Silverino Ojú propõe conexões culturais através da moda em criação para o AFD 2020

Para artista plástico, a moda deve propor uma visão de mundo mais consciente

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  • Do Estúdio

Publicado em 4 de novembro de 2020 às 17:42

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fotos: divulgação

Apesar de não se considerar uma marca e ainda não ter loja física ou virtual, o artista plástico Silverino Ojú fez sua primeira coleção utilizando resíduos, em 1998, como parte de um projeto de conscientização sobre coleta seletiva e reaproveitamento do lixo na comunidade. De lá para cá foi finalista do Concurso Nacional Levi’s - Anhembi Morumbi, ganhou o Novos Talentos do Barra Fashion Bahia 2001, foi aluno especial do Pós-Afro, com a proposta de pesquisa ligada a indumentária e diáspora, e participou das duas últimas edições do Afro Fashion Day.

Em seu projeto de moda autoral mais recente, a Coleção Fest a Pret’a, o artista plástico se propõe a criar conexões diversas, a exemplo da experiência e valorização do ofício tradicional da alfaiataria, feita no Centro Antigo de Salvador, como também a releitura, criação e desconstrução da atividade. “Há alguns anos, venho pesquisando, aprendendo e trabalhando com alfaiataria (agênero). Baixíssima escala de produção e slow-fashion, com peças-piloto únicas do acervo”, aponta.

Para Silverino a moda é um segmento que deve propor novas formas de visão de mundo mais consciente, a partir de sua própria produção. E no período da pandemia, a moda também está sendo palco da desconstrução das relações de mercado e consumo. “O meu trabalho já trilhava, antes da pandemia, um caminho propositivo de pesquisa sobre tendências, mas também sobre ofícios tradicionais inviabilizados como a alfaiataria, bordados e trabalhos manuais. Além da discussão racial bem pertinente, se pensarmos que a população com mais vulnerabilidade ao adoecimento é formada por são pessoas pretas e pobres”, diz.

Como veterano do AFD, Silverino destaca a relevância do evento para Salvador e do tema escolhido para a edição desse ano. “Acho relevante um evento baiano com uma proposta como essa em Salvador, primeira capital do Brasil, palco da diáspora africana. A moda se utiliza de códigos culturais e aproxima pessoas, estabelece uma comunicação e a possibilidade de conexões. Nada pode ser mais baiano e afro que o dendê, escolhido como tema”, afirma.

Conheça mais sobre o criador: @silverino_oju

Afro Fashion Day 2020 Criado em 2015 pelo jornal CORREIO, o Afro Fashion Day celebra todos os anos o mês da Consciência Negra exaltando o talendo dos modelos negros e a criatividade das marcas baianas. Com a pandemia do novo coronavírus, a edição de 2020 passou por mudanças em seu formato. No lugar do desfile tradicional, foi produzido um fashion film estrelado pelos 31 modelos e 37 marcas que integram o AFD nesta temporada. O lançamento será em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, no Youtube do veículo de comunicação.

O Afro Fashion Day é um projeto do Jornal CORREIO com o patrocínio do Hapvida e a parceria do Sebrae.

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