Terreiro de candomblé doa alimentos a 80 famílias de Camaçari

Festa para o Nkisse Nzila foi compartilhada com famílias da região

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  • Da Redação

Publicado em 21 de novembro de 2021 às 16:26

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fotos: Divulgação

A crise social e econômica agravada pela pandemia fez com que o Terreiro de Lembá, em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), celebrasse o dia 20 de novembro, quando anualmente ocorre uma festa para o Nkisse Nzila (Exú), de forma diferente. A comida, incluindo o boi oferecido à divindade, foi dividida com 80 famílias da região. 

Segundo o sacerdote do terreiro, Táta Ricardo Tavares, a mudança veio por ordem sagrado. "O dono da festa me disse, através do oráculo dos búzios, que esse ano festejaria em diversas casas. De início, confesso que não compreendi a mensagem e, em outro dia, tornei a consultar os búzios para me orientar como proceder com as funções do terreiro. Mais uma vez, Nzila respondeu que festejaríamos em diversas mesas. Foi então que compreendi que a determinação de Nzila era que partilhássemos o seu presente, ou seja, o boi, com a comunidade. E assim fizemos", explica Tatá Ricardo.   O Terreiro de Lembá, da nação Angola, é tombado como patrimônio material e imaterial de Camaçari. "Os terreiros  de candomblé sempre estiveram preocupados em dividir, partilhar, doar, acolher e, principalmente, servir comida. Isso é a base litúrgica de nossa religião", diz.

"Compreendendo o momento ainda pandêmico, a fome que tem matado, o aumento da vulnerabilidade social e a própria crise econômica causada pela pandemia, a festa de Nzila foi partilhar o boi com nossa comunidade, sem distinção de religião ou credo. Nzila fez festa e colocou carne na mesa de 80 famílias de diversas religiões, mas que encontraram em um terreiro de candomblé a empatia e a garantia de dormirem com a barriga cheia", acrescenta.

As funções religiosas do terreiro, contudo, seguem de portas fechadas ao público, só com acesso dos filhos e filhas de santo da casa.