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Taxista que matou colega no Campo Grande costumava andar armado 


 

Em depoimento, ele disse que era para se proteger de assaltos 

  • Bruno Wendel

Publicado em 28/08/2019 às 06:00:00
Atualizado em 20/04/2023 às 04:59:05

O taxista Washington Luiz Brito Almeida, suspeito de matar a tiros o colega de profissão Alexandro Rocha Souza, 40 anos, costumava andar armado. Em depoimento à Polícia Civil, ele disse que era para se proteger de assaltos e que tem registro da arma. Como não havia mandados contra ele, Washington foi ouvido e liberado.

A informação foi passada ao CORREIO nessa terça-feira (27) pela assessoria de comunicação da Polícia Civil. “Segundo declaração do autor, ele tinha o hábito de deixar a arma no carro, trabalhava como taxista e era para se proteger de assaltos. Ele possuía o registro da mesma”, diz nota da PC. 

O assassinato ocorreu no último dia 20, na fila de táxi do Campo Grande, após uma discussão. De acordo com a Polícia Civil, Washington disse que atirou alegando legítima defesa, após ser agredido pela vítima e sofrer ameaças. Ele apresentou a arma utilizada no homicídio, já encaminhada à perícia. Alexandro foi atingido por quatro tiros. A família da vítima negou que ele tivesse dívidas com o assassino.  A vítima Alexandro Rocha Souza, 40 anos, levou quatro tiros (Foto: Reprodução) O presidente da Associação Geral dos Taxistas (AGT), Denis Paim, disse também ao CORREIO que o taxista Washington trabalhava armado, mas acrescentou que o suspeito já tinha sido vítima de bandidos. “A informação que tivemos é que ele andava armado, que já tinha sido assaltado algumas vezes”, disse Paim. 

Ainda de acordo com Paim, Washington é uma pessoa tranquila. “Para mim foi uma surpresa. Ele é uma pessoa calma. O que aconteceu foi um descontrole emocional, só pode”, disse ele.

O CORREIO esteve no local onde ocorreu o crime, no Campo Grande, e conversou com taxistas que conheciam Washington. Todos reforçaram as declarações de Paim. “Se você olha para ele, ninguém diz que ele cometeu aquele ato. Realmente ninguém esperava”, disse o taxista Antônio Rodrigues da Conceição, 53. 

“Ele vinha para cá conversar com a gente sobre os problemas da praça, como a concorrência com os motoristas de aplicativo, que as coisas ficaram bem mais difíceis com a chegada dos aplicativos, essas coisas que todos os taxistas comentam. Nunca o vimos em confusão”, completou o taxista Demisson Oliveira, 45.

Desentendimento A família da vítima explicou à reportagem que Alexandro, que era pai de uma jovem de 23 anos, chegou a assinar um documento de quitação total dos aluguéis e que, inclusive, cortou o negócio com Washington depois que o carro foi apreendido, há cerca de um mês, durante vistoria anual da Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob). 

Sem os documentos necessários atualizados, como o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), o Voyage de Washington ficou inapto a rodar na cidade e acabou levado para o pátio do Departamento de Trânsito (Detran), onde há diárias estabelecidas que variam de acordo com o veículo, pelo tempo que dure a apreensão.  

"Essa dívida nunca existiu, porque quem assume as dívidas é o proprietário [do veículo], afinal, a documentação não estava em dia por causa dele", reforçou um familiar.