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Aninha Franco
Publicado em 26 de setembro de 2020 às 16:00
- Atualizado há um ano
É óbvio que nascemos por algum motivo neste mundão véi sem fronteira. E ouço vocês perguntarem: Hitler, por que? Stálin, por que? Exemplos do que a espécie não deve fazer para ser humana, esta definição requintada na teoria e rara na prática. Saí do geral para o particular, ontem, quando conheci o escritório onde trabalharia, se ainda advogasse, o Pedreira Franco e Associados, e me perguntei a que vim à Terra, o que todos deveríamos investigar, sobretudo aqueles com poder para alterar os rumos da Humanização.
Talvez tenha vindo para ser escritora, o que, no Brasil, é quase uma fatalidade. Mas escrevi meu primeiro texto, de protesto, aos sete anos, pedindo ao prefeito Virgildásio de Senna - Por favor, Sr. Prefeito, mande minha rua asfaltar, pois com minha bicicleta eu não posso mais brincar. Eu sei que o Sr. é bom e o meu pedido atendeu. As pedrinhas desta rua furam constante o pneu! Minha rua, a Padre Daniel Lisboa foi asfaltada, e as festas de São João que eram maravilhosas, todas com fogueiras nas portas, perderam suas fogueiras. Ganhei e perdi no primeiro texto, aos sete anos.
Como quase todo escritor brasileiro precisa de um trabalho rentável, advoguei doze anos, com momentos memoráveis, misturando a lei com técnicas cênicas, que todos os ofícios precisam do teatro, exceto, talvez, a Medicina, que na minha opinião é um sacerdócio, porque conviver com a dor alheia todos os dias, tentar diminui-la e perder para ela é sobre humano.
Enfim, começo a pensar na minha próxima encarnação, se houver, e o que farei nela, porque chegar, fazer e ir são os três verbos conjugáveis da vida. Escritora nem pensar. Nascer Pensador ou Artista no Brasil uma vez é suficiente. Que deve ser recompensada com o ofício da próxima encarnação. Depois que eu estive no Castelo de Banfi, em Montalcino, descobri que ser Sommelier é o ofício que eu mereço, se voltar. No Castelo de Banfi, em Montalcino, assisti ao nascimento dos vinhos Brunellos e pude bebê-los saídos das barricas, sem chegar às garrafas. Fui recompensada por dez anos de escritora brasileira.
Sendo Sommelier na próxima encarnação, não preciso criar textos defendendo a educação e o pensamento uma vez por semana. Não preciso dizer todos os dias, da hora de acordar à hora de dormir: - Acorda Bahia! Só preciso beber vinhos, aprovar vinhos e reprovar vinhos. É a recompensa que eu mereço.