'Sinto como se tivessem me matado', diz avô de menino morto por bala perdida

Davi Lucas Santos, 10 anos, foi atingido enquanto jogava bola na rua em Jauá

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  • Wendel de Novais

Publicado em 19 de agosto de 2022 às 11:51

. Crédito: Reprodução e Wendel de Novais/CORREIO

O que era para ser uma das primeiras vezes em que Davi Lucas Santos, 10 anos, jogava bola com amigos na rua se transformou no último momento do menino em vida. Morto por uma bala perdida por volta das 18h30 de quinta-feira (18), na Rua São Francisco, em Jauá, ele estava com vizinhos quando ouviu motos passarem pela rua atirando. Os outros até conseguiram correr e evitar as balas, mas Davi não teve a mesma sorte e acabou atingindo por um disparo na altura do peito esquerdo.

Sem entender que tinha se ferido, ele correu para casa em busca de ajuda, como relata Maria Vilma da Silva, 53, avó dele. "Quando aconteceu e o tiro acabou pegando nele, Davi veio correndo para o bar que fica logo na frente e mãe estava. Na hora, ele disse 'mamãe eu não sei o que aconteceu' enquanto chorava de dor. Ele não tinha o costume de brincar assim, passava o tempo todo em casa e, quando saiu, ocorreu essa fatalidade. Todo mundo aqui está sem acreditar", diz ela, sem conseguir segurar o choro. Polícia reforçou policiamento na rua após morte de menino (Foto: Wendel de Novais/CORREIO) Vizinho da família, Djalma Pinheiro, 38, ouviu de casa os disparos e chegou a confundir com fogos de artifício antes de sair e ver Davi nos braços da mãe. "Eu ouvi e achei que fosse alguma comemoração. Quando teve um grito fino de desespero, eu saí correndo para prestar assistência. Ele estava com a mão no peito contando a ela o que aconteceu quando eu cheguei. Na hora que tirou a mão, o sangue jorrou mesmo. No desespero, ela ainda abraçou para tentar parar o sangramento, só que não dava", relata Djalma, que testemunhou os momentos de desespero dos familiares. 

O pai não estava em casa na hora, mas voltou rapidamente para prestar socorro a Davi e levá-lo para a UPA de Arembepe. José Santos, 53, avô de Davi, conta que, mesmo com a chegada na unidade para atendimento, ele não resistiu. "Pouco depois da gente chegar lá para Davi ser atendido, o médico falou que precisava falar com a família e nos levou para uma sala para conversar. Não demorou muito entre o momento que chegamos lá e eles vieram dizer que não tinham conseguido salvá-lo e Davi tinha falecido", lembra ele.

Desespero familiar José também estava muito emocionado ao falar com a reportagem sobre a morte do neto. Ele relatou uma proximidade grande com Davi e que até o apelidou de 'chamego'. "Era melhor que tivesse sido eu porque sinto como se tivessem me matado mesmo. Davi era meu chamego e ia comigo para tudo que é lugar. Desde quando tinha um ano, a gente brincava nessa Jauá toda aqui. A fazenda lá que eu tenho ele dizia que ia crescer e cuidar. Tinha todo um futuro porque era um menino bom, mas em um momento de tiroteio se acabou", lamenta ele.  Davi Lucas era apegado com os avós e não brincava na rua com frequência (Foto: Reprodução) A avó, dona Maria Vilma, disse que toda a família está abalada com a partida precoce do pequeno. "Estão todos arrasados aqui, ninguém conseguiu pregar o olho e dormir nessa casa. Acho que foi assim para a rua toda. Era um menino obediente e gentil, nunca deu problemas para a gente que cuida dele. Na hora que eu chamava para a igreja, ia sem reclamar. Agora perdi essa companhia do meu neto", diz Maria Vilma. 

Investigação Em nota, a Polícia Civil informou que ainda não há informações sobre o que motivou e quem estava envolvido no tiroteio. O crime está sendo investigado pela 26ª DT\Vila de Abrantes. 

Testemunhas já foram convocadas para prestar esclarecimentos na delegacia, que solicitou imagens de câmeras de segurança da região para ajudar na identificação dos envolvidos. Guias de perícia e remoção foram expedidas.

A família ainda está tentando liberar o corpo de Davi e ainda não se sabe quando ele será enterrado.