente é a madeira”, destaca. Ele acrescenta ainda o setor de grãos, que usa o material para gerar calor e secar os grãos. “São diversos segmentos e eles ao mesmo tempo em que alavancam a nossa produção, nós temos a demanda e o interesse de atender todos eles”, explica. 

Alguns dos produtos da cadeia florestal são de alta tecnologia, como é o caso da celulose solúvel, que está no catchup, no sorvete, na cápsula do medicamento e na tela da TV, para citar apenas alguns exemplos. “São várias possibilidades, tem o uso para a produção de energia a partir da biomassa, acrescenta Andrade, lembrando que a petroquímica Dow tem um projeto para o uso de biomassa na produção de vapor em sua unidade na Bahia. “A unidade da Dow aqui tem 25% de sua demanda energética atendida pela biomassa advinda de florestas plantadas”, destaca.