'Temos direito de sermos amadas', diz rapper negra atacada por namorar branco

Chamada de "palmiteira", cantora rebateu críticas que recebeu

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  • Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2020 às 08:46

- Atualizado há um ano

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A cantora carioca Ebony, de 19 anos, foi parar nos assuntos mais comentados do Twitter com críticas por namorar um homem branco. "Temos direito de sermos amadas", rebateu a artista.

Na última semana, ela compartilhou que pela primeira vez havia recebido um buquê de flores, foi pedida em namoro e aceitou. Mas a raça do namorado incomodou algumas pessoas, que chamaram a rapper de "palmiteira".

A expressão "palmitagem" é usada de maneira perjorativa para pessoas negras que namoram brancos. O tema é controverso. 

"Mano eu to no trending a dois dias seguidos por estar namorando mas quase nunca fico quando lanço coisa nova. Vocês entendem que eu trabalho com música né?", escreveu Ebony.

A cantora classifica o episódio de machismo. "Isso é parte do que é ser fêmea no Brasil. As pessoas acham que têm posse sobre mim, sobre meu corpo, minha vida. Algo 'normal' dentro do machismo, dentro de atitudes que rodeiam a gente como mulher", avaliou, em entrevista ao Uol.

Ebony diz que não cabe a ela julgar o sentimento das pessoas. "Sei que as pessoas que se sentem ofendidas ou tristes por isso, sofreram o suficiente para se sentirem assim, então não cabe a mim dizer que elas estão erradas por sentirem. Eu acho que o mundo já nos negou amor demais, quem tiver disposto a dar, a gente merece se permitir ser amada", diz.

Apesar de dizer que já esperava críticas, o fato de passas dois dias nos temas mais comentados a surpreendeu. "Achei isso bem louco na verdade, mas o que esperar da internet? Eu sei o quanto relacionamentos inter-raciais podem ser incompreendidos, ainda mais hoje em dia, no meio de uma guerra racial".

Em vído no Youtube, em meio a dicas de maquiagem, Ebony comentou um pouco o assunto. "Quando você fala para uma mulher negra com quem ela deve se relacionar, temos que pensar em alguém que vai tratá-la bem. Honestamente, não acho que a cor vá interferir nisso", considera. "A cor interfere nos valores sociais que a gente recebe, no nosso tratamento, no dia a dia... Mas ela nunca vai interferir no nosso direito de escolha de quem a gente quer ser". A cantora relata que é adotada por bais brancos e que não é porque alguém é branco que será uma pessoa ruim. 

Em janeiro, a rapper venceu o prêmio Genius Brasil como revelação do ano.