Seu filho vai voltar às aulas presenciais?

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  • Flavia Azevedo

Publicado em 30 de abril de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

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Há mães bem decididas sobre o que fazer em relação à possibilidade de aulas presenciais. Se você está naquele lugar do “ainda não sei”, dá uma olhada no que pensam essas seis mulheres. Quem sabe elas lhe ajudam a tomar essa decisão?

Andrea Fernandes (Foto:Divulgação) Andréa Fernandes (jornalista formada pela UFBA, é consultora associada da Avante - Educação e Mobilização Social, onde atua como diretora de comunicação. Mãe de Tom, 10, e Xam, 14.)

“Meus filhos não voltam às aulas presenciais neste que é o pior momento da pandemia. Digamos até que 100% dos professores estivessem vacinados e que, se apresentassem casos de covid, fosse em menor número e mais leves. E as crianças e adolescentes? Covid não pega neles? A gente ainda está vivendo aquela fantasia do início da pandemia? Vai, mesmo, se pedir um metro e meio de distância entre eles? Pedir pra não pegar na máscara? A gente tem três mil mortos por dia e sem perspectiva nenhuma de melhora Já se fala em terceira onda. A minha postura vai ser manter no online, uma realidade muito difícil, mas seria muito mais difícil se eu tivesse que encarar um dos dois doente, mesmo que seja leve, porque ainda há muitas dúvidas sobre a doença. O que eu queria, mesmo, era ouvir a voz de alguém preocupado com essas crianças e adolescentes e eu não ouvi ainda.”

Tatiana Fantinatti (Foto: Divulgação) Tatiana Fantinatti (professora de Literatura italiana da UFBA e mãe das gêmeas Florence e Clarissa, de 9 anos)

“Digo, com veemência, que não levarei as crianças à escola antes da vacina por miríades de motivos! (...) As crianças não têm o controle nem da máscara, nem das mãos, pois elas manuseiam tudo e a si mesmas. Se não são todos os adultos que compreendem os momentos em que precisam higienizar o ambiente e os objetos, imagine as crianças… elas precisariam tomar decisões sobre quando trocar a máscara, quando passar álcool na mesa, na cadeira, nos espaços pelos quais elas se movimentam. (...) Estaríamos todos envolvidos, os que levam e os que ficam em casa, sujeitos ao vírus que elas podem trazer (...) Em relação ao contato com amigas e amigos, as crianças já estão aprendendo a conviver com a pandemia e a compreender a necessidade do afastamento físico provisório. De todo modo, a escola deve oportunizar esse convívio por meio de atividades virtuais lúdicas ou de estudos em grupo. E a família (...) precisa fazer as atividades físicas com a criança, expô-la ao sol e não ao vírus, ensinar-lhes que o período é de casulo.”

Lêda Lessa (Foto: Divulgação) Lêda Lessa (psicanalista, doutora em psicologia, professora adjunta da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, mãe de Guilherme, de 19 anos, que está na universidade, e de Camila, de 14 anos, estudante do 9º ano do EF)

“Decidimos, aqui, que a nossa filha não irá para as aulas presenciais – pelo menos, por enquanto. Lemos os protocolos e constatamos o quão cuidadoso está sendo o colégio, as medidas são rigorosas e prudentes. Contudo, o cenário brasileiro, com quase 400 mil mortos, deixa ver como este momento é inadequado para o retorno. Na Bahia, um dos estados que estão mais à frente na vacinação, contamos 15% da população com a primeira dose. (...) Conversamos com a nossa filha constantemente e sabemos da saudade que ela vivencia da escola e da falta que faz para uma adolescente os encontros com as/os colegas, mas, na sua idade, é importante também fazer leituras de realidade e ela tem acompanhado as notícias sobre os descasos do governo federal na condução da coisa pública. Como ela se movimenta com autonomia em relação aos compromissos escolares e tem lidado, na medida do possível, com maturidade em relação às restrições, aguardar um pouco mais para retornar à escola com segurança não provocou muito sofrimento.” Tais da Hora (Foto: Divulgação) Tais da Hora (advogada autônoma, mãe de Heitor, de 6 anos)

“Meu filho vai voltar! A aula online se tornou um instrumento de sofrimento na minha relação com meu filho. Entre gritos, choros meus e dele, entre a atender um celular (para trabalho), olhar um processo, fazer comida... desespero e ansiedade, estamos seguindo. Não é fácil, sinto que me tornei um monstro para meu filho, não tenho didática, comparo ele com os coleguinhas e cobro! Cobro! Seja assim! Você tem que ler!!! Seu amigo já faz isso!!! Volto, peço desculpas, espero o pai chegar, me recomponho e tento, tento novamente. Em alguns dias, apenas desligo a internet e digo que foi algum problema. Não aguento mais! Eu reconheço e tenho medo da doença, mas estou num entrave grande do mal que tenho causado a meu filho. Ouço tantas condenações às mães que optaram por levar seus filhos à escola, é provável que venham de pessoas que não estejam enfrentando de maneira tão dolorosa esse processo.”

Maria Quécia (Foto: Divulgação) Maria Quécia, (administradora de empresas, mãe de Valentim, 6 anos)

“Entendo que nem toda escola está preparada para a volta às aulas, mas até quando esperaremos essa preparação, se nem ao menos é tocado no assunto, cobrado ou monitorado a evolução desta? Eu, particularmente, sou a favor da volta às aulas de modo facultativo e também observarei muito os protocolos para ver se meu filho consegue cumprir e se adaptar. As crianças são, sim, capazes de seguir protocolos. São até mais disciplinadas do que os adultos. (...) Hoje, tenho o privilégio de trabalhar no home office, mas pela rotina que tenho, não consigo dar atenção devida no acompanhamento das aulas. Muitos pais estão tirando as crianças da escola porque a vida deles voltou ao normal e eles não têm uma rede de apoio para acompanhar as crianças com as aulas remotas. Quantas famílias precisam deixar seus filhos com vizinhos? Ainda não temos dimensão do estrago que essa pandemia vai causar na vida dessas crianças. Infelizmente, no futuro teremos uma defasagem de aprendizado, traumas com estudo, muitas histórias de abuso sexual etc.”

Viviane Darnel (Foto: Divulgação) Viviane Darnel (advogada, mãe de aluna do ensino fundamental I)

“A quem interessa esse isolamento social das crianças? A presença dos alunos nas escolas diminui os problemas causados pelo isolamento social e retoma a confiança das famílias na relação com a escola , com os professores podendo, consequentemente, minimizar o déficit de aprendizagem causado nesse período, que poderá ser irreparável. As crianças são as que menos transmitem o vírus e as que menos conseguem aprender com ensino a distância. Ou então liberem o ensino domiciliar (Homescholing) e deixem que os pais decidam como será o ensino de seus filhos.”