Suspeito de agredir a namorada, cantor de rap é preso por roubo

Dark MC foi preso por caso que cometeu em 2013; todos os recursos foram negados

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  • Da Redação

Publicado em 10 de agosto de 2019 às 06:30

- Atualizado há um ano

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Dark MC deve cumprir pena de cinco anos  (Foto: Reprodução/Instagram) Quase um ano após ser acusado de agredir a socos e pontapés a sogra e a própria namorada, uma adolescente de 17 anos, o cantor de rap Clovis de Oliveira Santos Júnior, 24, foi preso por agentes do Grupo Especial de Repressão a Roubos em Coletivos (Gerrc), nesta quarta-feira (7), em uma localidade da Cidade Baixa, em Salvador. 

A prisão do músico, conhecido na cena soteropolitana de rap como MC Dark, foi determinada pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ-BA), em resposta à recomendação do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A orientação da instância superior veio após a defesa do músico interpôr junto ao STJ um Agravo Recurso Especial (Aresp), na tentativa de reversão de uma pena de cinco anos e quatro meses de reclusão determinada a Clovis, condenado por um roubo qualificado que cometeu em 2013.

Réus no mesmo processo, Carlito José de Jesus e Leandro Silva de Jesus, que não tiveram a idade e sentença informadas, também tiveram as prisões determinadas pelo TJ-BA, que enviou a decisão ao CORREIO. O texto, assinado pelo relator da ação, desembargador José Alfredo Cerqueira da Silva, determina o "imediato recolhimento dos acusados à prisão, delegando-se ao Tribunal local [TJ-BA] a execução dos atos, a quem caberá a expedição de mandado de prisão e guia de recolhimento".

Dark, Carlito e Leandro aguardavam a apreciação dos recursos em liberdade. Antes de recorrer ao recurso especial, as defesas do músico e de Leandro já haviam tentado uma apelação junto ao Tribunal baiano, que negou o pedido. Em conclusão, a decisão da Justiça determina que os dois devem "cumprir as penas a eles impostas", porque o processo "transitou em julgado" - ou seja, a eles não cabe mais recurso. A Carlito, contudo, ainda há a possibilidade de apelação junto à Corte Superior. 

Embora tenha data de 2 de abril, as prisões determinadas pela Justiça só foram expedidas no último sábado (3), de acordo com o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), responsável por denunciar os acusados. Procurada pela reportagem, a Promotoria confirmou que, por meio da Procuradoria Geral, se manifestou de forma contrária à tentativa dos réus de responder em liberdade.

Em contato com o CORREIO, o coordenador do Gerrc, delegado Glauber Uchiyama confirmou que a prisão do músico foi cumprida por agentes do grupo, após decisão judicial. Uchiyama acrescentou que Dark MC foi encaminhado ao Complexo Penitenciário de Mata Escura, onde deve cumprir pouco mais de cinco anos de reclusão. Não há informações sobre as circunstâncias das prisões dos outros acusados.

Violência doméstica Em setembro do ano passado, o MC Dark foi alvo de investigação na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de Brotas, depois que a sogra revelou ao CORREIO as agressões sofridas por ela, e também pela filha, no bairro de Santa Mônica, na capital. 

À época, a mãe da adolescente, que preferiu não se identificar, relatou à Polícia Civil que o músico foi até a casa da família da namorada, quando a menina estava acompanhada da mãe, do irmão - uma criança de 7 anos -, e uma vizinha, e agriu mãe e filha com socos, chutes, pontapés e xingamentos. Sogra denunciou músico por agressão ano em outubro do ano passado (Foto: Acervo Pessoal) O registro feito na Deam, ao qual a reportagem teve acesso, informava, ainda, o fato do rapper, que morava em uma casa alugada próximo à namorada, ter sido retirado do local com ajuda de vizinhos, após passar cerca de duas horas agredindo as vítimas.

Na época, o CORREIO apurou que o casal mantinha um relacionamento há cinco meses. Procurado, Clóvis negou as agressões ao CORREIO. Duas semanas depois, no entanto, ao ser questionado pelo programa Profissão Repórter, da TV Globo, onde já havia gravado uma participação para falar de sua trajetória na música, o suspeito confessou que bateu na garota. "Talvez eu tenha usado uma força desproporcional", disse, em rede nacional.

No rap Nascido e criado na localidade do Rio Sena, no Subúrbio Ferroviário, Clóvis é visto como uma promessa na cena do rap soteropolitano. Com cerca de quatro anos de carreira, o cantor já se apresentou em São Paulo e outras capitais do país. 

Clóvis despontou no cenário nacional ao gravar a faixa Julgue-me, em julho de 2017, com a Casa1, uma das maiores produtoras de rap do país. Em setembro de 2018, virou alvo da investigação pela agressão, prestes a lançar o projeto musical Cerberus, com outros dois mcs, entre eles, Don Hadji, também denunciado pela ex-namorada por violência. 

Em algumas entrevistas a veículos alternativos da cena do rap, o cantor confirmou que já se envolveu com roubo e tráfico de drogas. Dark revelou que chegou a cumprir um ano e dois meses de prisão por tráfico, mas que, ainda na cadeia, escreveu Madrugada Fria - sua primeira música. 

O último lançamento do músico, a faixa Novo Homem, foi lançado em seu canal no YouTube no início do mês de julho. Um mês antes, O MC já havia liberado a música Jogador Caro, com participações de outros dois MCs - divulgado no canal de um YouTuber da linha gamer, o vídeo teve quase 7 milhões de visualizações.

O CORREIO tentou falar com a assessoria do cantor, mas não obteve retorno. No perfil de Dark no Instagram, que tem sido atualizado, há informe e data para mais um lançamento: Cheiro de Maldade Parte II, faixa que assina com Don Hadji.