Trabalhador do interior ganha metade do que recebe o de Salvador e RMS

Números estão ligados ao alto percentual de informalidade na Bahia

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  • Da Redação

Publicado em 24 de julho de 2019 às 12:42

- Atualizado há um ano

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Quase todos os indicadores sobre o mercado de trabalho baiano tiveram resultados desfavoráveis. No primeiro trimestre de 2019, a maioria dos indicadores era pior do que a média no interior do estado e ficavam bem inferiores aos verificados em Salvador e na região metropolitana da capital. 

Os dados fazem parte da análise dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do 1º trimestre de 2019, divulgada nesta quarta-feira (24). Uma das maiores disparidades diz respeito ao percentual de trabalhadores informais, refletindo também numa importante diferença de rendimento médio, em prejuízo dos que trabalham no interior. Essa situação ocorre também na maioria dos estados, com diferenças mais marcantes no Norte e Nordeste do país.

Enquanto na Bahia como um todo, metade dos 5,7 milhões de trabalhadores eram informais no 1º trimestre (50,5% da população ocupada eram empregados ou trabalhadores domésticos sem carteira assinada, ou trabalhavam por conta própria ou como empregadores, mas sem CNPJ nem contribuição para a Previdência oficial), no interior a participação chegou a quase seis em cada dez (57,4%). Esse percentual de informais fica bem próximo ao do Maranhão como um todo (57,5%), que é o segundo mais alto entre os estados.

Na cidade de Salvador, por outro lado, a informalidade era de 35,4% dos trabalhadores. Na RMS, o índice foi de 36,5%. Segundo IBGE, a alta informalidade é um dos fatores que impactam no fato de que os trabalhadores do interior baiano ganhavam, no 1º trimestre, o equivalente a 75,8% do rendimento médio da Bahia, que era de R$ 1.527, o terceiro menor do país. No interior, um trabalhador ganhava, em média o equivalente a 75,8% disso, ou seja R$ 1.157. 

Esse salário era menos da metade (46,8%) do ganho médio de um trabalhador de Salvador (R$ R$ 2.471) e ficava bem próximo à metade (50,9%) do rendimento médio quando se consideravam, além da capital, os demais municípios da Região Metropolitana (R$ 2.271). 

População Aproximadamente sete em cada dez pessoas em idade de trabalhar estão no interior da Bahia – ou seja, 72,4% das pessoas de 14 anos ou mais de idade (8,7 milhões, em números absolutos). Somente Salvador representa duas em cada 10 pessoas nesse grupo de idade (20,3% ou 2,4 milhões). 

Na soma entre a capital e os demais municípios da região metropolitana, chega-se a quase 3 em cada 10 (27,6% da população em idade de trabalhar, ou 3,3 milhões de pessoas de 14 anos ou mais de idade).

O problema é que, em comparação com essa distribuição demográfica, o interior tem menos representatividade tanto entre quem está efetivamente trabalhando (responde por 67,3% da população ocupada na Bahia) quanto entre os que procuram trabalho (com 66,4% da população desocupada). 

O interior do estado tem maior participação na população fora da força de trabalho, ou seja, que não trabalha nem está procurando. Nesse caso, quase 8 em cada 10 pessoas nessa situação (79,8%) moram nas cidades do interior. Por isso, o interior tem também uma taxa de desocupação (18,1%) ligeiramente menor que a média da Bahia (18,3%) e da RMS (18,7%).