Só a segurança jurídica pode trazer mais investimentos

Competitividade: superintendente da Fieb diz como infraestrutura pode ajudar Bahia a se desenvolver

  • Foto do(a) author(a) Priscila Natividade
  • Priscila Natividade

Publicado em 26 de outubro de 2021 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação/ Cofic

Se nos últimos anos a Bahia foi capaz de atrair mais de R$ 16 bilhões em investimentos de infraestrutura através, de concessões, o que falta para atrair ainda mais recursos? Quem responde esta pergunta é o superintendente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Vladson Menezes, que conversou com o jornalista Donaldson Gomes ontem no Programa Política & Economia, sobre como as demandas de infraestrutura podem alavancar a competitividade do estado frente ao mercado. 

“Temos várias necessidades de investimento, que, se tivesse um cenário mais tranquilo, aconteceriam. Isso não é só uma questão estadual, mas nacional. E a gente tem muito potencial, mas nada disso vai rodar sem um ambiente de negócios favorável. Em qualquer área, a iniciativa privada é importante tanto na questão da disponibilidade de recursos como também, na flexibilização e contratação de mão de obra”, analisou Menezes.  Donaldson Gomes, editor do CORREIO (acima), durante a entrevista com o superintendente da Fieb, Vladson Menezes (Foto: Reprodução) Só para ter uma noção do tamanho da importância da infraestrutura, um estudo feito pela Confederação Nacional da indústria (CNI) em 2016, já mostrava que o país precisava dobrar os investimentos nesse segmento. Naquela época, o volume correspondia a 2% do Produto Interno Bruto (PIB). No ano passado, claro que com impacto da pandemia, esse volume foi de 1,55%. “O Estado não tem dinheiro para investir nas áreas de infraestrutura. É preciso estar atento à segurança jurídica. A gente vê um avanço das questões regulatórias, mas é necessário também ter estabilidade. As concessões são contratos longos, de 25, 30 anos. Essa regra atual vai permanecer? Esse país é estável? Vale a pena? O investidor não pode tomar susto”, reforçou.  Economista, mestre em Economia pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), Vladson Menezes é professor na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs). O  superintendente da Fieb, destaca também o retorno e os benefícios das concessões, sobretudo, para a indústria. 

“Quando eu tenho uma indústria mais forte e desenvolvida, ela não apenas vai gerar mais emprego, mas também mais demanda por insumos e prestação de serviços, gerando renda, desenvolvimento e qualidade de diva para a população”, completa. 

Competividade Durante o programa Vladson Menezes comentou também algumas experiências de concessões baianas que ele considera bem-sucedidas, entre elas o Aeroporto de Salvador, Hospital do Subúrbio e o Porto de Salvador.“O Tecon (Terminal de Contêineres do Porto de Salvador), por exemplo, se modernizou, fez novos investimentos, ampliou sua capacidade.  Os indicadores melhoraram. Já no caso do aeroporto, apesar do problema atual da limitação de voos, houve uma ampliação e a qualidade do serviço melhorou muito. O Hospital do Subúrbio é mais um bom exemplo”. No momento, a expectativa da indústria está em torno da Fiol. Depois de leiloar o trecho 1 da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol 1), que vai ligar Ilhéus a Caetité, o Governo Federal projeta a concessão em um único bloco dos trechos 2 (entre Caetité e Barreiras), 3 (Barreiras a Figueirópolis, em Tocantins) e a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico). O leilão deve acontecer ainda em 2022, de acordo com o Ministério da Infraestrutura.

Menezes defendeu que é preciso ligar o trecho da Fiol II e III com a Fico. “Precisamos trabalhar essas concessões com a bancada da Bahia, governo do estado e até com a bancada do Centro-Oeste para chegar a esse caminho e com isso tudo ligar os grãos do Centro-Oeste ao Porto Sul. Se a fico for incluída talvez fique mais fácil para o concessionário trabalhar”. 

O Ranking de Competividade dos Estados elaborado pelo Centro de Liderança Pública (CLT), em 2021, mostra que a Bahia manteve a mesma posição em relação a 2020, ocupando o 18º lugar. Em termos de infraestrutura, a colocação cai para 19º. O estudo avalia as 27 unidades federativas em 86 indicadores. O estudo destaca como potenciais do estado a eficiência da máquina pública, solidez fiscal, sustentabilidade ambiental e inovação. 

No entanto, ainda são desafios pontos como a segurança pública, potencial de mercado, infraestrutura e sustentabilidade social.  Antes de concluir, o superintendente da Fieb comentou esses resultados: “a gente precisa criar competitividade. Temos hoje uma infraestrutura ineficiente”.

Ele cita como exemplo o caso da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). “Se observarmos o caso da FCA, é uma malha ferroviária do século 19, que não passou por modernização. Como não há investimento essa carga acaba indo para outros modais pagando mais caro, justamente por não termos condições ideais de escoamento da produção e de insumos. É a confiança na estabilidade da economia que pode, de fato, trazer esses investimentos”, ressaltou. 

No último fim de semana, o CORREIO publicou o caderno especial Bahia Forte, com reportagens sobre concessões, seus benefícios e expectativas de novos investimentos. Para ler, clique aqui. 

O Projeto Bahia Forte é uma realização do Correio com patrocínio da Viabahia e Wilson Sons.