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Da Redação
Publicado em 13 de março de 2019 às 05:00
- Atualizado há um ano
Gostaria de deixar claro logo nas primeiras linhas deste texto que eu não faço parte do time que defende a demissão de Enderson Moreira. Até entendo a frustração dos tricolores diante da série de jogos ruins que o Bahia tem protagonizado, em especial a decepção com o segundo empate em casa diante do maior rival, com torcida única, entretanto, a saída do treinador seria uma bola fora da diretoria, uma resposta fácil para atender ao apelo de grande parte dos torcedores.
A razão é simples: Enderson já mostrou, no próprio Bahia, ser um dos bons treinadores do país. Qual torcedor tricolor, antes de começar a temporada, era contra a sua permanência para tocar o ambicioso projeto planejado pela diretoria? Não tenho notícia de um sequer. O que mudou em dois meses, então? Será que ele desaprendeu os ofícios da difícil profissão de técnico e virou um mero entregador de coletes? Creio que não.
Quem gosta de se debruçar sobre conceitos táticos, esquemas, maneiras de se comportar na hora de atacar e defender, por exemplo, sabe que as ideias do treinador são as mesmas da temporada passada, um ano de sucesso para o Bahia. A equipe continua utilizando uma saída com três defensores (Nino, Lucas Fonseca e Jackson), avança o lateral-esquerdo (Moisés) para alargar o campo, enquanto dois meias trabalham por dentro, isso tudo com dois volantes sustentando mais atrás para dar opção de passe, e o centroavante (Gilberto) se movimentando bastante lá na frente.
Não vou me alongar muito sobre a forma como o Bahia joga – talvez o faça em outro momento. Mas, acredite, as ideias são as mesmíssimas do ano passado. Falta ao elenco um maior entrosamento; algumas peças, como o jovem Ramires, precisam retomar o bom futebol; e falta, sobretudo, tempo para treinar, algo que Enderson pouco tem. O tricolor está submetido a um ritmo frenético de jogos decisivos com apenas dois meses de trabalho. É muita decisão para pouco tempo.
Também não pense você, leitor, que o treinador do Bahia passará por este espaço sem receber as devidas críticas que lhe cabem. É claro que Enderson tem sua parcela de culpa pelo desempenho da equipe, a começar pela imensa dificuldade em mudar o rumo de uma partida com as substituições, falha grave que o acompanha desde o ano passado. É raro ouvir alguém dizer: “Enderson mudou a cara do jogo”. O tricolor também tem uma dificuldade terrível em furar boas retrancas, como a do Liverpool-URU ou a do Vitória, além de seguir com a pontaria descalibrada, outro defeito que vem de 2018 – convém tirar Gilberto dessa lista, que tem média de um gol por jogo.
Os equívocos, no entanto, podem ser corrigidos, como Enderson fez após perder o título da Copa do Nordeste para o Sampaio Corrêa, dando início a um trabalho sólido, com boas campanhas no Brasileirão e na Sul-Americana. O Bahia tem a oportunidade de fazer um 2019 marcante, melhor até do que foi 2018, mas para isso precisa confiar no trabalho do seu treinador e dar tempo ao tempo, o que, sabemos, é raro no futebol brasileiro. Mas, quando feito, costuma dar resultado.
Rafael Santana é repórter do globoesporte.com