Setor turístico celebra chegada de companhia aérea de baixo custo a Salvador

Chilena JetSmart lançou nesta terça-feira (24) voo direto de Salvador para Santiago por R$ 299

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  • Hilza Cordeiro

Publicado em 25 de setembro de 2019 às 05:30

- Atualizado há um ano

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Após o anúncio da chegada da companhia área ultra low cos JetSmart a Salvador, com voo de Salvador para o Chile a partir de R$ 299, o trade turístico da Bahia comemorou os novos ares. Para o secretário municipal de Cultura e Turismo, Cláudio Tinoco, o Chile é um mercado importante para Salvador. Segundo ele, o país está entre os oito mercados mais presentes na capital e, no último verão, o volume de turistas vindos de lá superou os europeus e americanos. “Temos uma demanda em potencial e por isso a JetSmart acredita nessa operação já em dezembro”, celebra. 

Ainda conforme Tinoco, os incentivos de fundo de marketing da secretaria estão condicionados à manutenção dos voos por pelo menos dois anos. O volume de recursos para a promoção de tais voos é de cerca de US$ 110 mil (R$ 458,8 mil) por ano, sendo 70% destinado para o Chile e 30% para a Argentina. “A média de viagem dos chilenos é de 1,2 ao ano, contra 0,6 dos brasileiros. Ou seja, há o dobro de interesse e a expectativa é que essa operação possa se concretizar como um polo de conexões para o Nordeste. Então, precisamos incentivar esses fundos de marketing integrados com o Governo do Estado porque trabalhar conjuntamente é o melhor caminho”, finaliza.Em viagem a trabalho em São Paulo, o secretário de Turismo da Bahia, Fausto Franco, não esteve presente no evento que lançou o voo, mas falou à reportagem sobre as expectativas. “Com certeza isso é muito positivo e acho interessante que o anúncio do início das operações da empresa no Brasil se deu logo na Bahia. Isso mostra que fizemos um trabalho sério de captação e o nosso desejo é que a companhia se instale e aumente significativamente o número de turistas”, disse. 

Quem também comemorou a notícia foi o presidente do escritório Salvador Destination, Roberto Duran. “A maior dificuldade sempre foram as péssimas conexões e preços altos dos bilhetes. Precisamos de uma dezena de companhias aéreas low cost para impulsionar o mercado aéreo brasileiro”, defende. Duran acrescenta ainda que o Brasil é caracterizado pelos oligopólios sem concorrência, o que resulta em companhias aéreas de péssimo serviço e preços nas alturas.

O comentário de Glicério Lemos, presidente a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-BA) relembra a competição entre as capitais nordestinas de maior fluxo aéreo. “Depois da perda da Avianca e dos hubs da Gol e da Azul, isso é muito positivo, abre novas perspectivas. Por causa dessas perdas, ficamos muito atrás com relação à Fortaleza e Recife e entramos agora em recuperação. Esperamos que prefeitura e estado continuem com as captações para recuperar turistas”, disse.

Segundo Lemos, Salvador tinha um bom fluxo de chilenos entre a década de 1990 e o início dos anos 2000, mas eles acabaram escolhendo outros destinos a partir de 2005 porque a capital baiana entrou numa fase difícil nessa época. O presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (FeBHA), Silvio Pessoa, lembra que para os chilenos era cerca de 30% mais barato viajar para o Caribe do que vir para o Brasil. “Agora, pensarão duas vezes ao eleger o destino. Quando o governo abre para as low cost, o preços voltam à normalidade. Quanto mais empresas estiverem na concorrência, melhor para os brasileiros viajarem num país continental. Claro que vemos com bons olhos essa entrada delas no mercado para fazer com que nossos números voltem”, conclui ele.Segundo dados da Vinci Airport, atualmente a frequência semanal de voos internacionais no Aeroporto de Salvador é de 25. Com a chegada da JetSmart, o número sobe para 28. Os destinos existentes no exterior hoje são Lisboa, Buenos Aires, Córdoba, Madri, Ilha do Sal, Cidade do Panamá e Miami, oferecidos pelas operadoras TAP, Aerolíneas Argentinas, Air Europa, Gol, Cabo Verde Airlines, Copa Airlines e Latam.

Mais um voo para o Chile Em julho, o prefeito ACM Neto já havia anunciado que outra companhia aérea chilena, a Sky Airline, faria voos na alta temporada brasileira. A princípio, os voos têm programação para acontecer três vezes por semana, às segundas-feiras, quintas e sábados. No período de 1° de dezembro a 31 de maio, baianos e chilenos poderão ir e vir sem necessidade de conexão, em uma viagem com tempo estimado em pouco mais de cinco horas, num Airbus A320-Neo. Na ocasião do anúncio, os bilhetes de ida e volta do voo direto, custavam cerca de 358 dólares.

Durante o evento, o prefeito ressaltou que os voos diretos para o Chile têm importância para o estímulo do turismo entre os países sul-americanos e disse que a expectativa é transformar em fixos os voos da Sky Airlines.  O Chile recebeu o número recorde de 589.172 turistas saídos do Brasil, quantidade 8,1% maior do que a registrada em 2017, de acordo com o Serviço Nacional de Turismo do Chile. O prefeito reforçou a intenção de que Salvador se firme como um destino procurado o ano inteiro, daí a expectativa de fixar voos diretos. 

Baixo custo De acordo com o site SkyScanner, de pesquisa de passagens aéreas, a diferença das empresas low cost (baixo custo) para as demais é justamente essa oferta de preços bem abaixo do mercado. Elas conseguem isso eliminando boa parte dos custos tradicionalmente oferecidos pelas companhias aéreas comuns de forma a oferecer um serviço mais simples e objetivo. 

Essas empresas conseguem praticar preços mais baixos usando estratégias como uso de aviões de modelo único, disponibilização de apenas uma classe tarifária de voo, com assentos mais simples que acomodam mais passageiros e permissão restrita de volume de bagagem na cabine do avião. Por serviços extras como reserva de assento ou mudança/cancelamento de voo, são cobradas taxas caras.

Atualmente, além da JetSmart, outras três empresas de baixo custo operam no Brasil desde a abertura do mercado para esse setor. São elas: a Sky Airlines, Nowergian e Flybondi.