Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Conquista de um dos prêmios literários mais importantes da língua portuguesa renderá a autor R$ 120 mil
Da Redação
Publicado em 18 de dezembro de 2020 às 20:46
- Atualizado há um ano
O livro Torto Arado continua trilhando seu caminho para se tornar um dos grandes clássicos da literatura em língua portuguesa. Depois de levar o Jabuti, mais tradicional prêmio da literatura brasileira, a obra do baiano Itamar Vieira Junior, publicada pela editora LeYa, em Portugal, e pela Todavia, no Brasil, foi a vencedora do Oceanos.
Em cerimônia transmitida ao vivo, pelo canal no YouTube do Oceanos, a professora, crítica literária e jurada portuguesa Joana Matos Frias destacou que Torto Arado “é um romance raro e arrebatador”.
“Por ser ao mesmo tempo absolutamente local e absolutamente universal – ancoradas num espaço geográfico e sócio-cultural muito específico, na Chapada Diamantina do estado da Bahia, as personagens parecem mover-se sempre num lugar-não-lugar, habitando assim uma geografia original cujos prodígios aprendemos a admirar com o melhor de James Joyce e de William Faulkner, de Graciliano Ramos, de Guimarães Rosa ou de Gabriel García Márquez, e certamente com o Raduan Nassar que Itamar Vieira Junior escolheu para a abertura da sua narração”, destaca a jurada.
“Fruto de uma escrita tão límpida que parece ocultar a sua enorme complexidade, Torto arado cumpre acima de tudo um propósito que a muito poucos é dado cumprir: é um livro para ser lido por todos os leitores”, complementou.
Em vídeo enviado ao Oceanos, Itamar declarou que sua obra-prima “é uma história de amor à terra que me foi narrada muitas vezes, por conta de meu trabalho como servidor (público), com camponeses, trabalhadores rurais, quilombolas, indígenas, assentados, acampados, ribeirinhos e comunidades tradicionais como um todo, ao longo de 15 anos”.
“Cada comunidade elabora esse sentimento em relação à terra de forma diferente, mas que atravessa suas vidas de uma maneira comum. (...) Este livro é um retrato – o meu retrato – do Brasil deste tempo em que vivo, um Brasil que tem uma profunda conexão, ainda, com o seu passado mal resolvido”, completou o autor soteropolitano, que faturou R$ 120 mil.
O segundo lugar foi para o romance A Visão das Plantas, da portuguesa nascida em Angola Djaimilia Pereira de Almeida, editado em Portugal pela Relógio D’Água. A escritora também venceu a edição 2019 do prêmio com o romance Luanda, Lisboa, Paraíso.
O terceiro lugar ficou com Carta à Rainha Louca, da brasileira Maria Valéria Rezende, publicado no Brasil pela editora Alfaguara. O livro segundo colocado leva R$ 80 mil, e o terceiro, R$ 50 mil.
Participaram do encontro os quatro curadores – Adelaide Monteiro, de Cabo Verde; Isabel Lucas, de Portugal; Manuel da Costa Pinto e Selma Caetano, do Brasil – e, por vídeo, os escritores premiados.
O Oceanos é realizado em três etapas de votação até chegar aos vencedores. Ao todo, foram 6.064 leituras realizadas pelos três júris que se sucederam na seleção de semifinalistas, finalistas e vencedores.
Assista à cerimônia completa.