Sobre Tim Maia e a imunização racional

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • Foto do(a) author(a) Kátia Borges
  • Kátia Borges

Publicado em 20 de dezembro de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Enquanto espero que a vacina chegue, faço um teste virtual que me situa numa possível fila de imunização. Nessas circunstâncias, alguns pensariam até que seria bom ter uma comorbidade que permitisse saltar do último grupo ao terceiro. Que tempos, senhores! Mas, em se tratando do Brasil, o andar de qualquer fila depende de uma infinidade de fatores. Em certo banco, por exemplo, o critério é a amizade.

Você fica lá na fila, aguardando em paz e em distanciamento, enquanto assiste o desfile de amigos dos funcionários atropelarem todas as regras de civilidade e coerência. Em geral, os bróders dos bancários nem olham nos olhos de quem espera, simplesmente entram, ciceroneados com delicadeza pelos seus vizinhos, namorados, parentes, ou seja lá o que seja. Creio que na imunização não será muito diferente.

Mas ela virá, e isso pede toda a nossa paciência. Muito em breve, muito em breve. Enquanto espero penso que, desde março, meus sobrinhos-netos de sete anos cresceram alguns bons centímetros e perderam seus dentes de leite... O tio deles colou grau em medicina e assisti ao vídeo por um link. A irmã dele se formou em direito numa cerimônia transmitida online. Festas adiadas por conta da pandemia.

Felizmente, vidas em movimento apesar da pandemia. Na semana passada, lancei um livro de crônicas. No momento, tento concluir um livro de poemas. O “não se sabe até quando” estica a corda e vamos nos equilibrando sobre ela dia a dia. O Natal se aproxima, e é certo que o ano vira, independentemente da queima de fogos. Logo farei aniversário. Lembro das nossas perspectivas em março de que não demoraria.

Em janeiro, o Verão não fará cerimônia, invadirá os céus com ou sem pandemia. E o certo é que entraremos em um novo período perigoso com praias lotadas. Porque a vacina ainda demora uns meses para todos. Enquanto espero, faço o teste da revista digital. Na verdade, uma dessas brincadeiras informativas que se recebe por mensagem no smartphone junto com uma enxurrada de mentiras e teorias da conspiração.

Recebi, por exemplo, o vídeo de um senhor que diz que estamos sob ataque. Sim, segundo o ilustre desconhecido, há um misterioso plano em curso para extinguir parte da humanidade e assumir o comando do planeta. Uma senhora dissemina por aí a inexistência do vírus que, apenas no Brasil, já devastou quase 200 mil vidas. Outra moça argumenta que teremos o DNA modificado pela vacina.

São balelas sem fundo científico, como comprovam os estudos publicados na The Lancet e em outras revistas que se dedicam às Ciências. Vale a pena ganhar alguns minutos de seu dia pesquisando sobre o tema em fontes sérias. Enquanto espero que a vacina chegue, escuto Tim Maia cantando Imunização Racional e a letra soa meio profética nesses tempos. “Que beleza é, sem medo, distinguir o mal e o bem”.