Shoppings Lapa e Piedade têm filas do lado de fora e público se aglomera por promoções

Teve gente que aproveitou para antecipar presente do Dia dos Pais

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  • Gil Santos

Publicado em 24 de julho de 2020 às 12:54

- Atualizado há um ano

. Crédito: Gil Santos/CORREIO

Não dá nem para acreditar. Depois de passar quatro meses fechados, que mais pareceram um século, os shoppings centers finalmente reabriram. Neste 24 de julho de 2020, uma sexta-feira, os comerciantes desses estabelecimentos sextaram um pouco mais aliviados após 120 dias de lojas fechadas. O primeiro dia de portas abertas atraiu o público, e o resultado foram filas e algumas aglomerações nos principais equipamentos da cidade, ao menos foi assim nas primeiras horas. 

Os shoppings interromperam as atividades em março, na primeira semana da pandemia, e conforme anunciado pela prefeitura, só poderiam reabrir quando a taxa de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Itensiva (UTI) da capital para covid-19 permanecesse cinco dias seguidos em 75% ou menos. Essa meta foi atingida no domingo (19), e assim permaneceu até ontem, o que permitiu a reabertura hoje. 

Abriu, mas ainda não voltou ao normal, ou como disseram alguns dos clientes “agora, existe um novo normal”. A mudança começa com o horário de funcionamento, das 12h às 20h, e não das 9h às 22h, como antes. Nossa primeira parada foi no Shopping Center Lapa onde meia hora antes da abertura a fila para entrar no prédio que começava na rua Conselheiro Junqueira Ayres,na lateral, subia em direção à Piedade, dobrava no sentido Nazaré e seguia pela calçada, dando a volta no shopping e continuando até as imediações do prédio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Muita gente reclamou. 

"Meu Deus, isso é a fila? Mainha, vamos deixar para vim outro dia. Está muito cheio", disse uma mulher acompanhada de uma idosa. A recepcionista Marina Ramos, 35 anos, resolveu enfrentar. Usando a bolsa para tentar se proteger do sol ela se justificou. 

"Eu já precisava vim ao Centro para comprar umas coisas para minha mãe, ela é costureira. Aí, aproveitei para comprar o presente do Dia dos Pais, de meu pai e do meu marido. Vou fazer isso logo para não ter que voltar aqui de novo e me expor de novo ao risco", afirmou.

No Shopping Piedade não foi diferente. Pessoas se aglomeram nos portões antes da abertura, mas tiveram que se organizar em duas filas para conseguir entrar. Um segurança aplicava álcool nas mãos dos clientes, outro orientava o público em uma segunda fila para que um terceiro funcionário realizasse a medição da temperatura, e, então, as pessoas estavam livres para aproveitarem as promoções. Quer dizer, quase isso. As lojas não ofereceram preços muito abaixo do normal nesse primeiro dia e algumas inclusive nem abriram as portas. Como o consumo de alimentos e bebidas está proibido na praça de alimentação, o local ficou vazio. Nem as cadeiras foram deixadas no local para que nenhum engraçadinho desrespeitasse a norma. 

Desde que anunciou a possibilidade dos shoppings reabrirem o prefeito vinha pedindo para as pessoas só saírem de casa se necessário, e os motivos que os clientes apresentaram para quebrar a quarentena, nesta sexta-feira, foram diversos. A maioria contou que foi atrás de promoções. Praça de alimentação do Piedade, sem cadeiras (Foto: Gil Santos/CORREIO) Apesar do tumulto muitos antes da abertura, os corredores ficaram pouco movimentados e os clientes usaram máscaras. As lojas emitiam avisos sonoros lembrando das medidas de isolamento e que os provadores estavam proibidos. Como contrapartida, algumas estenderam o período para troca das roupas e outras peças.

Com saudade dos sanduíches do fast food, a estudante Rafaela Ferreira, 22, pensou em aproveitar que estava na região para fazer uma boquinha. Ela não sabia que a praça de alimentação ainda não está autorizada a funcionar. Essa é a segunda mudança, além da alteração no horário de funcionamento. Quem quiser, pode retirar o lanche e levar para consumir em casa. Não era isso que Rafaela tinha em mente. 

“Eu queria aproveitar o shopping, o ar condicionado e não precisar sair comendo pela rua. Não sabia que estava proibido usar as mesas, mas faz sentido. É muita gente junta, sem máscara porque está comendo, então, o risco de contaminação é maior. Tem que fechar mesmo”, disse, mas emendou: “Mas eu estou doida para comer essas besteiras. Eles poderiam liberar uma pessoa por mesa, né”, brincou. 

A terceira mudança é que apesar das lojas estarem abertas, academias, salões de beleza e barbearias que funcionam nesses espaços ainda não podem reabrir. Assim como as praças de alimentação, eles fazem parte da segunda etapa de retomadas das atividades econômicas que só será ativada quando a taxa de ocupação dos leitos estiver em 70% ou menos, e após 14 dias do início da primeira fase, por isso, a estimativa é de que esses negócios voltem à ativa somente em meados de agosto. Já os cinemas, somente na terceira fase.  Praça de alimentação do Center Lapa (Foto: Gil Santos/CORREIO) Gerente de Marketing do Center Lapa, Ivanir Matos disse que esperava ter menos trabalho nesse primeiro dia, mas contou que os clientes respeitaram a distância exigida e se comportaram bem nesta reabertura.

"Por a gente estar aqui no Centro, com um fluxo de pessoas muito maior, tínhamos nos planejado para fazer um trabalho mais intenso de orientação e organização do fluxo", disse.

Quem teve mais dúvidas neste primeiro dia foram os próprios lojistas, sobre o número limite de pessoas por loja e se esse volume leva em consideração o número de funcionários de cada estabelecimento.

Os templos religiosos e as lojas com mais de 200 metros quadrados também voltaram a funcionar nesta sexta-feira. Na Avenida Sete de Setembro houve filas e aglomerações, mas os clientes respeitaram o uso das máscaras e usaram o álcool oferecido pelos lojistas.