'Tomei a vacina no dia que meu cunhado foi internado com covid-19', diz enfermeiro baiano

O enfermeiro do Samu André Menezes, 37 anos, foi um dos primeiros baianos vacinados

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  • Daniel Aloísio

Publicado em 19 de janeiro de 2021 às 08:55

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

A terça-feira (19) dos familiares de André Menezes, 37 anos, está um misto de alegria e preocupação. Alegria, pois o enfermeiro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) é o primeiro da família a ser vacinado contra a covid-19. Preocupação, pois foi nessa madrugada que o cunhado de André teve que ser internado com 50% do pulmão comprometido pela covid-19. 

"Ele mora em frente da minha casa. Estamos nas orações para que ele responda bem. Mas um sentimento de frustação, pois se ele já tivesse sido vacinado, não iria passar por isso", lamenta André, que tem certeza da mensagem que as pessoas devem aprender com o seu exemplo: "Continuem se cuidando, fiquem em casa. Com a chegada da vacina, estamos mais próximos de ficarmos livres da covid-19 e não é bom ser contaminado logo nessa reta final, ainda mais se esse caso evoluir para algo mais grave", diz. 

Sobre a parte alegre do dia, aquela em que André foi vacinado, o sorriso no rosto não era escondido pela máscara de proteção. "Todo o medo e preocupação que nos acompanhou durante esse ano será reduzido agora. A gente que está na linha de frente fica muito preocupado, pois estamos expostos e temos medo de levar o vírus para casa", aponta. 

PRIMEIRO DIA DE VACINAÇÃO EM SALVADOR: Primeiros baianos são vacinados contra covid-19 em Salvador Guia de vacinação: O que você precisa saber antes de tomar as doses contra a covid-19 FOTOS: veja como foi o início da vacinação contra covid-19 em Salvador André Menezes foi o segundo baiano a tomar a vacina da covid-19 na base central do Samu, em uma cerimônia que teve a presença do prefeito Bruno Reis, a vice Ana Paula e o secretário de Saúde Léo Prates. André chegou no espaço às 8h, após finalizar um plantão de 24h com atendimentos em bairros populares da cidade, como Pau Miúdo, Liberdade e Santa Mônica. "A gente está dando assistência direta a quem tem covid-19 e quem não tem, a quem está se cuidando e quem não está. Nas ruas, cada vez mais a gente vê pessoas sem se proteger e expondo mais gente. Isso é o mais preocupante", conclui.

A primeira vacinada na base do Samu foi a técnica da enfermagem baiana Odilia Damasceno, 57 anos, que há 13 é concursada da instituição. O horário para o início da vacinação era 8h30, mas Odilia estava tão ansiosa que chegou 1h antes, quando o auditório ainda estava trancado. 

"É uma mistura de pânico e nervosismo que essa doença nos causa. Se eu pudesse, iria levar as doses para meus filhos também. Eu tive duas colegas bem próximas que faleceram de covid-19 num intervalo de três dias. Tudo isso é muito triste e agora temos essa esperança", disse.

*sob supervisão da subchefe de reportagem Monique Lobo