SP: idoso contrai dívida de R$ 2,6 milhões após ficar 191 dias internado com covid

Carlos Higa, 72, foi internado em unidade de saúde particular e teve alta nessa segunda (4)

  • D
  • Da Redação

Publicado em 5 de outubro de 2021 às 23:04

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo Pessoal

Se já não bastasse passar 191 dias internado, sendo 100 deles intubado por conta de complicações causadas pela covid-19, Carlos Massatoshi Higa, de 72 anos, contraiu uma dívida de R$ 2,6 milhões. Ele foi tratado no Hospital São Camilo, na Zona Norte de São Paulo, e teve alta nesta segunda-feira (4). 

A família diz que não sabe como irá pagar a conta. Juliana Suyama Higa, de 37 anos, filha do Sr. Carlos, se diz desesperada.

“Eu sei que estou devendo, estou preocupada, posso dizer inclusive desesperada. Confesso que ainda não sei como vou pagar. O importante é que ele está aqui. Eu realmente achei que ele não ia ficar com a gente. Eu vi meu pai entrando em coma. Os médicos desenganaram e não foi só uma e nem duas vezes. Foi uma luta surreal. Não tem como descrever”, conta a professora da rede municipal e doutora em microbiologia, em conversa ao G1.

Ela conta que tentou o atendimento pelo SUS, mas não conseguiu vaga. “Meu pai foi internado no dia 27 de março. Foi bem naquela época em que teve um boom de internações por causa da variante de Manaus e faltou vaga em hospital público. Faltava até medicamento para intubação. No desespero, fomos direto para o particular, mas eu sabia que não tinha vaga no Hospital Geral Vila Penteado”, afirma.

"Os médicos desenganaram várias vezes, falaram que o caso era complicado e que era para preparamos a família. Ele ainda teve de fazer hemodiálise constante com um equipamento chamado prisma, e o aluguel é caríssimo”, conta Juliama.

Todas as economias da família já foram usadas e eles ainda precisam arcar com os custos da recuperação de Carlos Higa, que precisa de fonoaudiologia e fisioterapia.  

“A gente não está se recusando a pagar, se tivéssemos [o dinheiro], teríamos pagado, mas esse valor é surreal para qualquer família de classe média. Sou professora, meu pai era dono de banca de jornal. Não temos condições."

Para tentar arrecadar o dinheiro necessário, Juliana organizou uma vaquinha que já arrecadou cerca de R$ 67 mil.   “Estamos usando esse dinheiro para custear a última internação e para pagar vários custos de pós-internação. Não temos mais condições. Mas é uma vida e vida não tem preço”, declara.