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Da Redação
Publicado em 15 de julho de 2020 às 14:48
- Atualizado há 2 anos
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes atendeu nesta quarta-feira (15) um pedido feito pela Polícia Federal (PF) e liberou o acesso dos policiais à investigação feita pelo Facebook que levou à derrubada de contas e perfis falsos ligados a assessores do presidente Jair Bolsonaro, de seus filhos e de parlamentares bolsonaristas do PSL.>
O pedido foi feito dentro do inquérito que apura o financiamento de atos antidemocráticos, aberto a pedido da Procuradoria-Geral da República, para investigar a participação de empresários, parlamentares e blogueiros na organização das manifestações que pedem o fechamento do Congresso e do próprio STF.>
Na semana passada, o Facebook revelou a derrubada de 35 contas e 14 perfis no Facebook, além 38 contas no Instagram pelo que classificou de "comportamento inautêntico coordenado" - ou seja, a utilização das páginas de forma coordenada para distribuir fake news.>
A investigação revelou que pelo menos cinco pessoas ligadas ao bolsonarismo coordenavam a rede suspensa para atacar adversários do presidente e disseminar informações deturpadas. Entre eles, um assessor especial da Presidência, muito próximo a Carlos Bolsonaro, e dois assessores parlamentares do deputado Eduardo Bolsonaro.>
Entenda O Facebook anunciou no último dia 8 a remoção de uma rede de contas e páginas, tanto na rede social quanto no Instagram, ligadas ao Partido Social Liberal (PSL) e a gabinetes da família Bolsonaro. Segundo a empresa, essas contas estavam envolvidas com comportamento inautêntico no Brasil. >
Cerca de 883 mil pessoas seguiam uma ou mais dessas páginas no Facebook. Em torno de 917 mil seguiam contas do grupo no Instagram e o grupo removido reunia cerca de 350 pessoas;>
Mesmo com os responsáveis tentando ocultar suas identidades, as investigações da rede social encontraram ligações de pessoas associadas ao PSL e a alguns dos funcionários nos gabinetes de Anderson Moraes, Alana Passos, Eduardo Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e Jair Bolsonaro.>
Ainda de acordo com a rede social, foram apagadas 35 contas, 14 Páginas e 1 Grupo no Facebook, além de 38 contas no Instagram. O grupo usava uma combinação de contas duplicadas e contas falsas para evitar a aplicação de políticas da plataforma. As contas removidas não foram divulgadas.>
O Facebook afirmou que chegou ao grupo a partir de notícias na imprensa e por meio de referências durante audiência no Congresso brasileiro. Segundo a empresa, os conteúdos publicados eram sobre notícias e eventos locais, incluindo política e eleições, meme políticos, críticas à oposição, organizações de mídia e jornalistas, e também sobre a pandemia de coronavírus.>
O grupo gastou US$ 1,5 mil em anúncios por essas páginas, pagos em real. "A atividade incluiu a criação de pessoas fictícias fingindo ser repórteres, publicação de conteúdo e gerenciamento de Páginas fingindo ser veículos de notícias", disse o Facebook em comunicado.>
Os detalhes de toda a operação brasileira foram postados no site do Atlantic Council’s Digital Forensic Research Lab, instuição que realize análise independente de remoções do Facebook por comportamento inautêntico coordenado.>
O anúncio faz parte de uma remoção de redes de desinformação que operavam em quatro territórios postando conteúdo relacionado a assuntos políticos domésticos. Além do Brasil, foram derrubadas redes nos EUA, na Ucrânia e na América Latina, incluindo países como El Salvador, Argentina, Uruguai, Venezuela, Equador e Chile. No caso brasileiro, as investigações e remoções ocorreram a partir de notícias na imprensa brasileira e referências feitas ao assunto no Congresso durante a CPMI das fake news. >
Nathaniel Gleicher, diretor de Cibersegurança do Facebook, foi cauteloso em apontar o envolvimento direto ou o conhecimento dos políticos na campanha, inclusive na coordenação das postagens. "Não podemos afirmar a ligação direta das pessoas citadas, mas podemos afirmar que pessoas associadas a eles e a seus escritórios se envolveram em comportamento inautêntico na plataforma". O Facebook, porém, identificou que um membro da rede é conectado ao vereador Carlos Bolsonaro e outro é contratado do deputado estadual pelo PSL de São Paulo Coronel Nishikawa.>
Segundo o executivo, não há indícios de que uma empresa foi contratada para realizar o trabalho, como aconteceu com a operação nos outros países latinos. A operação brasileira, porém, gastou US$ 1,5 mil em anúncios no Facebook e foram pagos em reais (cerca de R$ 8,03 mil na cotação desta quarta,8). >
Segundo a Atlantic Council, o envolvimento de funcionários de gabinetes pode indicar que a operação usou recursos públicos, pois as postagens eram feitas durante o horário regular de expediente. O documento cita Paulo Eduardo Lopes (conhecido como Paulo Chuchu, funcionário do gabinete de Eduardo Bolsonaro, como um dos principais operadores da rede. >