Tailândia, Laos, Camboja e Vietnã: veja roteiros na Ásia

Rio Mekong recorta esses países e é opção romântica para viajar pela Indochina

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  • Wladmir Pinheiro

Publicado em 13 de abril de 2018 às 07:47

- Atualizado há um ano

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Viagem de barco pelo Rio Mekong tem parada na vila de Pakbeng, no Laos (Foto: Wladmir Pinheiro) Quando um viajante ocidental decide ir até a Ásia, naturalmente duas viagens acontecem: uma que se passa diante dos olhos, na descoberta de uma terra distante, e outra que se revela internamente. A primeira delas tem um preço: a passagem fica entre R$ 2,5 mil e R$ 4 mil, resorts luxuosos ou pousadas a R$ 30 por dia, milhares de templos e refeições boas e baratas. A minha durou 35 dias, entre Tailândia, Laos, Camboja e Vietnã. Já a segunda viagem é daquelas cuja impressão permanece viva mesmo após a volta pra casa. A língua ainda fumegando com as sensações que a pimenta tailandesa, presente da sopa à sobremesa, provocaram, o cheiro adocicado dos templos budistas, o calor implacável do Camboja escorrendo e o som das milhares de motocicletas de Hanói e suas frenéticas buzinas ainda vivos nos tímpanos. Dessa jornada de quase 40 dias, demorei a voltar.

Não por acaso, grandes histórias são narradas dessa travessia ao Oriente. Das cruzadas à navegação de especiarias, das colonizações francesa e inglesa à guerra americana, há muito o que ver e sentir. A Indochina - ali espremida entre a Índia e o sul da China - capturou tudo isso e se exibe há milhares de anos ao olhar estrangeiro.

Boa parte de quem viaja pela Indochina ignora as linhas políticas desenhadas pelos franceses para definir suas colônias no Oriente a partir de 1850. A ocupação francesa por ali só acabou depois da Segunda Guerra Mundial e mudou profundamente os hábitos e a paisagem desses países.  Luang Prabang, no Laos, guarda forte influência francesa (Foto: Wladmir Pinheiro) Junto com a influência indiana e chinesa, criou-se um grande caldo compartilhado que só se percebe quando se visita mais de um país da região. A língua tonal, a escrita romântica, a arquitetura e a gastronomia são facilmente identificáveis seja na agitada Hanói, no Vietnã, ou nas ruas calmas de Luang Prabang, no Laos. Hoje, quem domina com força e dinheiro a região são os vizinhos chineses. Vá pelo rio Mekong  Qualquer rota que se tome no Sudeste Asiático surpreenderá pela riqueza que resultou do convívio milenar de povos orientais. Algumas saltam aos olhos, como a religiosidade e devoção diárias, outras são mais sutis, como o comedimento e a simpatia nas relações de rua.  A melhor época para viajar até essa região é fugir do período das monções, quando as chuvas estragam qualquer passeio. É importante ficar atento,  porque cada país tem o seu período mais seco. Em geral, entre novembro e abril costuma ser um bom período para ir.

O Rio Mekong é ainda um dos roteiros originais e alternativos que podem ser seguidos pelos viajantes na região. Começa na China e segue até desaguar no delta do Vietnã. Budistas se reúnem em templo no Laos (Foto: Wladmir Pinheiro) A viagem de dois dias de barco, saindo do norte da Tailândia, é a forma mais romântica de se chegar a Luang Prabang, no Laos, e também a mais barata. Custa, em média, R$ 200, contra voos a partir de R$  700. A descida pelo Mekong pode ser feita também em seis horas nos speed boats.

O barco parte diariamente de Chiang Khong, extremo norte da Tailândia, e segue o trâmite burocrático e tenso das fronteiras. É possível fazer tudo por conta própria, ou contratar um passeio que sai de Chiang Mai, cidade do famoso templo Wat Doi Suthep. Do outro lado do Mekong, já no Laos, carimbamos o visto. 30 dólares. 30 dias. Coletes à vista. Nunca se sabe. O cheiro de querosene, as goteiras e o barulho do motor do barco de madeira cobravam o preço de tanto romantismo ou mesquinhez.  Templo no topo da montanha em Chiang Mais, na Tailândia (Foto: Wladmir Pinheiro) Os turistas se ajeitam como podem nos bancos retirados de carros bebem cerveja Chang, conversam em inglês. Vez em quando o barco se aproxima da margem e deixa passageiros, pega e desembarca mercadorias. 

A névoa cobre o topo das montanhas baixas. Câmeras focam a margem. Crianças brincam na água. Búfalos.  Um grupo de brasileiros, chilenos e uma colombiana se reconhece pelo idioma. Luta contra a imposição do inglês como língua oficial do barco. Rapidamente se forma a República do Mercosul do Rio Mekong.

Confira opções de roteiro

Tailândia (Bangkok + Chiang Mai) - Laos  Quem tem apenas 15 dias para conhecer a região - menos do que isso pode não valer a pena pelo longo deslocamento - por concentrar a visita a mais de uma região da Tailândia e o tranquilo Laos. 

Tailândia (ilhas tailandesas + Chiang Mai + Bangkok) - Laos - Vietnã É possível combinar a agitação e a tranquilidade na mesma viagem. Bangkok, Hanói e Ho Chi Mihn são exemplos de cidades que podem deixar o viajante perdido com o ritmo, mesmo sendo cidades de tamanhos tão diferentes. Já Chiang Mai e as ilhas tailandesas, combinado com Luang Prabang, no Laos, pode trazer um pouco de calmaria na mesma viagem. 30 dias pode caber tudo isso

Tailândia - Camboja - Laos - Vietnã Esse é o roteiro mais tradicional de quem faz o Sudeste Asiático. Os quatro países são fáceis de caber no mesmo roteiro. Viajar de avião pela Ásia tem custo benefício melhor do que ônibus ou trem; só é preciso ter atenção às fronteiras que guardam algumas histórias tensas. Menos de 30 dias fica corrido. 

Antes de viajar

Tome a vacina contra febre amarela. As companhias aéreas sequer deixam embarcar sem o certificado internacional dado pela Anvisa

Brasileiros fazem o visto para Tailândia, Laos e Camboja ao desembarcarem no aeroporto ou passarem pela fronteira. Para o Vietnã, é preciso entrar em contato com a embaixada do Vietnã e enviar o passaporte, ou contatar agências que fazem visto pela internet

Leve dólar. É a melhor forma de trocar pela moeda local nas casas de câmbio lá. No Camboja, onde a economia é dolarizada, paga-se em verdinhas mesmo.

Desencane com a violência armada. Brasileiros já moram em um dos países mais violentos do mundo. Aproveite para desligar o alerta que costuma ter ao sair nas ruas aqui no Brasil. Só fique atento aos pequenos furtos. 

Tudo é negociado. Aproveite para praticar a pechincha. Os vendedores vão até estranhar se você não pedir desconto.