Tamar suspende soltura de tartarugas para evitar contato dos animais com óleo

Substância pode matar as tartaruguinhas; cerca de 600 foram recolhidas até agora

  • Foto do(a) author(a) Gil Santos
  • Gil Santos

Publicado em 7 de outubro de 2019 às 19:11

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mauro Akiin Nassor/ Arquivo CORREIO

O Projeto Tamar resolveu suspender a soltura dos filhotes de tartarugas no mar por conta das manchas de óleo que estão poluindo as praias do Nordeste. Os primeiros ovos começaram a eclodir nos últimos dias, mas os animais estão sendo recolhidos um a um pelos pesquisadores assim que deixam os ninhos.

Segundo o engenheiro de pesca do projeto Tamar, César Coelho, até esta segunda-feira (7), cerca de 600 tartaruguinhas já haviam sido recolhidas somente em Sergipe. O estado é o que concentra a maioria dos ninhos, em média, são 800 mil nascimentos todos os anos. O pesquisador está preocupado porque o período de desova está apenas começando.

“Esses são os primeiros ovos que eclodiram, mas isso vai ficar mais intenso a partir de dezembro. O que nos preocupa mais é que não sabemos de onde está vindo esse óleo, então, não podemos saber onde é mais seguro soltar os animais. A situação em Sergipe está crítica. As praias estão sujas e é altamente danoso o contato dos filhotes com esse material”, afirmou. Soltura dos filhotes faz a alegria de crianças e adultos (Foto: Mauro Akin Nassor/ Arquivo CORREIO) Devido às manchas, os pesquisadores ampliaram o monitoramento para todos os ninhos de tartaruga do estado. Na Bahia, foram atingidas pelo óleo até agora as praias do Litoral Norte, nos municípios de Conde, Esplana e Jandaíra. Os filhotes estão sendo levados para um tanque no Tamar, onde permanecerão abrigados até poderem ir para o mar.

O período de desova começa em setembro e segue até o início do próximo ano. Existem filhotes nascendo até o mês de abril, porque os ovos levam de 45 a 60 dias para eclodirem. No ano passado, foram 8 mil ninhos apenas na Bahia. Em todo o litoral brasileiro são cerca de 1,2 milhão de tartaruguinhas nascendo a cada ciclo. Manchas de óleo é petróleo cru não produzido no Brasil (Foto: João Arthur/ Projeto Tamar) Manchas de óleo As primeiras manchas começaram a aparecer no início de setembro, em Pernambuco, mas em poucos dias os nove estados do Nordeste registraram o mesmo óleo em diversas praias. A Bahia foi a última região a ser contaminada.

A origem dessa substância é um mistério. As autoridades não sabem de onde ela está vindo e nem a quantidade que ainda está no mar. É essa falta de informação o que mais tem preocupado os especialistas. Pesquisadores estão de debruçando sobre o assunto para tentar entender o que está acontecendo. Óleo atingiu os nove estados do Nordeste (Foto: João Arthur/ Projeto Tamar) Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o óleo é petróleo cru e já foi encontrado em 132 localidades, em 61 municípios da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão. Até agora, 11 tartarugas adultas e uma ave foram localizadas machucadas ou mortas por conta do contato com a substância.

O Ibama afirmou também que vem estabelecendo uma série de ações com o objetivo de investigar o despejo do petróleo e que requisitou apoio da Petrobras para atuar na remoção da substância. O trabalho está sendo feito por população local e agentes comunitários contratados pela petrolífera, que recebem treinamento prévio. A petrolífera acrescentou ainda que o material encontrado não é produzido no Brasil.