Suspeito de matar PM e seguranças do Harmonia é transferido para Salvador

Antônio Caíque Santos Correia é apontado como líder do tráfico no Nordeste de Amaralina

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  • Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2018 às 08:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Alberto Maraux/Divulgação/SSP-BA

Vinte dias após ser preso em São Paulo, chegou nesta quarta-feira (26), em Salvador, Antônio Caíque Santos Correia, apontado pela Polícia Civil baiana como uma das lideranças do tráfico de drogas do Nordeste de Amaralina.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA) apresentará, nesta quinta-feira (27), o resultado da operação integrada com as polícias da Bahia, São Paulo e Polícia Federal que capturou Caíque.

Ex-integrante do Baralho do Crime, de acordo com a SSP-BA, ele distribuía drogas e armas para criminosos de outros bairros de Salvador e matou, pelo menos, 25 pessoas entre 2016 e 2018. Na lista dos assassinatos estão o do cabo Gonzaga, em junho deste ano, e de três seguranças em um evento da banda Harmonia do Samba, em fevereiro de 2017.

De acordo com a secretaria, Caíque tem envolvimento direto na morte do cabo Gustavo Gonzaga da Silva, 44 anos, esquartejado na madrugada de 9 de junho, no bairro de Santa Cruz. De acordo a SSP-BA, o suspeito tinha quatro mandados de prisão em aberto. Ele foi localizado no bairro de Jaçanã, na capital paulista, por equipes do Departamento de Proteção e Homicídio à Pessoa (DHPP), da polícia paulista, e pela PF. Cabo Gonzaga foi morto e esquartejado por traficantes na Santa Cruz, em junho (Foto: Reprodução) Morte e esquartejamento Cabo Gonzaga foi morto no final de linha da Santa Cruz, no Complexo do Nordeste de Amaralina. Segundo informações da PM, o policial passava pelo local em um veículo Onix, quando foi cercado por indivíduos que efetuaram disparos de arma de fogo. O PM reagiu, mas foi atingido e não resistiu aos ferimentos.

O PM era lotado na 4ª Cia de Saúde, do Batalhão de Polícia de Guarda da Polícia Militar (BG), e integrava o quadro funcional da PM há mais de 22 anos. Ele tinha uma companheira e deixou duas filhas. 

Segundo informações de policiais, o militar saiu, em companhia de um pedreiro, conhecido por 'Jai', que era seu vizinho, quando foi abordado por três traficantes de drogas do bairro - conhecidos por Choquito, Keka e Leno - e executado. O policial teria sido morto com requintes de crueldade, tendo a língua, orelhas e mão direita decepados, os olhos e mandíbula arrancados, além de receber vários tiros na cabeça.

Quem é Caíque? Ainda garoto, Antônio Caíque Santos Oliveira teve o destino igual ao de muitos outros meninos largados à própria sorte no Complexo do Nordeste de Amaralina, região formada por quatro comunidades carentes de Salvador. Ele foi cooptado pelo tráfico de drogas - começou nas funções de 'aviãozinho' e 'olheiro' e, na adolescência, se exibia com um fuzil que pesava mais do que seu corpo franzino.

A diferença é que a maioria dos meninos que cresceu junto com Caíque não chegou à sua idade – porque foi morta pela polícia ou por rivais –, e tampouco à sua posição – isso em relação aos que ainda vivem. Com 25 anos, Caíque é apontado como um dos gerentes da facção Comando da Paz (CP), grupo criminoso que controla o tráfico nos bairros que formam o complexo: Nordeste de Amaralina, Santa Cruz, Vale das Pedrinhas e Chapada do Rio Vermelho.

Caíque era um dos olhos e gatilho de Joseval Bandeira, o Val Bandeira, que mesmo quando cumpria pena na Unidade Especial Disciplinar (UED), no Complexo Penitenciário da Mata Escura, continuava mandando na região do Nordeste. Val foi solto em junho deste ano, após receber liberdade condicional.