Startups contam o que mudou com participação no Desafio Acelere[se]

Conheça os perfis das sete empresas baianas

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 19 de novembro de 2018 às 05:50

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação/Rede+

As sete startups participantes do Desafio de Inovação Acelere[se] revelam o que aprenderam no decorrer das 12 semanas do programa de mentorias e capacitações especializadas. Confira:

As três vencedoras

CLOSET – 1º lugar

Imagine a possibilidade de pegar aquele vestido chique de festa comprado e usado uma única vez e usá-lo como crédito para alugar outros vestidos para as mais variadas ocasiões, sem perder a peça original. Essa é a proposta da startup baiana Closet, primeira colocada no Desafio de Inovação Acelere[se], promovido pelo jornal CORREIO* e pela aceleradora Rede+ como uma das atividades do Fórum Agenda Bahia 2018.

De acordo com Camilla Raupp, a ideia de criar uma loja com uma proposta de consumo consciente surgiu quando ela e a sócia Thaís Godinho se reencontraram num jantar em São Paulo, em 2015, após terem se conhecido em Londres, no período em que ambas foram aprimorar os estudos do inglês. As duas fundaram a Closet em 2016. “Na Inglaterra, esse tipo de negócio é comum, mas só agora a proposta começa a ganhar força por aqui”, diz Camilla. Camilla Raupp A startup possui uma loja física e uma virtual, onde as clientes realizam um pré-atendimento, escolhendo a peça e reservando para a data desejada. Na Closet, há vestidos para quaisquer ocasiões, do batizado ao casamento, do 34 ao 50. 

As interessadas que deixam peças para serem alugadas ganham créditos para usar em outros aluguéis, mas os clientes podem locar sem que haja a necessidade de permuta ou troca. 

Além dos vestidos, a loja disponibiliza acessórios como cintos, brincos e carteiras (clutches). Outro diferencial consiste em fornecer uma consultoria total para a festa, incluindo a maquiagem, penteado e o ajuste na peça escolhida, sem cortes na peça original. 

“O Acelere[se] foi o primeiro programa de aceleração que participamos e foi uma surpresa muito positiva, sobretudo, no que diz respeito a consultoria, network e visibilidade”, diz a administradora de empresas. 

Para ela, entre as mudanças mais significativas depois da participação na experiência estão a escalabilidade, a ampliação da equipe e a implantação de um departamento jurídico, que eram aspectos protelados na empresa. “Até nosso número de seguidores no Instagram cresceu”, comemora Camilla.

A empresária e a parceira de negócios Thais foram as únicas mulheres sócias de startup a participar do Desafio Acelere[se]. A ideia de participar de um programa de aceleração com mentorias surgiu de uma mensagem que elas receberam. Até então, mantinham o negócio sem qualquer tipo de orientação.

Durante os três meses de participação no Acelere[se], no entanto, a dúvida era justamente se um negócio de moda venceria entre startups movidas por tecnologia. “Um negócio de moda e sustentabilidade vencendo a aceleração. Foi realmente uma surpresa”, disse Camilla. Sílvio Gesteira EVEX – Evento Experience – 2º lugar

Em 2016, Sílvio Gesteira teve uma péssima experiência quando ficou responsável por organizar um evento e percebeu que perdia muito tempo buscando locais para a realização, que os orçamentos eram demorados e que os fornecedores nem sempre atendiam as expectativas vendidas. “A minha ideia era uma plataforma digital onde as pessoas pudessem encontrar tudo para eventos num único lugar, assim surgiu a EvEx”, conta Gesteira, ressaltando que na plataforma é possível encontrar desde espaços para eventos, buffets, serviço de bebida, animações até a contratação de DJs. “Tudo isso de modo rápido e prático, com filtros e curadoria dos fornecedores”, complementa.

O EvEx foi premiado com o segundo lugar entre as startups baianas no Acelere[se] e Gesteira comemora um aumento de 113% na demanda. “Passamos de 76 para 162 eventos após o Agenda Bahia e conseguimos dar uma guinada no modelo de negócios que estávamos empregando”, comemora o empresário, que destaca que o Acelere[se] foi um marco para o negócio.

Sílvio ressalta que entre os incrementos estão o desenvolvimento de um trabalho específico para as confraternizações corporativas, com atividades como arvorismo e passeios de veleiro; além da realização do Evento Experience 2019, que será uma espécie de festival de eventos para o Brasil. “As mentorias nos possibilitaram desenvolver ideias e insights que emprestaram um diferencial para nossa startup”, afirma.  Eduardo Peixoto N2 SOLUÇÕES – 3º lugar

O interesse em inovar na área de tecnologia, ramo onde já atuava, foi o que levou o empresário Eduardo Peixoto Nunes a mudar os rumos da N2 Soluções, a terceira colocada no Desafio Acelere[se] e única entre as três vencedoras que não é de Salvador, a sede da empresa fica em Feira de Santana. 

Eduardo já acumulava experiência atendendo prefeituras nos setores tributário e de processos. Mas sentia a necessidade de oferecer um serviço mais atual e diferente do que já existia no setor. Foi assim que em 2017, após participou de uma licitação para a Superintendência Municipal de Trânsito de Feira de Santana e perceber que as estatísticas de trânsito, acidentes, ocorrências, etc. do órgão ainda eram feitas em papel, que ele criou uma solução tecnológica para o registro das ocorrências, com ou sem vítimas, que permite aos municípios tabularem os dados e melhorarem a gestão do trânsito das cidades. 

O sistema da N2 Soluções também atende ao cidadão, oferecendo a comodidade de resolver os trâmites após um acidente com menos burocracia e economia de tempo. O serviço facilita ainda a divulgação de estatísticas e, a partir de um mapa de calor georeferenciado, possibilita que o poder público enxergue gargalos no trânsito e possa intervir para diminuir as ocorrências em determinado local. 

Com um perfil de clientes bastante específico – órgãos públicos de trânsito -, a N2 Soluções aproveitou as capacitações do Acelere[se] para revisar e incrementar procedimentos. Eduardo afirma ter gostado bastante da capacitação sobre validação de negócios, por exemplo. Para ele, o interessante do Acelere[se] foi a constante troca de informações entre os participantes “Todos muito parceiros, um ajudando o outro, apresentando cientes, dando opinião”, acrescenta. 

Como o perfil de clientes da N2 Soluções é governamental, a startup obteve ganhos em termos de visibilidade do sistema que desenvolveu para registro de ocorrências de trânsito. “Algumas prefeituras se interessaram em conhecer o sistema e analisar nossas propostas”. 

As outras participantes: Antonio Carlos Salles ONDE TOCA

A startup Onde Toca nasceu da paixão de Antonio Carlos Salles por música. A empresa, por meio de aplicativo e site, atende três demandas com uma única solução: a das pessoas que amam boa música ao vivo e tem dificuldades de encontrar programações segmentadas e atualizadas; a dos bares que não conseguem divulgar seus eventos com precisão e a dos músicos, que nem sempre têm muita visibilidade para suas apresentações.

A startup oferece programação de Salvador, Lauro de Freitas e Maceió e já começa a expandir para Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Além de encontrar opções separadas por estilo de música e outros filtros a partir do gosto do usuário, o serviço também oferece informações detalhadas dos estabelecimentos. 

Em função das mentorias do Acelere[se], diz Antonio Carlos, a empresa mudou a forma de cadastro no serviço, que antes era presencial e passou a ser feito por telefone. “A visita presencial aumentava muito o CPC (custo por cliente). No futuro, a ideia é que tudo seja feito por internet”, revela.

Ele acrescenta que as mentorias ainda serviram para apontar caminhos e reforçar outros que o empresário já estava seguindo. Na opinião dele, as capacitações também foram importantes pelos temas abordados e o programa como um todo gerou um retorno em visibilidade para o Onde Toca. “Isso refletiu em aumento nas visitas na nossa plataforma. Estamos em crescimento constante, implementamos novas ações nas redes sociais também”, enumera.  Alex Correia MOSQUITO ZERO

Em 1996, o agente de endemias Alex Sandro Correia passou a atuar no Núcleo de Tecnologia da Dengue, unindo duas das suas maiores paixões: a experiência de trabalho e a tecnologia. Como coordenador do núcleo, passou a implementar o trabalho de outros agentes com palmtops parecidos com os usados pelos recenseadores, para identificar focos de mosquito na cidade. A iniciativa foi premiados em 2013 e a proposta foi parar num concurso de ideias inovadoras lançadas pelo Ministério da Saúde, onde Sandro ganhou recursos que possibilitaram ao Mosquito Zero se transformar em startup. 

Hoje, a proposta foi ampliada e possibilita não apenas a sinalização de focos, como aponta para qualquer suspeita de doenças ligadas ao mosquito, emitindo alerta para a Vigilância Epidemiológica e georeferenciando farmácias e postos de saúde para a população.

“Em 2017, também implementamos um drone que sobrevoava locais fechados com piscinas, por exemplo, liberando larvicida em pleno vôo. Ano passado, o projeto ganhou um edital e, atualmente, vem implantando um robô capaz de interagir com a população em três escolas públicas de Salvador, além do Shopping da Bahia, colégios Sarte Coc, Mendel e São Paulo", acrescenta Alex.

Para ele, a participação no Acelere[se] possibilitou criar um modelo de receita que foi fundamental para que a startup conseguisse monetizar a proposta que, a partir de agora, será levada para todo o Brasil. “A plataforma digital será uma alternativa muito efetiva para o combate das arboviroses por um preço possível, que girará em torno de R$0,90 por habitante/ano”, comemora.  Eduardo Fiuza QRPOINT

Um dos grandes desafios das empresas nos dias atuais é controlar a jornada de trabalho dos colaboradores, afinal, as folhas de ponto manuais são baratas, mas pouco efetivas e os relógios de ponto biométricos custam muito caro. Pensando nisso, Eduardo Fiuza desenvolveu uma plataforma que possibilita o acompanhamento da jornada em tempo real.

“A QRPoint cuida dos processos deixando os departamentos de Recursos Humanos livres para cuidar das pessoas”, completa. 

Fiuza possui uma experiência de mais de uma década com empresas de RH e a startup surgiu da busca de soluções para os problemas que ele mesmo precisou enfrentar. “Começamos a desenvolver a ideia em 2015 e lançamos comercialmente no ano passado”, conta o empreendedor.

Para ele, a experiência do Acelere[se] foi bem enriquecedora, sobretudo pela possibilidade de criar novas estratégias de venda mais eficientes. “Através do acesso às mentorias, percebemos - para nossa surpresa - que a redução nos dias de teste grátis convertiam a clientela mais rapidamente do que a estratégia anterior; também nos tornamos mais ágeis na tomada de decisões, fato que vem nos auxiliando a implementar outras metas “, finaliza. André Brandão ME AJUDA LIMPEZA

Em 2016, André Brandão precisou contratar uma diarista e percebeu que o serviço apresentava alguns entraves. Convidou o amigo Leandro Paim e Gabriel Oliveira e criaram o aplicativo Me Ajuda Limpeza. 

Além dos serviços de faxina, o contratante pode escolher serviços extras como passar e lavar roupa, passear com o animal de estimação, entre outros que são realizados dentro do período contratado. O aplicativo tem interface para clientes e para prestadores de serviços.

“A cada solicitação, o cliente escolhe uma entre cinco possibilidades de profissionais com o perfil da atividade desejada”, esclarece André, ressaltando que a profissional pode trabalhar com uma (equivalente a 8 horas) ou meia diária (4 horas). O cliente paga então valores de R$ 70 ou R$ 117 no cartão e a profissional recebe o dinheiro direto na conta, evitando a dificuldade de sempre precisar sacar dinheiro em espécie para efetivar o pagamento. “Há ainda aquelas profissionais consideradas másters, cujas diárias variam entre R$ 80 e R$ 130”, acrescenta.

Com a experiência no pograma de aceleração do Agenda Bahia 2018, os empreendedores descobriram como crescer para outras praças além de Salvador e hoje já oferecem serviços para São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro.

Para aqueles clientes que contratam de última hora, eles estabeleceram uma profissional contratada em regime de CLT para ficar à disposição dessas demandas. “Além disso, investimos no treinamento das profissionais e na seleção dessas diaristas”, finaliza. 

*Colaborou Andreia Santana e Fernanda Lima