Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 9 de março de 2020 às 17:58
- Atualizado há 2 anos
Um dos suspeitos do ataque contra os soldados do Exército, na localidade da Timbalada, no Cabula, morreu após uma operação realizada na noite de domingo (8).>
Segundo informações da Polícia Militar, a operação envolveu equipes da 23ª Companhia Independente da PM (CIPM/Narandiba) e da Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT)/Rondesp Central, com apoio do 6º Batalhão de Polícia do Exército. O objetivo era tentar localizar os criminosos que torturaram e obrigaram dois soldados do exército a entrar na Lagoa da Pedreira, onde tiveram que atravessar nadando enquanto levavam tiros>
Por meio de nota, a PM informou que o grupo responsável pela operação foi à região da Timbalada por volta das 21h para localizar os autores do crime e, ao chegar ao local, foi recebido por homens que atiraram contra as guarnições, que revidaram.>
Após o confronto, a polícia encontrou um dos suspeitos do crime contra os soldados ferido. Ele foi socorrido para o Hospital Roberto Santos, mas não resistiu e morreu na unidade de saúde. Os outros envolvidos conseguiram fugir. >
Ainda de acordo com a PM, durante ocorrência foi apreendida uma arma de fogo, pistola calibre 380.>
Procurada, a Secretaria de Segurança Pública confirmou a operação. Armas foram apreendidas após confronto (Foto: Divulgação) Relembre o caso Era por volta das 2h de domingo quando três soldados do 6° Batalhão de Polícia do Exército, sediado em Salvador, retornavam de uma festa, de carro. Após um deles ter sido deixado nas proximidades de sua residência, na localidade de Timbalada – comunidade que fica atrás do Colégio Estadual Governador Roberto Santos –, no Cabula, os outros dois foram abordados por um grupo de bandidos armados.>
Criminosos que fazem parte da facção Comando da Paz (CP), uma das maiores do estado, espancou dois soldados e, depois, obrigaram os homens a nadarem na lagoa e fugir atravessando pela água, enquanto atiravam contra eles.>
Um dos soldados conseguiu atravessar a Lagoa da Pedreira e pedir ajuda. Segundo o Comando da 6ª Região Militar, ele está no Hospital do Exército, em Salvador, para a realização de exames e encontra-se em observação. O outro, Fernando Silveira Gardiano, 21 anos, desapareceu. Fernando desapareceu após ser espancado (Foto: Acervo Pessoal) Um corpo foi encontrado na lagoa nesta segunda-feira (9) e foi levado ao Instituto Médico Legal Nina Rodrigues, onde, segundoo Departamento de Polícia Técnica (DPT) permanecia até as 18h desta segunda, passando pelos procedimentos para confirmar se trata-se do soldado. Segundo a família dele, "tudo indica que o corpo é dele". O carro de Fernando foi encontrado ainda na comunidade e levado para perícia. >
Apesar do corpo ainda passar pelo processo de reconhecimento, a Polícia Civil informou ao CORREIO nesta segunda-feira (9), por meio de nota, que "a Delegacia de Homicídios (DH/Múltiplos) investiga a morte do soldado do exército Fernando da Silveira Guardiano, que teve o corpo encontrado em um lago, na comunidade da Timbalada, no Cabula". Acrescentou ainda que "a autoria e motivação são apuradas".>
Corpo encontrado e comoção Era por volta das 6h30 quando os primeiros mergulhares do Corpo de Bombeiros retomaram as buscas na lagoa – no domingo, iniciaram por volta das 16h, mas encerraram às 18h, pela falta de luminosidade.>
“O nosso grande problema aqui é visibilidade na água, apesar do dia. A água é muito escura e suja. Só é possível enxergar com o uso de uma lanterna. É uma lagoa com profundidade de até 50 metros”, declarou o capitão do Corpo de Bombeiros Ricardo Almeida. >
Depois idas e vindas, um dos mergulhadores sinalizou o encontro do corpo de um homem que estava submerso há poucos metros da margem esquerda da lagoa, por volta de 11h. “Estava camuflado na vegetação”, declarou Almeida.>
Retirado das águas, o corpo usava apenas um short, estava rígido e o cheiro característico de decomposição já se apresentava forte. >
A retirada do corpo comoveu alguns moradores da Timbalada. “Meu Deus, tão jovem. Imagino a dor dessa mãe, desse pai”, disse uma mulher que chorava abraçada à outra moradora.>
Ao serem questionadas sobre o que poderia ter acontecido com o rapaz, uma delas respondeu: “Eu e meu marido só escutamos os tiros, mas não saímos de casa. Aqui, infelizmente, não podemos fazer nada. Quem fala demais paga com a vida”, respondeu ela, antes de deixar o local.>
O motivo do medo delas estava estampado nas paredes do entorno da lagoa. A sigla “CP” e a escrita “Tudo 2” estavam na maioria dos muros das casas. Isso é sinal de que o comando do tráfico de drogas no local é da facção.>
“Eles são audaciosos e cruéis. Foram eles que deram fim no cabo”, disse um dos policiais da 22ª Companhia Independente (Narandiba), acionados para garantir a segurança dos bombeiros que faziam as buscas. >
O policial fez referência ao cabo da Polícia Militar Gustavo Gonzaga da Silva, 44 anos, morto em setembro de 2018, no final de linha do bairro Santa Cruz – a região é o "quartel-geral" do CP. O cabo passava pelo local em um veículo Onix, quando foi cercado por indivíduos da região que efetuaram disparos de arma de fogo. Gonzaga reagiu, mas foi atingido e não resistiu aos ferimentos. O PM foi torturado e teve mutilações no corpo. >