Tudo é linguagem: veja dicas para se preparar para a prova de português

Questões serão aplicadas no primeiro dia do Enem, em 14 de janeiro

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  • Gabriel Amorim

Publicado em 21 de outubro de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Foi-se o tempo em que para se dar bem em português bastava ser craque nas regras de gramática. Agora, até um emoji ou um gif, tão usados pelos estudantes nas mensagens, pode virar texto e estar nas questões. Na hora de se preparar para a prova que será aplicada em 14 de janeiro, os professores dão as dicas para se dar bem naquilo que é foco do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem): interpretação e compreensão. 

Os professores defendem que a preparação precisa ser cuidadosa e que o aluno não pode dar como garantido o bom desempenho na prova de linguagens. “Em geral, o aluno, por utilizar a língua materna, acaba subestimando excessivamente a prova e entendendo que não precisa se preparar. Esse eu acho que é um dos grandes equívocos de quem se prepara para o Enem: acabar se empenhando muito mais nas outras matérias e esquecendo dos conteúdos de português. O aluno vai ser avaliado na sua habilidade de entendimento. Então não pode subestimar”, destaca Jamile Godinho, que ensina língua portuguesa no Curso e Colégio Gregor Mendel, Curso Análise e no Curso GPS.

A forma de avaliação da prova de linguagens é, segundo os mestres, outro ponto que merece atenção dos alunos. É que o exame principal do país, diferente de outras provas de seleção, não busca avaliar, por exemplo, aplicação das regras de gramática, mas questiona o aluno de outra maneira. “A prova do Enem não é de portugês, é de linguagens e tudo que for linguagem, do ponto de vista oral, escrito, visual, arte e esporte, pode estar inserido na prova. O que está na prova é a nossa vida cotidiana, e isso às vezes não é objeto de reflexão do aluno”, acredita a professora Paula Barbosa.

A professora chama atenção para a forma diferente de cobrar os assuntos, que acaba transformando a maneira de surgimento de certos temas comumente associados à disciplina, como a própria gramática. Todo esse contexto acaba também mudando o foco da dificuldade na hora da prova. “O primeiro passo para quem tem dificuldade é garantir uma leitura mais atenta, ler com maior atenção e investir na identificação dos elementos dentro do texto que levem o aluno a entender o sentido, porque é algo que o Enem vai cobrar muito. Os elementos do texto não aparecem para que ele diga se é um pronome, um substantivo, mas qual o sentido que ele tem no texto, não deixa de ser gramática, mas em outra perspectiva”, pontua. 

Foi justamente na hora de interpretar que o estudante Gabriel Martins, 18 anos, encontrou a sua maior dificuldade. Hoje estudante de medicina no início do curso, o jovem precisou recorrer a um curso preparatório específico de português para se sentir mais seguro e confiante. “Lembro de uma questão que usava uma música e dava uma determinada interpretação, depois foram entrevistar o artista para que ele confirmasse aquela resposta e ele negou. Disse que não era aquele sentido que ele tinha em mente. Coisas assim me deixavam confuso porque os textos têm muitas possibilidades. Tive que ter um carinho especial para essa matéria pois iria precisar dela tanto para parte de linguagens da prova do Enem quanto para redação”, diz o jovem. Alex Acris tem no português o maior desafio para o Enem (Foto: Acervo Pessoal)  Ainda no terceiro ano, Alex Acris, 18 anos, conta que encontra em português a sua maior dificuldade na hora da preparação para o Enem. “Sempre foi uma relação muito complicada. Antes do ensino médio era ainda pior. Hoje, com muito treino, tenho conseguido me manter na média. Mas é uma matéria  difícil, além de muitas regras para lembrar, é uma prova que exige um entendimento bem amplo na hora”. 

Tudo é texto  Para os professores, a dificuldade dos alunos passa, também, pela falta de costume durante a trajetória escolar em desenvolver a habilidade de leitura e compreensão não só das linhas e palavras, mas de uma infinidade de outros textos que podem aparecer nas questões. A boa notícia é que é possível se preparar para isso. “O Enem trabalha com a análise do discurso, o entendimento do texto como um todo. Às vezes o aluno pensa que, por ser cheia de questões de interpretação, não tem o que estudar, mas tem. É possível prever comandos verbais clássicos, se preparar para lidar com eles, e assim conseguir responder melhor às questões”, explica Jamile.  

“A prova envolve muitas formas de texto. Tem música, pintura, arte. O aluno precisa estar atento a isso. É uma prova que vai além, traz quadrinhos, charges, até o esporte tem um espaço reservado na prova de linguagens. Quando o aluno fala que a prova é mais fácil porque ele fala português, ele precisa ter cuidado porque o português que ele fala é o da variação linguística, mas o  Enem explora também a esfera poética”, completa o professor Luis Alberto Ferreira, que ensina nos colégios Análise, Isba e  Lince, além de cursos preparatórios.

Uma boa preparação para portugês pode, inclusive, elevar o desempenho do aluno em todo o exame. É que estar craque na interpretação de texto ajuda a resolver questões de todas as matérias e ainda melhora a tão temida redação. “A análise textual é o recheio da prova de linguagens, mas vai colaborar para todas as outras provas. Ajuda a entender um problema de matemática, ajuda a entender relações textuais nas provas de humanas”, diz Luis. 

Na hora de dominar a interpretação de texto, preparação ampla é lembrada até por quem já passou pela prova. “Lembro que recomendavam a gente ler alguns textos dos principais autores que já caíram nas provas e entender o momento histórico de cada um e isso ajudaria na interpretação do texto, estar atento aos noticiários e jornais também, estudar as principais figuras de linguagem”, recorda-se Gabriel.  

Preparação e diversão  Uma preparação que envolve tantas variáveis pode parecer complexa, mas os professores comentam que tudo pode acabar sendo fonte de informação para se dar bem na prova de linguagens. Os usos dos meios digitais, por exemplo, tão comum entre os jovens sempre está presente na prova de alguma maneira. “A virtualidade está em todas as provas. O aluno usa o tempo todo, mas será que ele entende a teoria, o aluno precisa pensar teoricamente na representação, no tipo de comunicação que ele usa quando usa um tik tok por exemplo, porque essa visão é cobrada em prova. Essas novas formas de comunicação, variações linguísticas, estão lá”, diz Paula Barbosa. 

Para além do desenvolvimento desse pensamento crítico o aluno pode absorver conhecimento a partir de tudo que consome: séries, quadrinhos, charges, música. “O Enem é um mosaico daquilo que está ao redor do aluno. É uma prova que vai abordar as questões de diversas formas. Até trechos do roteiro de uma série podem estar na prova. O aluno precisa se tornar uma esponja do seu momento histórico. Mesmo que a questão não aprofunde muito nas obras em sí, se o aluno está mais atento, tem um conhecimento mais amplo, isso pode ser a diferença no resultado final”, ensina Luís.

O professor completa chamando atenção para uma peculiaridade da prova do Enem que torna ainda mais importante que o próprio aluno busque desenvolver esse repertório. “Um dos pecados do Enem é não separar livros que ‘forcem’ o aluno a ter um contato maior com a literatura. Hoje estamos vivendo numa sociedade em que muito facilmente nos distraímos com tantas telas, que acabam deixando a nossa compreensão de mundo mais rasa, sem tanto aprofundamento, sem conseguir elaborar conexões mais profundas entre os assuntos, então é importante o aluno buscar esse contato”, acredita.

A UniFTC oferece gratuitamente, toda sexta-feira, aulas de revisão para o ENEM com professores renomados. Essa é mais uma oportunidade para você estudar através de conteúdos gratuitos e de qualidade.  Faça sua inscrição para a Revisão ENEM UniFTC em: materiais.ftc.edu.br/revisa-enem.

O que mais cai

Veja os cinco assuntos mais cobrados em cada uma das disciplinas da prova:

Leitura e interpretação de textos 280 itens (31,5%) Estrutura textual e análise de discurso 169 itens (19,0%)  Leitura e artes 108 itens (12,1%)  Gênero textual 73 itens (8,2%)  Literatura 71 itens (8,0%)  Variação linguística 69 itens (7,8%)  Funções da linguagem 29 itens (3,3%)  Relações intertextuais 25 itens (2,8%)  Gramática 23 itens (2,6%)  Semântica 18 itens (2,0%)

Levantamento feito pelo SAS, Plataforma Educacional levando em conta provas entre 2009 e 2019,

CORREIO traz fascículos para revisão

O CORREIO publica até o dia 13 de janeiro, 17 fascículos especiais do 14º projeto Revisão Enem 2020. Na semana passada o tema foi Ciências Naturais e suas tecnologias. Nesta semana o caderno traz questões de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. O Revisão Enem 2020 é uma realização do Correio, com o patrocínio da UniFTC e o apoio do SAS.

Com simulados online, que são disponibilizados no site do jornal (correio24horas.com.br), os conteúdos contam com uma série de questões objetivas, realizadas pelo SAS Educação, para os estudantes testarem os seus conhecimentos nas disciplinas cobradas no Enem. “É um projeto pensado para facilitar a vida do estudante nessa reta final, os conteúdos são desenvolvidos para abranger todas as 120 habilidades cobradas no Enem e os assuntos mais recorrentes nas provas, para que o aluno descubra, uma forma dele se aproximar mais da realidade do exame,  além de disponibilizar as vídeoaulas com as resoluções para que o aluno também aprenda o conteúdo que ainda não sabe”, diz o professor Ademar Celedônio, diretor de Ensino e Inovações Educacionais no SAS Plataforma de Educação

Além disso, sempre às quartas-feiras, o site Correio24horas conta com videoaulas, que podem ser acessadas na íntegra no canal www.correio24horas.com.br/revisao. Reunimos em um só lugar materiais inéditos de estudo que serão atualizados semanalmente e ficarão disponíveis para serem consultados sem sair de casa, a qualquer momento, de qualquer lugar, computador ou celular. Toda quarta-feira o estudante poderá ler conteúdos especiais, assistir videoaulas e realizar simulados para testar os seus conhecimentos nas mais diversas áreas”, diz Vanessa Araújo, coordenadora de projetos do CORREIO. 

 

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro