Traficante ameaça rival ao vivo em Salvador: 'Quem traiu vai pagar'

Ex-líder do tráfico no Alto de Ondina, Arturzinho disse ter sido enganado por ex-aliado

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  • Bruno Wendel

Publicado em 4 de dezembro de 2017 às 16:32

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação/Polícia Civil

Em transmissão ao vivo de uma emissora de TV, e sem temer a presença de duas delegadas e dois policiais civis, Arturzinho mandou seu recado. “Quem traiu vai pagar. Quem bate, esquece. Quem apanha, não, Zói”, disse o ex-chefe do tráfico do Alto de Ondina, apresentado à imprensa na manhã desta segunda-feira (4), no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na Pituba.

Artur Arlindo Barbosa Pacheco, 25 anos, o Oito de Paus do Baralho do Crime, que faz parte da facção Comando da Paz (CP), fez ameaças ao então rival e ex-parceiro Zói, que assumiu seu posto ao se articular com o Bonde do Maluco (BDM). Junto com Arturzinho, foi preso Mateus da Silva Oliveira, 23, que também jurou vingança.“Zói, vai ser daquele jeito. Nos aguarde”, declarou Mateus.Os dois foram presos em cumprimento a mandado de prisão temporária de 30 dias pelo assassinato de Rafael Santos Silva e pela tentativa de homicídio contra Alan Santos Santana, ocorridos em outubro deste ano, além de serem responsáveis por espalhar boatos de toque de recolher para comerciantes do Alto de Ondina. 

“Isso é golpe de estado. Não fomos nós. Foi Zói, junto com Charuto e outros lá. Primeiro eles mataram os comparsas e depois começaram a espalhar boatos de que a gente estava fazendo toque de recolher e que até iríamos matar os policiais. Tudo isso para nos derrubar, mas não vão conseguir”, diz Artuzinho. “Há uns dois anos a gente comanda lá, não vamos mentir. Mas hoje, não. Não temos nada a ver com isso”, emenda Mateus. Arturzinho e Mateus são apresentados à imprensa no DHPP (Foto: Divulgação/Polícia Civil) No entanto, as investigações do DHPP apontam o contrário. Arturzinho, Mateus e outro comparsa, Ícaro Caldas Fonseca, 20, o Fantasmão, executaram Rafael e feriram Alan durante uma tentativa de retomada do Alto de Ondina.

“Eles chegaram em grupo fortemente armado para eliminar as pessoas que eles julgavam traidoras por terem se aliado à facção rival. Para o ataque, eles contaram com ajuda de traficantes do Nordeste de Amaralina”, conta a delegada Simone Moutinho, da 1ª Delegacia de Homicídios. O complexo do Nordeste de Amaralina é dominado pela facção CP.

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Segundo a delegada, a investigação contou com o depoimento de moradores da região e de Alan. “O sobrevivente do ataque à facção que atualmente controla o Alto de Ondina, Alan, disse que quem atirou nele e em Rafael foram Arturzinho, Mateus e Ícaro”, afirma Simone Moutinho.

Ainda segundo a delegada, Ícaro morreu em outubro, durante um confronto com policiais militares no Nordeste de Amaralina. Ele, Arturzinho e Mateus passaram a morar no local logo após deixarem o Complexo Penitenciário da Mata Escura, onde cumpriam pena por tráfico de drogas.