Tentativa de roubo de caixas eletrônicos contou com bandidos fortemente armados e ameaças

Cerca de 15 homens de fuzis e metralhadoras participaram da ação, mas não conseguiram levar os cofres dos caixas eletrônicos; Proprietário da farmácia foi ameaçado. Ele lamentou os prejuízos

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  • Bruno Wendel

Publicado em 26 de março de 2021 às 19:40

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/CORREIO

Os criminosos que explodiram três dos cinco caixas eletrônicos instalados na Drogaria Belmar na madrugada desta sexta-feira (26), no bairro de Boa Vista de São Caetano, usavam armamento pesado e estavam encapuzados. De acordo com o próprietário da drogaria, Roberto Leite, quando o alarme disparou no térreo do prédio de quatro andares, ele foi até a janela para ver o que acontecia. Nesse momento, ele viu os homens encapuzados, alguns ostentando fuzis. “Sai dessa janela, desgraça!”, ordenou um dos bandidos mirando para a cabeça do comerciante, que se recolheu. Instantes depois ocorreu a explosão. Toda a ação durou aproximadamente 20 minutos. Os cerca de 15 homens de fuzis e metralhadoras não conseguiram o principal objetivo: levar os cofres dos caixas eletrônicos, abastecidos na quinta-feira (25). Porém, deixaram um rastro de destruição. O prejuízo estimado pelo dono da Drogaria Belmar é R$ 100 mil. “Esse montante é só da farmácia. Os caixas eletrônicos são com a empresa que instalou. Mas graças a Deus não ocorreu o pior. É duro. Eu os vi e nada poderia fazer. É uma sensação de impunidade que corrói a gente por dentro”, declarou ao CORREIO, o dono do estabelecimento Roberto Leite, 70 anos.  Os criminosos fugiram do local em três carros – dois já usados por eles e o terceiro tomado de assalto de um motorista que chega no momento chegava em casa.  A Polícia Militar foi acionada, mas nada adiantou. Para retardar a perseguição, os bandidos usaram espécie de miguelitos, pregos retorcidos, que furaram os pneus das primeiras guarnições que chegaram ao local pela via principal do bairro.  De acordo com o Sindicato dos Bancários, do dia 01 de janeiro deste ano até esta sexta, foram registrados cinco ataques envolvendo o setor financeiro na Bahia. Essas ocorrências são explosões e arrombamentos de caixa eletrônicos e agências bancárias. A ação desta sexta é a primeira de Salvador – as demais acontecerem nas cidades Lagoa Real, Muniz Ferreira e Tanque Novo (2). Já em todo o ano passado, foram 16 ocorrências, das quais 13 em Salvador e Região Metropolitana (Lauro de Freitas e Simões Filho). Em nota, a PM informou que uma equipe da 9ª CIPM foi até o local e isolou a área. O caso será investigado pela Polícia Civil. Explosão A explosão aconteceu na Rua Benedito Jaqueira. A Drogaria Belmar existe há mais 30 anos e faz parte da Rede de Farmácias Multmais.Há 15 anos os caixas eletrônicos na farmácia vinham atendendo às necessidades dos moradores da região de Boa Vista, São Caetano e Fazenda Grande. A ação planejada impressionou o proprietário, já que carros fecharam a rua de acesso ao estabelecimento alvo e todos estavam fortemente armados. “Isso nunca aconteceu por aqui. Sequer houve um assalto. Estou pasmo até agora”, disse Roberto Leite.    O dono da farmárcia teve um prejuízo de R$ 100 mil (Foto Arisson Marinho / CORREIO) A Drogaria Belmar está no andar térreo de um prédio de quatro andares – o primeiro é ocupado por um escritório de advocacia e os outros três pavimentos são residências da família de Roberto. Era por volta das 4h, quando dos bandidos chegaram em dois carros no largo. Eles usaram um dos veículos para arrombar a porta de correr da farmácia. “Depois que jogaram o fundo do carro, usaram pés-de-cabra para escancarar a porta e entraram. Foi o momento que alarme tocava e acordei. Foi para janela e me deparei com toda a situação, a qual nada podia fazer”, contou Roberto.  Ele disse que logo após retornar para dentro der casa, escutou três estrondos. “Colocaram explosivos para cada caixa. Tinham umas 10 pessoas no prédio, todo mundo da mesma família. Mulher, filhos, netos, todo mundo com medo do prédio desabar por conta das explosões”, disse o comerciante. Com as detonações, a entrada da farmácia foi toda destruía. Além dos terminais eletrônicos, no local havia dois balcões, uma geladeira, onde eram armazenados refrigerantes, água e outras bebidas e divisórias. Parte da lateral de uma parede também foi danificada com a explosão.   O barulho da explosão foi sentido na Rua 22 de Maio, a cerca de 200 metros do local. “Acordei com apavorado. Pensei que minha casa estava desabando”, contou um morador do bairro. Quem estava nos bairros próximos, também sentiu o estrondo. “Todo mundo lá na rua ficou assuntado. Foram três explosões seguidas, com diferença de três a cinco minutos de uma para a outra”, disse um motoboy que mora na Capelinha, a 500 metros da farmácia.  Fuga Mesmo com três detonações, os bandidos não conseguiram ter acesso aos cofres dos caixas eletrônicos, que possuem um dispositivo de segurança que incinera ou mancha de vermelhos as notas em caso de violação os cofres. “Estão intactos”, disse um funcionário da empresa responsável pela a instalação dos terminais.    Na fuga, parte da quadrilha saiu nos dois carros que chegaram. Já um outro grupo menor, deixou o local num Corsa prata de um morador que tinha acabado de estacionar a alguns metros da farmácia – na hora, ele não tinha percebido os bandidos e acabou rendido.  O carro foi abandonado ainda em Boa Vista de São Cateano. De acordo com moradores, os bandidos fugiram em direção ao bairro do Lobato. Duas viaturas da Polícia Militar chegaram ao local das explosões quase 40 minutos depois. Ainda assim, de nada adiantou. A quadrilha espalhou os miguelitos na pista quando deixa o local e as viaturas tiveram seus pneus furados.   Miguelitos jogados pelos bandidos furaram pneus de viaturas da PM (Foto: Arrisson Marinho/CORREIO) Por volta das 10h, o dono da farmácia contava com a ajuda de moradores para limpar o estrago deixado pelos criminosos. “ A gente não pode deixar de fazer as coisas por causa de bandidos. A farmácia vai voltar a funcionar e os caixas eletrônicos também”, disse ele, olhando para uma mochila usada pelos bandidos para carregar os explosivos.