Sindicato mantém versão de que não retorna as aulas no dia 26 de julho

Grupo vai se reunir nessa sexta-feira (16) para decidir os passos da mobilização

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  • Daniel Aloísio

Publicado em 14 de julho de 2021 às 16:01

- Atualizado há um ano

. Crédito: Nara Gentil/Arquivo CORREIO

Mesmo com a ameaça de corte no salário dos professores que não ministrarem as aulas semipresenciais a partir do dia 26 de julho, os professores mantêm a versão de que não retornam até que a categoria tome a segunda dose da vacina, o que só deve acontecer em agosto. A declaração foi dada pelo professor Rui Oliveira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB).  

“Desde o ano passado, a determinação é essa. Nós só vamos voltar vacinados. E para a vacina funcionar, tem que ter as duas doses”, disse Oliveira, que considera uma posição autoritária do Governo do Estado a determinação do corte de salários.  “Nós estamos lutando pelo diálogo. Temos uma posição muito clara de que só voltaremos com a segunda dose. Todo mundo vai tá vacinado dentro de um mês  e é inadmissível essa volta às pressas. Para um governo que se diz democrático, é um embate político sem sentido”, reclama.  Por outro lado, o governador Rui Costa criticou a posição do sindicato e reafirmou que as aulas voltam no dia 26. “Nós servidores temos a obrigação de servir a sociedade. Se nós temos a remuneração, temos a obrigação de servir. Sem polemizar, as aulas voltarão no dia 26 e não é possível que cada trabalhador diga qual o mês que quer trabalhar. A sociedade não aceita isso. Se os motoristas de ônibus dissessem que só querem trabalhar em agosto de 2021, como o país estaria? Isso não é racional e acho esquisito que alguém tenha coragem de abrir a boca para falar um negócio desse”, criticou.  

A declaração foi dada durante a apresentação da 1ª turma do Curso de Formação de Tenentes Auxiliares da PM, na Vila Militar dos Dendezeiros, em Salvador. "Se as pessoas não tivessem recebendo salário há um ano e quatro meses, tudo bem. Mas as pessoas em casa, no shopping ou em qualquer outro lugar, só não podem ir para a escola dar aula? Não é razoável", disse Costa. 

Já o presidente da APLB comentou sobre outros problemas relacionados com o retorno das aulas, como a infraestrutura das escolas estaduais. “Tem unidades na zona rural que nem banheiro tem”, lamenta. Para o sindicalista, é importante que o Ministério Público faça um trabalho de fiscalização. “Nós não somos fiscais do governo e pedimos que o MP verifique as condições de biossegurança onde os professores vão trabalhar”, diz.  

Para lidar com toda essa situação, a categoria vai ter uma reunião nessa sexta-feira (16), às 10h, que será transmitida na página do Facebook da APLB. A possibilidade de greve não está descartada. “Tudo é possível. Não vou me precipitar para dizer greve, pois depende dessa reunião, que vai com certeza reforçar que só voltamos com a segunda dose”, apontou Oliveira.  Rui Oliveira é o presidente da APLB (Foto: divulgação) Leia mais: Tudo o que você precisa saber sobre a volta às aulas na rede estadual 

Governador justificou melhora nas condições epidemiológicas para volta às aulas As aulas semipresenciais na rede estadual de ensino voltarão no dia 26 de julho, como anunciou governador da Bahia, Rui Costa, em live realizada pela sua rede social, na noite de terça-feira (13). Segundo o governador, as condições epidemiológicas da covid-19 melhoraram no estado, o que o levou a tomar essa decisão. A taxa de ocupação de leitos das Unidade de Terapia Intensiva (UTIs) está em 62%, menor taxa desde março. Ele também citou uma redução na média móvel de casos ativos.   "A média móvel de casos tinha dado uma subida, mas voltou a inclinar para baixo. Isso foi efeito do São João, mas os números já baixam novamente e continuam caindo. Esperamos que as pessoas continuem usando máscara para o número continuar caindo, se Deus quiser", explicou Costa As aulas retomaram no dia 15 de março, no modelo 100% remoto. A partir do próximo dia 26, serão híbridas. "Isso significa que serão em dias alternados, a turma será dividida em duas, metade irá segunda, quarta e sexta e a outra terça, quinta e sábado, por ordem alfabética, mas vamos dar a liberdade para que cada escola faça seu ajuste", esclarece.   

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Para o retorno híbrido, o governador disse que haverá distanciamento de, pelo menos, uma carteira entre alunos na sala de aula, obrigatoriedade do uso da máscara e uso de álcool 70%. O transporte escolar, que conduz 30% dos alunos da rede, não poderá ultrapassar 70% da ocupação.  

Ainda haverá ampliação da carga horária dos professores de 20 para 40 horas semanais. Além disso, novos docentes serão contratados pelo Reda 2019 e os educadores aprovados no concurso público de 2017 serão convocados.  

A carga horária das aulas é de 6h40 por dia. Ao todo, o calendário letivo, que dura até o dia 29 de dezembro, terá 1.500 horas de carga horária, sendo 700 horas do ano de 2020 e 800 horas do ano de 2021. Ou seja, serão dois anos letivos (2020 e 2021) dentro de um ano civil. 

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PROTOCOLO SANITÁRIO 

Os protocolos a serem seguidos na rede estadual são muitos e divididos por setor. Os principais são:  Sala de aula - Cada turma será dividida em duas, e frequentará de forma escalonada, com mesma carga horária; janelas abertas e, se houver ar-condicionado, não pode ser mantido no modo recirculação de ar   Estudantes do turno noturno - podem optar por assistir às aulas do sábado no turno vespertino. Há possibilidade de realizar as atividades de forma não presencial   Áreas comuns - distanciamento mínimo de 1,5 metro, disponibilização de álcool em gel ou álcool 70% e higienização diária das áreas comuns   Elevadores - usados com 30% de capacidade e exclusivo para deslocamento de materiais e produtos, e para alunos e funcionários com dificuldades de locomoção   Entrada - trabalhadores, prestadores de serviço e estudantes devem higienizar as mãos com água e sabão ou álcool em gel 70%; todos terão a temperatura aferida e aqueles com resultado igual ou superior a 37,5°C devem ser direcionados para acompanhamento de saúde adequado   Grupo de risco - funcionários e alunos do grupo de risco da covid-19 devem avaliar outras formas de retorno enquanto durar a pandemia   Uso de máscara - obrigatório para todos, exceto para alunos da Educação Infantil, de 0 a cinco anos, e os portadores do Transtorno do Espectro Autista (TEA)    Fluxo – de entrada, saída e intervalos de forma escalonada para manter o distanciamento mínimo    Transporte escolar - janelas abertas, higienização no princípio e ao final do dia, distanciamento e as máscaras obrigatórios; capacidade até 70%   Banheiros - número máximo de pessoas que poderão acessar ao mesmo tempo deverá levar em consideração o distanciamento mínimo de 1,5 metros. Os basculantes e janelas devem ficar abertos.  Bebedouros - não serão interditados, mas o uso coletivo deles deve ser evitado. Cada aluno deve levar sua garrafa de água ou copo descartável   Refeitório - cada estudante deve usar talheres, pratos e copos individuais e próprios. Eles não podem ser compartilhados e só é permitida a disponibilização de temperos, molhos, condimentos e similares de forma individualizada, em sachês e apenas no momento de cada refeição   Bibliotecas - elas devem ser sejam utilizadas por turnos e em horários diferenciados por cada turma, preservando-se sempre o distanciamento mínimo de 1,5 metro   Esporte - optar sempre que possível por atividades ao ar livre. Não é recomendado o uso de máscaras durante atividade física aeróbica, à excepção dos professores. As atividades e esportes de maior contato físico, como lutas marciais, deverão ser evitados.     Eventos - festas de aniversário ou celebração de formatura são proibidos   Contato com os pais - e-mail, WhatsApp, telefone ou presencial, com agendamento prévio  * Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro e colaboração de Gil Santos.