Táxi mais caro? Taxistas votam para decidir se aumentam tarifa em 2020

Segundo AGT, categoria já sinaliza por manutenção de preço da bandeirada

Publicado em 22 de novembro de 2019 às 12:34

- Atualizado há um ano

. Crédito: (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO)

A Associação Geral de Taxistas (AGT) começou a fazer uma enquete com os quase 7 mil profissionais que atuam em Salvador para decidir se a categoria vai reajustar o valor das bandeiras em janeiro, data base de aumento do serviço. A estimativa do presidente da associação, Denis Paim, é de conseguir, pelo menos, 6 mil assinaturas. A enquete, que começou a ser realizada na quarta-feira (20), deve ser concluída no dia 10 de dezembro.

No entanto, segundo Paim, a categoria já sinaliza ser contrária ao aumento de preço da bandeira, por conta da concorrência com os preços cobrados pelos aplicativos de transporte."Por lei, o reajuste deve ser aplicado no dia 1 de janeiro, mas para isso, a categoria precisa se pronunciar. Mas acredito que não vai ter o reajuste não, porque a maioria dos taxistas não quer", explica.Procurado pelo CORREIO, o secretário de Mobilidade Urbana de Salvador, Fábio Mota, informou que o reajuste só é aplicado se o sindicato procurar a pasta para formalizar o aumento da tarifa.

Com receio da proposta de mudança, o taxista Jorge Pedro Neves, de 52 anos, que trabalha há 20 anos no ponto fixo de táxi no Hospital Geral do Estado (HGE), teme que o possível reajuste da tarifa traga prejuízos para a categoria.

“Eu sou contra a mudança por conta da concorrência desleal que estamos vivendo no momento com os aplicativos na cidade. O reajuste, por exemplo, pode nos causar muito prejuízo, ao ponto de espantar os clientes que já são fieis a nós”, pontuou Jorge. Jorge Pedro teme prejuízos com aumento de tarifa  (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Bandeira 2 Ainda segundo o presidente da AGT, outra decisão tomada pela associação é de que, a cobrança da bandeira 2 em qualquer horário, que tradicionalmente ocorria no mês de dezembro, será facultativa.

"Deixamos o taxista livre para só instituir a bandeira dois em qualquer horário, se ele quiser", informou, acrescentando que desde que a concorrência ficou mais acirrada, com a chegada dos aplicativos de transporte, a categoria tem decidido por manter facultativo o uso da bandeira 2 em qualquer horário no mês de dezembro.

Como é o caso do taxista Jorge que, assim como o presidente da AGT, também defende que a cobrança da bandeira 2 seja opcional para o motorista e garantiu que permanecerá na cobrança normal em suas corridas no próximo mês.

“Acredito que a cobrança da bandeira dois em dezembro deve ficar a critério de cada taxista, ele que vai decidir se vai rodar assim ou não. Costumávamos chamar essa prática antigamente ‘do nosso décimo terceiro’, e eu costumava rodar dessa forma também, era um incentivo a mais de arrecadação, mas eu não vou aderir a essa forma mais, vou continuar na bandeira 1”, garantiu Jorge. Jorge Pedro defende a ideia de que cobrança da bandeira dois seja facultativa (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Estratégia Para fugir da concorrência com os transporte por aplicativo, alguns motoristas já estão abolindo o uso da bandeira dois nas corridas noturnas e nos finais de semana, como é o caso do taxista Zeferino de Jesus, 72, que afirmou que desde o fim do ano passado não sabe o que é circular pela cidade em outra bandeira no taxímetro.

“Eu sou contra o aumento da tarifa e da implantação da bandeira dois também. A gente já está com esse problema ficar sem trabalho e aumento a tarifa vai ser pior para nós. Desde o fim do ano passado que venho rodando somente com bandeira 1, independente do dia e hora”, contou. Seu Zeferino adotou estratégia para fugir da concorrência com aplicativos (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Seu Zeferino revelou ainda outra estratégia adotada pelos colegas de ponto. Segundo ele, em comum acordo, todos os motoristas se prontificaram rodar pela cidade apenas com o taxímetro em bandeira 1.

“Aqui no ponto nós fizemos uma combinação entre os motoristas de que ninguém mais vai rodar dessa forma. Quem insistir em rodar com bandeira dois, vai ficar sem passageiros, e sabemos disso porque os clientes vão preferir o aplicativo, é claro. A bandeira dois assusta o cliente, eu estou fora dela”, completou.

Passageiros Morador de Lauro de Freitas, o técnico em refrigeração Antônio Lima Souza, 51, trabalha em Salvador e costuma utilizar o serviço de táxi com frequência para se deslocar entre as duas cidades.

No entanto, ao saber das propostas de mudanças tarifarias dos táxis, Antônio afirmou que se caso for confirmado as mudanças, vai deixar de utilizar o serviço e aderir a outras alternativas de transporte. Antônio prometeu não pegar mais táxi caso tarifa aumente (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) “Os próprios taxistas vivem reclamando de estarem perdendo passageiros para os aplicativos, acho que se eles concordarem com essa decisão de aumento e bandeira dois, vão perder mais ainda. Eu costumo pegar táxi algumas vezes, como também utilizo o transporte por aplicativo, mas se isso for realmente decidido, eu sinto muito, mas não ando mais de táxi e vou procurar outras alternativas”, afirmou o passageiro.

Diferente de Antônio, o vendedor de materiais de construção e morador de Itapuã, Edivaldo Barbosa, 58, defende a proposta de aumento da tarifa dos táxis, comparando com o aumento de taxas de outras categorias, como o transporte coletivo. Edivaldo é a favor de cobrança de bandeira dois para arrecadação de décimo terceiro dos taxistas  (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) “Eu acho válido a cobrança deles da bandeira dois em dezembro porque justifica o recebimento do décimo terceiro deles, com todo trabalhador tem o direito. Eu entendo que eles vão ter o prejuízo de redução de passageiros, muitos vão preferir o transporte que for mais barato, mas apoio a proposta deles”, pontuou Edivaldo.

Em nota, o porta-voz da Comissão dos Taxistas da Bahia, João Adorno, informou que, em virtude da situação econômica que o país passa, o uso da bandeira dois em dezembro passará a ser de forma facultativa por parte dos taxistas, ou seja, cada motorista irá optar por rodar na bandeira 1 ou na 2.

Ainda segundo a nota, o porta-voz ressalta que o uso da bandeira dois no mês de dezembro é algo previsto na lei nº 9.283/17, na qual determina dias e horários para uso.

“Esperamos poder aproximar nossos profissionais daqueles cidadãos que usam e gostam de andar no transporte seguro, barato e acessível. Sugerimos que usem o táxi pois certamente os App’s de carros particulares estarão com preços altíssimos e nós gostaríamos de ser como sempre fomos, a escolha certa”, conclui a nota.

*Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier