Sindicato acusa Shopping Paralela de despejar lojistas

Centro comercial nega os despejos mas sindicato alega 40 lojas fechadas

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  • Gabriel Amorim

Publicado em 28 de julho de 2020 às 05:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Nara Gentil/CORREIO

Apesar da recente reabertura dos shoppings na capital  quem decidir ir ao Shopping Paralela pode encontrar muitas lojas fechadas. Segundo o Sindicato dos Comerciários de Salvador, desde o mês de junho, lojistas vem sendo despejados do centro comercial e, desde março, já são pelo menos 40 lojas sem funcionar. Cada loja fechada, segundo a entidade, representa uma média de oito empregos perdidos para os comerciários.

Procurado pelo CORREIO, o Paralela negou que despejos tenham ocorrido durante a pandemia. “A Saphyr Shopping Centers, administradora do Shopping Paralela continua com seu propósito de buscar soluções que visem a manutenção do negócio e a perenidade dos parceiros, realizando ações que minimizem o impacto causado pela pandemia. Dessa forma, realizou alterações significativas nos boletos desde o momento inicial”, completa a nota.    O shopping alega ainda uma comunicação constante com cada lojista para negociações e apoio nesta retomada. “Ciente de que estar próximo dos lojistas nesse momento é primordial, o time administrativo tem acompanhado de perto todos eles, tratando cada negociação de forma individual, entendendo as particularidades e necessidades de cada operação”, diz o texto.    Em uma busca simples no Tribunal de Justiça da Bahia, no entanto, é possível encontrar mais de quinze ações de despejo por falta de pagamento movidas pelo Consórcio Empreendedor Shopping Paralela. Questionado, o centro comercial informou que todas as ações em curso foram iniciadas antes da pandemia.    Do outro lado, quem representa os comerciários, alega que a relação com a administração do Shopping vem sendo díficil desde antes da suspensão das atividades e que possíveis inadimplementos acabaram sendo inevitáveis diante de um esvaziamento do centro comercial. “A relação dos lojistas com o shopping tem sido de atrito. Já tem uma relação conflituosa com o Paralela desde antes. Desde que houveram problemas na obra realizada no ano passado, para entrada de uma faculdade lá, várias coisas foram acontecendo, rachadura em estacionamento, vários problemas e isso foi gerando um esvaziamento do shopping, o consumidor não ia. Aí acaba ficando muito difícil o lojista arcar com os custos que o shopping impunha. Na pandemia, o pagamento do aluguel só foi suspenso por decisão judicial, mas o shopping nunca apareceu para negociar com os lojistas”, relata o diretor jurídico do Sindicato dos Comerciários, Alfredo Santiago.   Problema antigo A obra citada pelo sindicato foi, segundo lojistas, finalizada em março de 2019 e gerou de fato uma diminuição no número de clientes. “A obra que foi realizada no ano passado prejudicou muito o shopping. Aconteceram vários problemas, não foi planejada, e isso deixou uma imagem de que o shopping ia cair, que estacionamento estava rachando, acabou espantando clientes, gerou um clima de medo e insegurança, e fragilizou muito vários lojistas. As vendas já caíram muito e óbvio que o fluxo de caixa dos lojistas caiu, por conta desse desgaste na imagem do shopping. Isso já gerou inadimplência de alguns lojistas mesmo antes”, disse sem se identificar um dos lojistas atingidos pelo despejo.    Segundo ele, hoje o Paralela funciona com 30% das lojas fechadas. Além das atingidas pelas ações de despejo, várias lojas decidiram sair do shopping durante a crise. “Esse tanto de loja fechada ainda gera mais prejuízo para quem tá tentando se manter aberto. Porque essas lojas não estão entrando na divisão das despesas de condomínio. O normal é que um shopping tenha de 3 a 7% de suas lojas fechadas porque os demais conseguem suportar o pedaço que caberia a essas lojas, mas com muita loja fechada o custo fica muito alto”, diz o empresário.

Além dos prejuízos financeiros, os lojistas alegam que a grande quantidade de lojas fechadas acaba por espantar os clientes que acabam escolhendo outros centros comerciais. “Tem que ter um mix de lojas para que o shopping fique atrativo para o cliente, tem que ter loja infantil, loja masculina e feminina, de brinquedo, de roupa de festa. Vários setores desses já não tem mais lojas no Paralela. Então o cliente que vai precisar resolver mais de uma coisa vai escolher outro shopping para fazer tudo de uma vez”, diz outro atingido pelos despejos, que também preferiu não se identificar.   

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela